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o caso mateus ribeiro - Repositório Aberto da Universidade do Porto

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744 Padre Mateus Ribeiro<br />

de cultivar um pomar de que se sustentava, quan<strong>do</strong> o grande Alexandre o<br />

obrigou a que aceitasse a coroa <strong>do</strong> reino de Fenícia e Sidónia, que ele recebeu<br />

por obedecer ao monarca, desejan<strong>do</strong> mais o logro <strong>do</strong> pomar que deixava que o<br />

governo <strong>do</strong> reino que sem gosto recebia. Porém em mim ao contrário, que<br />

conhecen<strong>do</strong> os acertos, sigo os perigos, e suposto que vejo o remanso <strong>da</strong><br />

bonança, engolfa<strong>do</strong> navego os golfos mais arrisca<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s pun<strong>do</strong>nores <strong>do</strong><br />

mun<strong>do</strong>.<br />

Respondeu Felisberto ao desconheci<strong>do</strong> passageiro, dizen<strong>do</strong>:<br />

- Se com vosso discurso conheceis, senhor, como o mun<strong>do</strong> engana a<br />

quem o busca, falta a quem o segue e castiga a quem o ama, como o seguis<br />

desengana<strong>do</strong>, quan<strong>do</strong> o pudéreis desestimar conheci<strong>do</strong>? A ignorância <strong>do</strong> mal<br />

talvez pode servir de desculpa a quem o passa, suposto que Aristóteles 627 diz<br />

que pouca desculpa tem o ignorar-se o que de to<strong>do</strong>s é obrigação de saber-se;<br />

e diz Cícero 628 que ignorar-se o que tem no mun<strong>do</strong> sucedi<strong>do</strong> antes que<br />

nascemos é viver sempre nas tironices de menino e não lograr os atributos de<br />

varão. Porém como o mun<strong>do</strong> desde seu princípio com a revolução de seus<br />

perío<strong>do</strong>s tem <strong>da</strong><strong>do</strong> aos estudiosos tantos <strong>do</strong>cumentos de sua inconstância e<br />

tão frequentes lições de sua mu<strong>da</strong>nça, facilmente pode desenganar-se de seu<br />

despenho quem passar os olhos pelo que <strong>da</strong>s monarquias <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> está<br />

escrito. Da monarquia <strong>do</strong>s assírios, a primeira que desde Nino até Sar<strong>da</strong>napalo<br />

teve o mun<strong>do</strong>, se vê o fim que teve com a violenta morte de seu possui<strong>do</strong>r,<br />

passan<strong>do</strong>-se a coroa aos persas e me<strong>do</strong>s, sen<strong>do</strong> Ciro violentamente morto na<br />

cruel batalha que lhe deu Tómiris, rainha <strong>do</strong>s masságetas. Dário despoja<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />

reino por Alexandre e morto aleivosamente por Besso e Nabarsanes, seus<br />

vali<strong>do</strong>s. Imperou Alexandre na terceira monarquia <strong>do</strong>s gregos, mas durou<br />

pouco, pois nele começou e acabou com sua breve vi<strong>da</strong>, morren<strong>do</strong> com<br />

veneno em Babilónia, depois de haver assombra<strong>do</strong> ao mun<strong>do</strong> com suas<br />

vitórias e triunfos.<br />

Sucedeu a quarta monarquia <strong>do</strong>s romanos, que começou em Rómulo<br />

cruento princípio com a morte de seu irmão Remo; porém depois de Túlio<br />

Hostílio morrer de fulminante raio abrasa<strong>do</strong>, em pouco tempo com as<br />

Arist., Rhet. 2.<br />

Cie, in Or. ad Brut.

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