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o caso mateus ribeiro - Repositório Aberto da Universidade do Porto

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6 A novela portuguesa no século XVII:<br />

de Paris e a B. Nacional de Madrid e a sua presença em catálogos como o<br />

Inventário <strong>da</strong> Livraria de Santo António de Ponte de Lima u , facilmente se<br />

comprova a adesão <strong>do</strong>s leitores seiscentistas e setecentistas à obra de Mateus<br />

Ribeiro.<br />

Apesar de incorrer em sistemáticas críticas desfavoráveis, como<br />

anotámos anteriormente (note-se, a título de exemplo, a apreciação de<br />

Barbosa Macha<strong>do</strong>, que denuncia o seu investimento no divertimento em<br />

desfavor <strong>da</strong> utili<strong>da</strong>de didáctica), pretendemos contribuir para resgatar a novela<br />

Alívio de tristes <strong>do</strong> esquecimento, desejan<strong>do</strong> apontar algumas <strong>da</strong>s razões que<br />

explicam a sua fortuna junto <strong>do</strong>s leitores. Com efeito, além <strong>do</strong> sucesso editorial<br />

já anota<strong>do</strong>, outras razões, como veremos, justificam o nosso intento. Na<br />

ver<strong>da</strong>de, tratan<strong>do</strong>-se de uma obra que recebeu críticas tão duras (muitas delas<br />

desmereci<strong>da</strong>s, se a considerarmos devi<strong>da</strong>mente inseri<strong>da</strong> no contexto de<br />

produção novelística <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> barroco), deixou algumas marcas, ain<strong>da</strong> que<br />

maioritariamente anota<strong>da</strong>s pela negativa, na História <strong>da</strong> Literatura Portuguesa.<br />

Inocêncio, após efectuar uma crítica pouco abonatória ao seu estilo e<br />

composição, não deixa contu<strong>do</strong> de expressar a sua continua<strong>da</strong> leitura:<br />

"Confessarei, ain<strong>da</strong> assim, que apesar de to<strong>do</strong>s os seus defeitos este livro me<br />

deve tal qual predilecção, por ser um <strong>do</strong>s primeiros que me cahiu nas mãos<br />

aos oito, ou nove annos. Li-o e reli-o não sei quantas vezes, de sorte que<br />

cheguei a tomar de cór longuíssimos e estira<strong>do</strong>s trechos!" 15 . Já no século XIX,<br />

Alexandre Herculano, na "Advertência <strong>da</strong> Segun<strong>da</strong> Edição" <strong>da</strong>s Len<strong>da</strong>s e<br />

Narrativas, de 1858, afirma que "Quinze a vinte anos são decorri<strong>do</strong>s desde que<br />

se deu um passo, bem que débil, decisivo, para quebrar as tradições <strong>do</strong> Alívio<br />

de Tristes e <strong>do</strong> Feliz Independente, tiranos que reinaram sem émulos e sem<br />

conspiração na província <strong>do</strong> romance português." 16<br />

Apesar <strong>da</strong>s apreciações negativas de que foi alvo, comuns a grande parte<br />

<strong>da</strong> novelística barroca que apontava para o entretenimento, não restam<br />

14 Da Memória <strong>do</strong>s Livros às Bibliotecas <strong>da</strong> Memória. II. Inventário <strong>da</strong> Livraria de Santo António<br />

Ponte de Lima (dir. de José Adriano de Freitas Carvalho), <strong>Porto</strong>, CIUHE, 1998, p.<br />

15 Inocêncio Francisco <strong>da</strong> SILVA, Dicionário Bibliográphico Portuguez, ed. cit., p. 167.<br />

16 Alexandre HERCULANO, "Advertência <strong>da</strong> Segun<strong>da</strong> Edição", Len<strong>da</strong>s e Narrativas, Tomo I,<br />

Pref. e revisão de Vitorino Nemésio, Ama<strong>do</strong>ra, Livraria Bertrand, 1980.

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