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o caso mateus ribeiro - Repositório Aberto da Universidade do Porto

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912 Padre Mateus Ribeiro<br />

teci<strong>da</strong>s de verdes ramos em que moravam tão contentes como nos palácios<br />

mais soberbos que em Constantinopla tinham.<br />

Vinham em alguns dias alguns pastores <strong>da</strong>s aldeias vizinhas às ribeiras<br />

<strong>do</strong> cau<strong>da</strong>loso Pó e <strong>do</strong>s confins <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de de Módena, que já neste tempo era<br />

sumptuosa e havia si<strong>do</strong> colónia <strong>do</strong>s romanos, como referem Tito Lívio 903 ,<br />

Estrabão 904 , Pompónio Mella 905 , Cornélio Tácito 906 , Plínio 907 e outros autores<br />

que dela tratam desde o mais antigo <strong>do</strong>s anais de Roma. Com o trato e<br />

conversação destes pastores que <strong>do</strong>s campos e arrabaldes a Módena vizinhos<br />

a repastar seus rebanhos a estes bosques vinham pela fertili<strong>da</strong>de de seu<br />

terreno, como Manfre<strong>do</strong> e Eurides quan<strong>do</strong> saíram de Constantinopla tinham<br />

mu<strong>da</strong><strong>do</strong> o traje ao camponês e o cria<strong>do</strong> e cria<strong>da</strong> em o de pastores, não foi<br />

dificultoso o contraírem amizade com os que <strong>do</strong>s campos vinham; que a<br />

semelhança, diz Cícero 908 , move muito e costuma conciliar amizades.<br />

Admiravam a singular beleza <strong>da</strong> desconheci<strong>da</strong> pastora Eurides e o<br />

garbo, brio e gentileza de Manfre<strong>do</strong>, seu esposo, sen<strong>do</strong> Eurides <strong>do</strong>s pastores a<br />

mais nova admiração e <strong>da</strong>s pastoras a mais venera<strong>da</strong> inveja<strong>da</strong>; vieram alguns<br />

pastores e pastoras a edificarem suas cabanas no mesmo sítio em que<br />

Manfre<strong>do</strong> com Eurides moravam, movi<strong>do</strong>s <strong>do</strong> discreto de sua conversação e <strong>da</strong><br />

liberali<strong>da</strong>de que com to<strong>do</strong>s usavam. Com isto atrain<strong>do</strong> uns aos outros e<br />

crescen<strong>do</strong> ca<strong>da</strong> dia mais as camponesas cabanas e os verdes e fron<strong>do</strong>sos<br />

edifícios de seus <strong>do</strong>micílios, parecia já o solitário <strong>do</strong> bosque e o rústico <strong>da</strong><br />

inculta selva vistosa povoação que de repente ao bosque se mu<strong>da</strong>ra ou nova<br />

colónia que de Módena a conduzir-se viera. Entretanto secretamente por meio<br />

<strong>do</strong> cria<strong>do</strong> se desfez Manfre<strong>do</strong> de algumas jóias de preço, que reduzi<strong>da</strong>s em<br />

dinheiro, socorren<strong>do</strong> com ele aos que via necessita<strong>do</strong>s e a outros compran<strong>do</strong><br />

parte <strong>do</strong>s rebanhos que traziam, se veio a fazer de to<strong>do</strong>s ama<strong>do</strong> e de to<strong>do</strong>s<br />

servi<strong>do</strong>, com o que crescen<strong>do</strong> ca<strong>da</strong> dia mais em poder e estimação e<br />

aumentan<strong>do</strong>-se o vale em habita<strong>do</strong>res que à fama de sua liberali<strong>da</strong>de a serem<br />

903 Tito Liv.,/_/£>. 39.<br />

904 Strab., Lib. 3.<br />

905 Pomp. Mella, Lib. 2.<br />

906 Cornel. Tacit., Lib. 17.<br />

907 Plin., Lib.2.<br />

908 Cic, Ad Quint fratr.

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