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o caso mateus ribeiro - Repositório Aberto da Universidade do Porto

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116 Padre Mateus Ribeiro<br />

forte de sítio e populosa de gente, que com notável valor se defendeu de<br />

Lautreco, capitão de Francisco, rei de França, na conquista que intentou <strong>do</strong><br />

reino de Nápoles, sem jamais poder render esta nobre ci<strong>da</strong>de, uma <strong>da</strong>s mais<br />

ilustres de Apulha. Daqui juntamente se divisam as ruínas <strong>da</strong> antigua ci<strong>da</strong>de de<br />

Siponto que edifica<strong>da</strong> nas raízes deste grande monte foi célebre empório de<br />

Itália, a qual dizem fun<strong>do</strong>u Diomedes, e dela faz menção Tito Lívio 146 em<br />

alguns lugares. Foi povoação mui rica e populosa até que a conquistaram os<br />

mouros, juntamente com o restante de Apulha, e nela habitaram até o tempo<br />

<strong>do</strong> empera<strong>do</strong>r Carlos Magno que dela os lançou; os quais como bárbaros,<br />

antes de saírem, executaram em seus mora<strong>do</strong>res notáveis cruel<strong>da</strong>des,<br />

deixan<strong>do</strong>-a quasi assola<strong>da</strong>, e servin<strong>do</strong> de último complemento à sua ruína civis<br />

discórdias de seus naturais e grandes terremotos que lhe sucederam; porém<br />

que edifícios por mais fortes (como diz Cícero 147 ) podem isentar-se <strong>do</strong>s<br />

poderes <strong>do</strong> tempo para que seu discurso os não acabe?<br />

Assim nesta consideração diverti<strong>do</strong> (para divertir seu sentimento) com a<br />

memória destas antigui<strong>da</strong>des e com a vista de tão alegres horizontes que à<br />

parte <strong>da</strong> terra se descobriam, ia o nosso Peregrino entreten<strong>do</strong> a moléstia <strong>da</strong><br />

subi<strong>da</strong> quan<strong>do</strong> chegou a emparelhar com ele, sain<strong>do</strong> de uma devesa que à<br />

mão direita ficava, um Ermitão, ancião de venerável presença, que de outra<br />

devesa, como disse, vinha a prosseguir o mesmo caminho que o Peregrino<br />

levava. Sau<strong>do</strong>u o Ermitão com discretas palavras e conhecen<strong>do</strong> em o discurso<br />

<strong>da</strong> prática que o Peregrino subia o monte leva<strong>do</strong> <strong>da</strong> devoção de visitar aquele<br />

insigne santuário que, dedica<strong>do</strong> à memória <strong>do</strong> príncipe <strong>do</strong>s exércitos <strong>da</strong> Glória,<br />

o arcanjo S. Miguel, a devoção <strong>do</strong>s fiéis por milagrosas admoestações<br />

frequentava, conhecen<strong>do</strong> no peregrino em evidências de discreto, aparências<br />

de <strong>do</strong>uto, lhe disse assim:<br />

- Se, como disse o grande Agostinho 148 , a moci<strong>da</strong>de e velhice, que não<br />

podem <strong>da</strong>r-se juntamente no corpo, podem bem achar-se juntas na alma, com<br />

razão posso persuadir-me, discreto mancebo, que se acha em vós na flor <strong>do</strong>s<br />

anos, na primavera <strong>da</strong> i<strong>da</strong>de que vossa presença confirma, a discrição e<br />

Tit. Liv., Lib. 8 & 35.<br />

Cicer., Pro Marcelo.<br />

Aug., Lib. 1. Retrac.

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