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o caso mateus ribeiro - Repositório Aberto da Universidade do Porto

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Alívio de tristes e consolação de queixosos - Parte VI 913<br />

seus vizinhos vinham, ficou o solitário sítio povoa<strong>do</strong> de pastores e pastoras que<br />

por lograrem a vista e companhia <strong>da</strong> fermosa Eurides vinham, a quem to<strong>do</strong>s<br />

como a senhores respeitavam pelas franquezas que deles recebiam.<br />

Neste lugar assim desconheci<strong>do</strong>s, se bem por extremo de to<strong>do</strong>s<br />

estima<strong>do</strong>s, passaram Eurides e Manfre<strong>do</strong> muitos anos, mostran<strong>do</strong>-se ca<strong>da</strong> dia<br />

mais ricos com se irem desfazen<strong>do</strong> de várias jóias com que compravam muitas<br />

terras, muitos ga<strong>do</strong>s e foros, com que lhe ficavam quasi to<strong>do</strong>s os lavra<strong>do</strong>res<br />

<strong>do</strong>s lugares vizinhos foreiros e obriga<strong>do</strong>s, que com as ren<strong>da</strong>s que lhes traziam<br />

sustentavam um esta<strong>do</strong> para quem no campo passava bastantemente<br />

autoriza<strong>do</strong>. Edificaram casas grandiosas aonde foi o seu primeiro <strong>do</strong>micílio,<br />

aonde viviam contentes por desconheci<strong>do</strong>s, que para quem entre temores vive<br />

é a maior ventura.<br />

Neste sítio viveram muitos anos, aonde Manfre<strong>do</strong> teve de Eurides oito<br />

filhos e duas filhas: a uma delas chamou Eurides de seu nome e à segun<strong>da</strong><br />

Constança, em memória <strong>do</strong> empera<strong>do</strong>r Constâncio, seu avô. Aos filhos pôs<br />

diversos nomes e ao mais velho chamou Manfre<strong>do</strong>, <strong>do</strong> nome de seu esposo,<br />

de cuja direita sucessão descende o ilustre Frederico Manfre<strong>do</strong>, em cuja casa<br />

assisto. No discurso destes anos, sobre a repartição <strong>do</strong>s senhorios que o<br />

grande Constantino por sua morte a seus filhos deixa<strong>do</strong> tinha, romperam eles<br />

em cruéis guerras, que, como refere Marco António Sabélico 909 , durara muitos<br />

anos, porque a ambição nem ao parentesco mais propínquo, nem à amizade<br />

mais antiga costuma guar<strong>da</strong>r respeitos, como diz Cícero 910 . Nestas guerras<br />

ocupa<strong>do</strong> Constâncio com seus irmãos, que com vária fortuna prosseguia em<br />

diversas províncias <strong>da</strong> Ásia e <strong>da</strong> Europa, veio finalmente vence<strong>do</strong>r, com<br />

poderoso exército a vencer e triunfar já habitua<strong>do</strong>, a avizinhar-se a Itália para<br />

tomar posse dela, que com llírico e África se lhe rendiam. Chegou à ci<strong>da</strong>de de<br />

Aquileia, aonde assentou o seu exército formidável e vitorioso de tão várias<br />

nações que sujeita<strong>do</strong> havia. Man<strong>da</strong>ram logo to<strong>da</strong>s as ci<strong>da</strong>des e príncipes de<br />

Itália por seus embaixa<strong>do</strong>res a <strong>da</strong>r-lhe a devi<strong>da</strong> obediência e a reconhecê-lo<br />

por seu empera<strong>do</strong>r e senhor, aos quais ele em Aquileia com benevolência<br />

recebia. A ci<strong>da</strong>de de Módena, haven<strong>do</strong> de man<strong>da</strong>r embaixa<strong>do</strong>r que em seu<br />

19 Sabei., Lib. 8. Enn. 7.<br />

0 Cicer., in Lael.

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