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o caso mateus ribeiro - Repositório Aberto da Universidade do Porto

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118 Padre Mateus Ribeiro<br />

recompilou sua grandeza, meu pai foi natural <strong>da</strong> soberba Génova, aquele<br />

célebre empório <strong>do</strong> mar Tirreno que, como dizem vários autores que de sua<br />

grandeza tratam, parece se lhe deu o nome de Génova por ser a porta <strong>do</strong><br />

comércio <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> to<strong>do</strong>, ou já fosse edifica<strong>da</strong> por Jano, rei de Itália, a quem a<br />

antigui<strong>da</strong>de pintava com <strong>do</strong>us rostos e nesta ci<strong>da</strong>de, dizem, foi primeiro que em<br />

to<strong>da</strong>s venera<strong>do</strong>, ou fosse fun<strong>da</strong><strong>da</strong> por Genuo Prisco, primeiro rei de Itália, ou<br />

por Genuíno, companheiro de Faetonte, como quer o historia<strong>do</strong>r Paulo<br />

Perugino 151 . Nesta ci<strong>da</strong>de naceu e se criou meu pai que se chamava Anastácio<br />

de Fiesco, família <strong>da</strong>s mais antigas e ilustres desta senhoria, de antes nela tão<br />

aplaudi<strong>da</strong> e hoje tão pouco venturosa desde aquele infeliz sucesso <strong>do</strong> conde<br />

João Luís de Fiesco, meu tio, de que enten<strong>do</strong> já tereis notícia, pois tanto em<br />

Europa o divulgou a fama.<br />

- Antes (disse o Ermitão) estimarei muito me queirais referir essa trágica<br />

história, porque ain<strong>da</strong> que algumas vezes ouvi tratar a narração desse<br />

sucesso, foi com tanta varie<strong>da</strong>de que antes me deixou duvi<strong>do</strong>so que<br />

certifica<strong>do</strong>.<br />

- Seja como ordenais (respondeu o Peregrino) que de hoje em diante é<br />

lei em mim vosso gosto para obedecer-vos.<br />

Para tomar a história mais de seu princípio, haven<strong>do</strong> de ser dela cronista<br />

não apaixona<strong>do</strong> mas ver<strong>da</strong>deiro, pressuponho que, se como disse Euripides,<br />

ordinariamente to<strong>da</strong>s as cousas <strong>da</strong> terra an<strong>da</strong>m em contínua mu<strong>da</strong>nça, antes<br />

sen<strong>do</strong> esta, como escreve Marco Túlio 152 , proprie<strong>da</strong>de que segue as criaturas<br />

sublunares, em nenhuma mais se manifesta que nos governos e<br />

administrações públicas <strong>da</strong>s ci<strong>da</strong>des e magistra<strong>do</strong>s delas. E porventura seria<br />

essa a razão de dizer Aristóteles 153 que a arte de governar ci<strong>da</strong>des e repúblicas<br />

era a primeira entre to<strong>da</strong>s as artes; porque, como ensina Plutarco na Política,<br />

tem dificul<strong>da</strong>de grande o haver de governar multidão, talvez com mu<strong>da</strong>nça de<br />

leis e estatutos encontra<strong>do</strong>s a seus costumes e licencioso viver; sen<strong>do</strong> muitas<br />

vezes necessário mu<strong>da</strong>r de estilo e parecer, como diz Cícero 154 , quem<br />

151 Perugin.<br />

152 Cícero, Pro Mur. & Offic.<br />

153 Arist., Ethic. 1.<br />

154 Cícero.

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