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o caso mateus ribeiro - Repositório Aberto da Universidade do Porto

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988 Padre Mateus Ribeiro<br />

de Roma, não receou a morte que lhe vaticinaram, que havia de padecer por<br />

seu man<strong>da</strong><strong>do</strong>.<br />

Mas para que sou eu ora<strong>do</strong>r <strong>do</strong> que Raimun<strong>do</strong> merece, quan<strong>do</strong> vós,<br />

senhores, sois as testemunhas mais abona<strong>da</strong>s <strong>do</strong> que eu publico? Quem em<br />

Módena mais venerou suas pren<strong>da</strong>s que vós mesmos? Aonde se viu príncipe<br />

mais afável? Ânimo mais benévolo? Senhor mais benigno? E <strong>da</strong> sorte que <strong>do</strong><br />

empera<strong>do</strong>r Tito to<strong>do</strong>s lhe <strong>da</strong>vam título de delícias de Roma quan<strong>do</strong> vivo e<br />

sau<strong>da</strong>des <strong>do</strong> povo romano quan<strong>do</strong> morto, pela admirável afabili<strong>da</strong>de com que a<br />

to<strong>do</strong>s tratava, assi podemos chamar em Módena a Raimun<strong>do</strong> pelo agradável<br />

que a to<strong>do</strong>s se mostra. E que ventura maior podia, senhores, <strong>da</strong>r-se se<br />

haven<strong>do</strong> de <strong>da</strong>r esta<strong>do</strong> à senhora Fenisa, se intentasse que vir a casá-la com<br />

um príncipe, com quem fica em contingência o poder vir a ser senhora<br />

soberana e na pátria que a criou vassala por nascimento pode vir a ser senhora<br />

por sucessão <strong>do</strong> senhorio? To<strong>do</strong>s vivemos por instantes, que uns aos outros<br />

sucedem: os que passaram já não são e os que vem ain<strong>da</strong> não chegam. To<strong>do</strong><br />

o peso de nossa vi<strong>da</strong> se move no instante presente. É o príncipe Alexandre, o<br />

imediato sucessor por natureza, muito enfermo e podem o contínuo de tantas<br />

indisposições, cortan<strong>do</strong> o fio à vi<strong>da</strong> mortal, pon<strong>do</strong> a morte ao padecer de seus<br />

onerosos achaques e juntamente às esperanças <strong>da</strong> sucessão, fican<strong>do</strong> sen<strong>do</strong> o<br />

primeiro porventura o que a natureza fez segun<strong>do</strong> por nascimento, e virdes,<br />

senhores, a ver vossa filha duquesa de Módena, com que o ilustre solar de<br />

vossa família suba ao auge eminente <strong>do</strong> maior esplen<strong>do</strong>r que desde o tempo<br />

<strong>do</strong> empera<strong>do</strong>r Constâncio possuiu até o século presente.<br />

Mas pon<strong>do</strong> à parte estes contingentes futuros, que Deus Senhor Nosso<br />

tem escondi<strong>do</strong>s nos secretos inscrutáveis de sua sabe<strong>do</strong>ria infinita, e falan<strong>do</strong><br />

só no esta<strong>do</strong> presente <strong>da</strong>s cousas que temos à vista, nem a senhora Fenisa<br />

podia alcançar melhor esposo, se bem se consideram as pren<strong>da</strong>s de<br />

Raimun<strong>do</strong>. Primeiramente não é forasteiro: ele e a senhora Fenisa são na<br />

mesma ci<strong>da</strong>de de Módena nasci<strong>do</strong>s, ambos patrícios e naturais, nenhum deles<br />

estrangeiro, cuja diversi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> linguagem mal entendi<strong>da</strong>, como diz<br />

Quintiliano 1031 , talvez faz tíbio ao amor e a diversi<strong>da</strong>de <strong>do</strong>s costumes faz<br />

muitas vezes divórcio no querer; como se viu na rainha de Nápoles, Joana, a<br />

Quint., Lib. 8.

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