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o caso mateus ribeiro - Repositório Aberto da Universidade do Porto

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332 Padre Mateus Ribeiro<br />

si<strong>do</strong> amigo de Juliano, e justamente a condessa Jacinta, assim por espanhola,<br />

como por servir ao gosto <strong>do</strong> grão-duque, rogou tanto a Lucin<strong>da</strong> que ela veio a<br />

dizer obedeceria ao que seu pai quisesse, pois conhecia era esse o gosto de<br />

sua alteza. Logo o conde lhe deu a nova, de que em extremo se mostrou<br />

alegre, porque via desempenha<strong>do</strong> seu desejo e gosto de quem havia de ser<br />

sua esposa. E nós ain<strong>da</strong> que com pouco, enfim ao de um tal príncipe não podia<br />

mais resistir-se.<br />

Man<strong>do</strong>u ele representar comédias para alegrar a Lucin<strong>da</strong> e músicas de<br />

escolhi<strong>da</strong>s vozes que em casa <strong>do</strong> conde se <strong>da</strong>vam; os pratos que enviava <strong>da</strong><br />

sua mesa eram sem número; e finalmente soube como príncipe tão generoso<br />

de tal sorte obrigar-nos, que lhe ficámos agradeci<strong>do</strong>s, em lugar de nos<br />

podermos mostrar agrava<strong>do</strong>s. Passa<strong>do</strong>s eram já alguns dias, e foi meu pai<br />

pedir licença ao grão-duque para nos partirmos, pelas sau<strong>da</strong>des que Lucin<strong>da</strong><br />

mostrava de ver a sua mãe, e ele, in<strong>do</strong> ela despedir-se, depois de agradecer-<br />

Ihe o consentimento que ao casamento de Juliano dera, ao beijar-lhe a mão,<br />

lhe deu uma rosa de diamantes de grande valor, dizen<strong>do</strong>-lhe seria para levar<br />

quan<strong>do</strong> se recebesse; e man<strong>do</strong>u ao conde Hipólito fosse a Nápoles em nossa<br />

companhia a <strong>da</strong>r ao vice-rei as cartas que sobre Juliano e sua liber<strong>da</strong>de<br />

escrevia e alcançar para mim perdão <strong>da</strong> fugi<strong>da</strong> <strong>do</strong> castelo, como juntamente a<br />

tratar com Dona Leonor sobre seu casamento ter efeito.<br />

Prepara<strong>do</strong> o adereço para a parti<strong>da</strong>, saímos to<strong>do</strong>s de Florença uma<br />

manhã, quan<strong>do</strong> a aurora vestia de encarna<strong>do</strong> os horizontes, para os lavrarem<br />

de ouro os resplan<strong>do</strong>res <strong>do</strong> sol. íamos acompanha<strong>do</strong>s de carroças e cria<strong>do</strong>s,<br />

divertin<strong>do</strong> o caminho com diversas práticas até nos avizinharmos ao castelo de<br />

Monte Re<strong>do</strong>n<strong>do</strong>; e como viviam em mim os desejos de ver a Laura, pedi a<br />

Lucin<strong>da</strong> a quisesse ver de caminho. O que ela fez por <strong>da</strong>r-me gosto. E porque<br />

o conde Hipólito ain<strong>da</strong> tinha razão de parentesco com seu pai defunto,<br />

tratámos de hospe<strong>da</strong>r-nos essa noite em sua casa, por não haver em to<strong>do</strong> o<br />

circuito lugar tão conveniente que de hospício nos servisse. Man<strong>do</strong>u-se-lhe<br />

diante reca<strong>do</strong>, e quan<strong>do</strong> chegámos estava tu<strong>do</strong> tão adereça<strong>do</strong> como se<br />

esperava de quem eram.<br />

Saíram-nos a receber Laura e sua mãe Vetúria e vi os hipérboles sem<br />

exagerações e os encarecimentos sem serem cabalmente encareci<strong>do</strong>s; porque<br />

era em Laura tão portentosa a beleza que podia queixar-se a vista <strong>do</strong>s agravos

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