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o caso mateus ribeiro - Repositório Aberto da Universidade do Porto

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18 A novela portuguesa no século XVII:<br />

Com Carlos alivia<strong>do</strong> <strong>da</strong> sua tristeza e consola<strong>do</strong> <strong>da</strong> sua mágoa, Felisberto<br />

e Laura viviam tranquilamente numa quinta próxima de Nápoles. Porém,<br />

regressan<strong>do</strong> uma noite à quinta, Felisberto foi confronta<strong>do</strong> com os ciúmes de<br />

Laura, acossa<strong>da</strong> por comentários que insinuavam uma ligação <strong>do</strong> seu mari<strong>do</strong><br />

com Rosaura, "<strong>da</strong>ma cortesã que veio à corte para distraimento <strong>do</strong>s<br />

senti<strong>do</strong>s." 29 Defenden<strong>do</strong>-se <strong>da</strong>s acusações feitas por Laura e preocupa<strong>do</strong> com<br />

a "música que se <strong>da</strong>va com suaves vozes e discretas letras, em que o nome de<br />

Laura algumas vezes se repetia" 30 , Felisberto decidiu partir com Laura e sua<br />

mãe Vetúria para o seu castelo de Monte Re<strong>do</strong>n<strong>do</strong>.<br />

Tal como acontece noutros <strong>caso</strong>s, introduz-se uma narração que,<br />

repetin<strong>do</strong> o tema <strong>da</strong> anterior, torna mais níti<strong>da</strong> a lição a extrair. Assim, ao<br />

chegar a Roma, Felisberto encontra Eugenia gravemente <strong>do</strong>ente em<br />

consequência <strong>da</strong>s desconfianças de Alexandre, seu particular amigo. Com esta<br />

inespera<strong>da</strong> morte, insiste o narra<strong>do</strong>r na ideia barroca <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> como<br />

peregrinação, diminuin<strong>do</strong> o valor <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> mortal para acentuar a vantagem <strong>da</strong><br />

imortal que a <strong>do</strong>nzela alcançara. Após ser alivia<strong>do</strong> no seu sofrimento pelo<br />

discurso <strong>do</strong> catedrático bolonhês (novamente a voz de um homem maduro,<br />

sábio e experimenta<strong>do</strong> como factor de vali<strong>da</strong>de para o discurso ser proveitoso),<br />

Alexandre partiu em companhia de Felisberto e Laura.<br />

Durante esta jorna<strong>da</strong>, Felisberto e Alexandre foram surpreendi<strong>do</strong>s por<br />

uma embosca<strong>da</strong>, acaban<strong>do</strong> com a morte <strong>do</strong>s desconheci<strong>do</strong>s agressores: Fábio<br />

e Júlio, antigos pretendentes de Laura, e um filho <strong>do</strong> marquês Valeriano.<br />

Novamente envolvi<strong>do</strong>s de forma involuntária numa situação de violência, <strong>da</strong><strong>da</strong><br />

a importância <strong>do</strong>s oponentes mortos, aos <strong>do</strong>is amigos não resta outra solução<br />

que a fuga, servin<strong>do</strong> o empera<strong>do</strong>r nas guerras de Alemanha, fican<strong>do</strong> Laura e<br />

sua mãe assegura<strong>da</strong>s num convento de Florença.<br />

Enquanto combatia de forma valorosa na Hungria, particularmente na<br />

empresa militar contra o turco Solimão, chegaram a Felisberto as novas que o<br />

despersuadiram totalmente <strong>da</strong>s lisonjas <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>: Laura morreu no convento<br />

de uma tristeza contínua provoca<strong>da</strong> pelo "excesso de amor"; o pai morreu no<br />

Castelo de Santelmo, preso por ser o suposto cabeça de um ban<strong>do</strong> em<br />

Mateus RIBEIRO, Alivio de tristes e consolação de queixosos, Parte II, p.352.<br />

Mateus RIBEIRO, Alivio de tristes e consolação de queixosos, Parte II, p.351.

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