17.04.2013 Views

o caso mateus ribeiro - Repositório Aberto da Universidade do Porto

o caso mateus ribeiro - Repositório Aberto da Universidade do Porto

o caso mateus ribeiro - Repositório Aberto da Universidade do Porto

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

152 Padre Mateus Ribeiro<br />

Providência, a que nosso limita<strong>do</strong> entendimento não pode <strong>da</strong>r alcance. Esta<br />

opinião me parece muito provável; porquanto o conhecimento certo <strong>do</strong>s futuros<br />

livres e contingentes é argumento próprio de Divin<strong>da</strong>de, como se prova <strong>do</strong><br />

capítulo quarenta e um <strong>do</strong> profeta Isaías 206 , aonde se diz às criaturas que, se<br />

querem que as avaliem por Divin<strong>da</strong>des, anunciem e pronostiquem os futuros<br />

contingentes e livres; que assim expõem as palavras Santo Agostinho 207 , S.<br />

João Crisóstomo 208 , Origene^ 09 e ordinariamente os Expositore^ 0 . E assim<br />

mais me persua<strong>do</strong> que se os demónios alguns tais vaticínios disseram, e assim<br />

sucederam, foram revelações que os santos anjos lhe[s] comunicaram por<br />

ordem <strong>da</strong> Providência Divina, que por seus ocultos juízos assim o ordena e<br />

permite; os quais futuros os anjos na visão beatífica de Deus Senhor nosso<br />

estão ven<strong>do</strong> e alcançan<strong>do</strong>, como em espelho e livro eterno em que se<br />

encerram e conhecem.<br />

Assim que nem as estrelas sen<strong>do</strong> cria<strong>da</strong>s para servirem ao homem tem<br />

<strong>do</strong>mínio algum em suas acções, nem delas se podem saber futuras<br />

prosperi<strong>da</strong>des, ou bonanças suas, nem os horóscopos <strong>do</strong>s astros sentenceiam<br />

a alguém em seu nacimento a risco, mortes, perigos, felici<strong>da</strong>des, infortúnios,<br />

riquezas ou pobrezas, que os judiciários astrólogos fabulizam, como se fosse a<br />

figura que levantam ao naci<strong>do</strong> crónica de to<strong>da</strong>s as acções já passa<strong>da</strong>s de sua<br />

vi<strong>da</strong>.<br />

- Conce<strong>do</strong> (disse o Peregrino) que já as venturas ou adversi<strong>da</strong>des <strong>do</strong>s<br />

homens não nascem, nem procedem, <strong>do</strong>s aspectos e influências <strong>da</strong>s estrelas,<br />

por me deixarem satisfeito as razões e argumentos com que provais conclusão<br />

tão posta em termo de ver<strong>da</strong>de. Porém estimara me dissésseis a que podemos<br />

atribuir esta varie<strong>da</strong>de de esta<strong>do</strong>s, esta desigual<strong>da</strong>de de prémios, esta<br />

diversi<strong>da</strong>de de fortunas que no mun<strong>do</strong> vemos? Donde nacerá haver tantos<br />

<strong>do</strong>utos despreza<strong>do</strong>s, tantos nécios ricos, tantos descui<strong>da</strong><strong>do</strong>s venturosos? E<br />

pois <strong>da</strong>s estrelas não procede, que causa há para esta improporção tão grande<br />

^ Ub Isai., cap. 41.<br />

207 D. Aug., Lib. 5. De civil cap. 9.<br />

208 Chrisost., Horn. 18. sup. 1. c. Joan.<br />

209 Origen., Lib. 8.<br />

210 Periarch., c. 2.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!