17.04.2013 Views

o caso mateus ribeiro - Repositório Aberto da Universidade do Porto

o caso mateus ribeiro - Repositório Aberto da Universidade do Porto

o caso mateus ribeiro - Repositório Aberto da Universidade do Porto

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

608 Padre Mateus Ribeiro<br />

sua República que assim como para as ci<strong>da</strong>des não há cousa de maior<br />

detrimento que a guerra, assim não há cousa mais proveitosa que a paz.<br />

É o nome, como escreve Cícero 547 , a cousa mais suave, o título mais<br />

festivo e a iguaria mais sabrosa. Assim disse Tito Lívio 548 que era de maior<br />

estimação qualquer paz possuí<strong>da</strong> que a mais gloriosa vitória espera<strong>da</strong>. O<br />

insigne capitão Sertório nunca pedia paz ao sena<strong>do</strong> de Roma, senão quan<strong>do</strong><br />

se via vence<strong>do</strong>r. Venceu o grande Pompeu a Mitri<strong>da</strong>tes, rei de Ponto, depois<br />

de tão cruentas e repeti<strong>da</strong>s guerras; e quan<strong>do</strong> imaginava depor as armas, lhe<br />

chegou novo decreto <strong>do</strong> sena<strong>do</strong>, para que de novo movesse a guerra na<br />

conquista <strong>da</strong>s Províncias <strong>do</strong> Oriente. Ao que ele, impaciente, exclamou,<br />

dizen<strong>do</strong>:<br />

- Oh quanto melhor me fora haver nasci<strong>do</strong> montanhês rústico <strong>do</strong> campo,<br />

em que gozara a deliciosa vi<strong>da</strong> <strong>da</strong> paz, <strong>do</strong> que haver em Roma nasci<strong>do</strong> lustre,<br />

para não depor as armas, viven<strong>do</strong> sempre no bulício inquieto e no conflito<br />

estron<strong>do</strong>so <strong>da</strong> guerra.<br />

To<strong>da</strong>s as guerras, quan<strong>do</strong> são justas, tem por fim a paz, como ensina<br />

Santo Agostinho 549 e o escreve Vegécio 550 ; as vi<strong>da</strong>s mortais não podem ser<br />

eternas: se houvessem de perseverar sempre as discórdias e guerras, além <strong>do</strong><br />

que podem durar as vi<strong>da</strong>s, nem as guerras teriam quem as seguisse, nem a<br />

paz quem a lograsse. Além <strong>do</strong> que, se os pais deixassem a seus filhos a<br />

intolerável pensão de que juntamente com a sucessão <strong>da</strong>s casas e morga<strong>do</strong>s<br />

houvessem de continuar o agro <strong>da</strong>s discórdias, o nocivo <strong>da</strong>s vinganças e<br />

hostili<strong>da</strong>des <strong>do</strong>s ódios parciais, e quan<strong>do</strong> abriam os olhos <strong>da</strong> razão se vissem<br />

oprimi<strong>do</strong>s de sucederem nas discórdias veteranas que eles não ocasionaram,<br />

seria tributo tão sofrível que mil vezes desejariam antes não sucederem nos<br />

bens e títulos paternos <strong>do</strong> que possui-los com um gravame tão odioso e<br />

arrisca<strong>do</strong>.<br />

Plat., De Republ.<br />

Cie, Phil. 5.<br />

Tit. Liv., Lib. 1. dec. 3.<br />

Aug., De bono.<br />

Vegec, Lib. 2.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!