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o caso mateus ribeiro - Repositório Aberto da Universidade do Porto

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1048 Padre Mateus Ribeiro<br />

porque quan<strong>do</strong> a oportuni<strong>da</strong>de <strong>da</strong> ocasião se malogra, dificultosamente se<br />

restaura. É este espaço, senhores, mui breve para consultar pareceres<br />

dilata<strong>do</strong>s: só direi epiloga<strong>da</strong>mente o que sinto. O senhor Carlos Manfre<strong>do</strong> está<br />

em esta casa preso, por morte de pessoa mui principal, e seu pai obriga<strong>do</strong> a<br />

entregá-lo à justiça de Bolonha como fiel carcereiro de seu filho. Entregá-lo não<br />

convém, por não arriscar-lhe a vi<strong>da</strong>, sen<strong>do</strong> as partes nesta ci<strong>da</strong>de tão<br />

poderosas como sabemos e nós nela forasteiros, de quem diz Séneca 1156 que<br />

tem poucos amigos os forasteiros, porque sua habitação já não é segura, antes<br />

hoje muito arrisca<strong>da</strong>, sen<strong>do</strong> tantos os parentes <strong>do</strong> morto queixosos e<br />

ofendi<strong>do</strong>s. O cardeal governa<strong>do</strong>r não pode obrar o que deseja, porque o cargo<br />

que exercita não dá asas ao favor, ten<strong>do</strong> no poderoso <strong>da</strong>s partes tão valente<br />

oposição para o voo.<br />

O fim a que aspiramos é livrar ao senhor Carlos <strong>do</strong> perigo que pode<br />

correr sua vi<strong>da</strong> e a seu pai <strong>da</strong>s moléstias de uma perpétua prisão que corra<br />

parelhas com a duração <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>. Isto pressuposto, que meio podia achar-se<br />

mais conveniente para evitar um e outro perigo que o que temos presente?<br />

Chama-nos o duque como a seus vassalos para seu serviço, que o são estes<br />

senhores por nascimento, por homenagem e pelas ren<strong>da</strong>s e morga<strong>do</strong> que em<br />

seu senhorio possuem como feu<strong>da</strong>tários. Tem os vassalos obrigação de<br />

acudirem ao chama<strong>do</strong> de seu príncipe. Pois se o senhor duque nos chama e<br />

com tão valerosa escolta nos assegura o retiro de Bolonha, aonde nos<br />

consideramos tão arrisca<strong>do</strong>s, quanto melhor é irmos logo para o <strong>do</strong>micílio<br />

próprio <strong>do</strong> que experimentarmos os discómo<strong>do</strong>s e perigos em terras alheias?<br />

Para irmos a Cesena, como de antes se tratava, havia inconvenientes grandes,<br />

se bem os consideramos. O primeiro, o poder romper-se o segre<strong>do</strong> deste retiro<br />

com a contínua vigilância <strong>da</strong>s partes e ficar tu<strong>do</strong> frustra<strong>do</strong>, cativa a liber<strong>da</strong>de e<br />

em perigo a vi<strong>da</strong>. O segun<strong>do</strong>, em <strong>caso</strong> que para Cesena partíssemos, poder-<br />

nos seguir a justiça com tropa poderosa, ser atalha<strong>do</strong>s no caminho, de sorte<br />

que tornássemos prisioneiros a Bolonha ou se com resistência quiséssemos<br />

prosseguir a jorna<strong>da</strong> seria, multiplican<strong>do</strong> os perigos, agravar novas queixas de<br />

resistência às primeiras culpas, com que tu<strong>do</strong> ficaria em manifesta ruína. O<br />

terceiro inconveniente é o havermos de ir para terra alheia, com o discómo<strong>do</strong><br />

Senec, Ep. 2.

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