17.04.2013 Views

o caso mateus ribeiro - Repositório Aberto da Universidade do Porto

o caso mateus ribeiro - Repositório Aberto da Universidade do Porto

o caso mateus ribeiro - Repositório Aberto da Universidade do Porto

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

78 A novela portuguesa no século XVII:<br />

VI. Conclusão<br />

Ignora<strong>do</strong> pela História <strong>da</strong> Literatura, não obstante a sua ficção romanesca<br />

ter si<strong>do</strong> amplamente consumi<strong>da</strong> pelos leitores seiscentistas e setecentistas,<br />

conforme atestam as suas numerosas reedições e as referências à sua leitura<br />

por autores como Inocêncio Francisco <strong>da</strong> Silva ou, mais tarde, Alexandre<br />

Herculano, Mateus Ribeiro, com to<strong>do</strong>s os artificialismos e convencionalismos<br />

retóricos que lhe possam ser atribuíveis (e o facto de escrever novelas de<br />

entretenimento centra<strong>da</strong>s no amor em muito contribuiu para as mais varia<strong>da</strong>s<br />

censuras - recorde-se a parciali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> apreciação de Barbosa Macha<strong>do</strong>), é<br />

antes de mais um digno representante <strong>da</strong> prosa barroca portuguesa, tanto na<br />

temática como nos exuberantes recursos estilísticos.<br />

Assinala<strong>do</strong> sobretu<strong>do</strong> pela escrita de ficção narrativa em prosa, o pároco<br />

<strong>da</strong> Azoeira, sobre o qual desconhecemos parte significativa <strong>da</strong> sua bibliografia,<br />

publicou o Alívio de tristes e consolação de queixosos em 1648, <strong>da</strong>ta <strong>da</strong> edição<br />

<strong>da</strong> primeira parte <strong>da</strong> novela que lhe proporcionou maior sucesso (e não em<br />

1672, conforme anuncia Barbosa Macha<strong>do</strong> e repete Inocêncio).<br />

No que concerne à filiação desta obra num subgenera novelesco, ain<strong>da</strong><br />

que os escassos estu<strong>do</strong>s que consideram esta novela (ou conjunto de novelas<br />

encaixa<strong>da</strong>s na narração que se inicia com o encontro <strong>do</strong> Ermitão Felisberto e<br />

<strong>do</strong> Peregrino Dionísio) a classifiquem como alegórica, a alegoria, enquanto<br />

processo central <strong>da</strong> organização diegética, comparece nesta obra apenas sob<br />

a forma de episódios isola<strong>do</strong>s. As romarias empreendi<strong>da</strong>s pelos <strong>do</strong>is<br />

protagonistas ao templo de S. Miguel e, posteriormente, ao templo <strong>da</strong> Nossa<br />

Senhora <strong>do</strong> Loreto, motiva<strong>da</strong>s pela curiosi<strong>da</strong>de no primeiro <strong>caso</strong> e pela<br />

devoção no segun<strong>do</strong>, não se anunciam como uma purificação espiritual destas<br />

personagens, já desengana<strong>da</strong>s <strong>do</strong>s bens <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> e <strong>da</strong> inconstância <strong>da</strong><br />

fortuna antes <strong>da</strong> peregrinação.<br />

Posta de parte esta classificação, e admitin<strong>do</strong> uma clara contaminação<br />

com os livros de cavalaria, os romances sentimentais ou as novelas bizantinas,

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!