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o caso mateus ribeiro - Repositório Aberto da Universidade do Porto

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Alívio de tristes e consolação de queixosos- Parte III 431<br />

pagou o cruel fratrici<strong>da</strong> Jugurta a Micipsa, rei de Numídia, seu a<strong>do</strong>ptivo pai,<br />

como quer Sabélico, não só o amor <strong>da</strong> criação, mas o singular benefício de o<br />

deixar com seus <strong>do</strong>us filhos igualmente herdeiro de seu reino, senão com<br />

matar-lhe os filhos e tiranicamente usurpar-lhes o reino? Que maravilha, para<br />

que vos assombre, ou que espanto vem a ser, para que vos admire, que uma<br />

moça montanhesa, a quem as ribeiras <strong>do</strong> Pó no inculto <strong>do</strong>s campos deram as<br />

primeiras lições e <strong>do</strong>cumentos <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>, errasse os lanços de agradeci<strong>da</strong>,<br />

quan<strong>do</strong> porventura não chegaria a entender os termos de obriga<strong>da</strong>?<br />

E se me disserdes que era discreta, não abono o desacerto manifesto <strong>da</strong><br />

eleição, pois fi<strong>da</strong>lgo por fi<strong>da</strong>lgo, que graus acrescentava na subi<strong>da</strong> para deixar-<br />

vos a vós e admitir a Alberto sem mais título que ser mais rico? Em vós tinha<br />

experiências <strong>do</strong> amor, <strong>do</strong> sujeito, <strong>da</strong> casa de vossos pais, <strong>da</strong>s demonstrações<br />

de estima<strong>da</strong> e <strong>da</strong>s finezas de queri<strong>da</strong>; o que em Alberto tu<strong>do</strong> era ao contrário,<br />

pois em espaço tão breve de <strong>do</strong>us dias mal podia certificar-se <strong>do</strong> que antes de<br />

deliberar-se lhe convinha; e assim perdeu a estimação de discreta por arroja<strong>da</strong><br />

em a escolha de que o tempo a possa mostrar arrependi<strong>da</strong>. A Alberto mais o<br />

devia de persuadir o interesse <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> que o incentivo <strong>da</strong> beleza; e como se<br />

vir priva<strong>do</strong> de possuí-lo, não duvi<strong>do</strong> que se arrepen<strong>da</strong> de ver-se casa<strong>do</strong> com<br />

Amatilde, pois tanto tem o amor menos de fino, quanto tem de interessa<strong>do</strong>.<br />

Lisandro Lacedemónio que tantos anos vitorioso adquiriu não menos<br />

glória que riqueza com seus triunfos, assim nas batalhas navais como <strong>da</strong> terra,<br />

casan<strong>do</strong> suas duas filhas com os maiores senhores <strong>do</strong> reino de Esparta, que<br />

se tinham por mui felices em se aparentarem com tão insigne capitão; e<br />

quan<strong>do</strong> no dia de sua morte se lhe não achou riqueza alguma por haver tu<strong>do</strong><br />

francamente na vi<strong>da</strong> despendi<strong>do</strong>, ven<strong>do</strong>-se os genros priva<strong>do</strong>s <strong>da</strong>s esperanças<br />

de seus imagina<strong>do</strong>s tesouros, ambos repudiaram as mulheres por quem em<br />

vi<strong>da</strong> de Lisandro tanto se tinham desvela<strong>do</strong>. Lá disse o Plutarco 422 que to<strong>do</strong>s<br />

os homens eram interesseiros e ambiciosos, ou de riquezas ou de esta<strong>do</strong>s, e<br />

como o duque de Módena justamente de Alberto e de Amatilde ofendi<strong>do</strong> os<br />

privou <strong>do</strong> título e esta<strong>do</strong> que em o senhorio de seu duca<strong>do</strong> tinham, de que já<br />

Dom Cláudio está de posse, não duvi<strong>do</strong> que se mostre pesaroso de haver-se<br />

com Amatilde casa<strong>do</strong>, pois faltan<strong>do</strong>-lhe a grandeza <strong>do</strong> <strong>do</strong>te a que aspirava,<br />

Plutarc, De tranquil, animée.

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