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o caso mateus ribeiro - Repositório Aberto da Universidade do Porto

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Alívio de tristes e consolação de queixosos - Parte V 747<br />

Aristóteles , a mais durável vi<strong>da</strong> deste mun<strong>do</strong>, discretamente julgou ser<br />

excesso de tristeza padecer os extremos de triste nos efeitos e reconcentrar a<br />

causa no sofri<strong>do</strong>. E dizen<strong>do</strong> a Felisberto:<br />

- Bem conheço, senhor, que poderosa era a memória <strong>da</strong>s infelici<strong>da</strong>des<br />

<strong>do</strong> mun<strong>do</strong> para desenganar a quem o segue, se permitiram as lisonjas <strong>da</strong><br />

moci<strong>da</strong>de atender ao desengano quan<strong>do</strong> a experiência lhes falta. Por essa<br />

razão disse Aristóteles 635 que na moci<strong>da</strong>de não se podia <strong>da</strong>r cabal sabe<strong>do</strong>ria,<br />

por lhe faltar a experiência que com o discurso <strong>do</strong> tempo vem a alcançar-se.<br />

Discretamente comparou Cícero 636 a moci<strong>da</strong>de aos pães em erva e aos frutos<br />

em flor, porque está tão ofereci<strong>do</strong> às mu<strong>da</strong>nças <strong>do</strong> tempo e aos combates <strong>da</strong><br />

i<strong>da</strong>de que nunca com certeza se pode prometer se a erva chegará a ser trigo<br />

ou se chegará a ser fruto sazona<strong>do</strong> a lisonja aprazível <strong>da</strong> flor. Muita diferença<br />

vai de conhecer o útil a segui-lo, porque no conhecimento obra o juízo, porém<br />

no seguimento a vontade; e como esta tem tantos combates <strong>da</strong> i<strong>da</strong>de que<br />

repugna, <strong>da</strong> amizade que aconselha, <strong>do</strong> exemplo contrário que persuade, <strong>da</strong><br />

esperança que lisonjeia e finalmente <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> que inquieta para não discursar<br />

maduramente o juízo: sen<strong>do</strong> os contrários tantos, que segurança pode<br />

prometer-se quan<strong>do</strong> os inimigos por to<strong>da</strong>s as partes assaltam e a vontade tão<br />

debilmente resiste e tão suborna<strong>da</strong> combate? E suposto que meu sentimento<br />

não permitia por implacável na <strong>do</strong>r repetir a causa <strong>do</strong>nde tem a origem minha<br />

pena, não deixarei de noticiar o vivo de minha mágoa, para que me deis<br />

conselho com vossa prudência, a quem o reforma<strong>do</strong> <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> e a anciani<strong>da</strong>de<br />

<strong>do</strong>s anos tem habilita<strong>do</strong> para se estimarem em muito conselho tão discretos,<br />

em que, como diz Plínio 637 , basta a autori<strong>da</strong>de por conselho.<br />

Renderam-lhe as graças Felisberto e Dionísio <strong>do</strong> favor que lhes fazia em<br />

lhes querer <strong>da</strong>r notícia <strong>do</strong>s discursos de sua vi<strong>da</strong> e <strong>da</strong> pena que o afligia,<br />

desejan<strong>do</strong> poderem moderar o vivo de sua ânsia, e ele começou a narração de<br />

sua história assi:<br />

Arist., Eth. 7.<br />

Arist., Eth. 6.<br />

Cicer., Pro Caelio.<br />

Plínio Júnior, Lib. 1.

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