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o caso mateus ribeiro - Repositório Aberto da Universidade do Porto

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Alívio de tristes e consolação de queixosos - Parte I 171<br />

como se fosse pessoa particular e súbdita, foi condena<strong>da</strong> à morte e degola<strong>da</strong>,<br />

como se princesa soberana no fora, que superior na terra a nenhum monarca<br />

reconhecia.<br />

- Notável e por extremo lastimosa (disse então o Ermitão) foi a tragédia<br />

desta senhora, e exemplo raro <strong>da</strong>s adversi<strong>da</strong>des <strong>da</strong> fortuna, que desde os<br />

anos juvenis de sua i<strong>da</strong>de se lhe mostrou contrária. Muitos reis e monarcas<br />

poderosos foram despoja<strong>do</strong>s de seus reinos; como Mitri<strong>da</strong>tes, rei de Ponto e<br />

grão monarca de Ásia, Dário, rei de Pérsia, Jugurta, rei de Numídia, Rogério de<br />

Apulha e Calábria, e ultimamente Frederico, rei de Nápoles, por el-rei Fernan<strong>do</strong><br />

de Castela e Luís, rei de França, chegan<strong>do</strong> ao depois a viver nela como<br />

particular, quem se viu rei coroa<strong>do</strong> de tanta opulência e majestade. Muitos reis<br />

e monarcas foram cativos e prisioneiros, como os reis Perseu e Scipas <strong>do</strong>s<br />

romanos, o empera<strong>do</strong>r Valeriano <strong>do</strong>s persas, Bajazeto <strong>do</strong> Tamorlão, rei <strong>do</strong>s<br />

tártaros, e em nosso tempo Francisco, rei de França, <strong>do</strong>s espanhóis. Muitos<br />

reis e príncipes padeceram mortes violentas por man<strong>da</strong><strong>do</strong> de outros monarcas.<br />

Demétrio, príncipe de Macedónia, foi morto por man<strong>da</strong><strong>do</strong> de seu pai Filipe; o<br />

empera<strong>do</strong>r Alexandre, por man<strong>da</strong><strong>do</strong> de Maximino; o príncipe <strong>do</strong> Egipto, por<br />

man<strong>da</strong><strong>do</strong> de Cambizes, na presença de Samniético, seu pai; o grande<br />

Pompeu, por man<strong>da</strong><strong>do</strong> de Ptolomeu, rei <strong>do</strong> Egipto, e outros muitos de que<br />

estão cheias as histórias: porém em Maria Estuar<strong>da</strong>, rainha de Escócia e<br />

França, se viram juntas as calami<strong>da</strong>des, assim <strong>da</strong> per<strong>da</strong> <strong>do</strong>s reinos, como <strong>do</strong><br />

dilata<strong>do</strong> cativeiro e ultimamente violenta morte, sem que fosse bastante sua<br />

rara fermosura para embotar os fios <strong>da</strong> tirana espa<strong>da</strong> que lhe tirou a vi<strong>da</strong>.<br />

Chorou o insigne capitão Marco Marcelo sobre a ci<strong>da</strong>de de Saragoça (como diz<br />

S. Agostinho 237 ) enterneci<strong>do</strong> <strong>do</strong> muito sangue <strong>do</strong>s seus ci<strong>da</strong>dãos que nela se<br />

havia de derramar em o dia que a tomou por assalto; ordenan<strong>do</strong> porém com<br />

graves penas a seus sol<strong>da</strong><strong>do</strong>s romanos que a nenhuma mulher se fizesse<br />

agravo nem violência, movi<strong>do</strong> a tanto sentimento e lástima que diz Valério<br />

Máximo que mais representava venci<strong>do</strong>, que capitão vence<strong>do</strong>r. Da clemência<br />

d'el-rei Antígono, refere Justino, que sen<strong>do</strong>-lhe presenta<strong>da</strong> pelo príncipe seu<br />

filho a cabeça d'el-rei Pirro, seu inimigo, ele se compadeceu de tal mo<strong>do</strong> <strong>da</strong>s<br />

adversi<strong>da</strong>des <strong>da</strong> humana vi<strong>da</strong> que, além de repreender asperamente o filho <strong>da</strong><br />

D. Aug., Lib. 1. De civil Dei. cap. 6.

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