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o caso mateus ribeiro - Repositório Aberto da Universidade do Porto

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O <strong>caso</strong> Mateus Ribeiro 65<br />

também que a junção entre o idóneo entretenimento que estas narrativas<br />

proporcionam e a finali<strong>da</strong>de edificante que caracteriza a obra <strong>do</strong> pároco <strong>da</strong><br />

Azoeira não é somente afirma<strong>da</strong> pelo próprio autor, ou pelo editor, mas<br />

igualmente aponta<strong>da</strong> num <strong>do</strong>s pareceres que fun<strong>da</strong>menta a licença de<br />

impressão <strong>do</strong> Retiro de cui<strong>da</strong><strong>do</strong>s: "É obra curiosa e em que to<strong>do</strong>s podem<br />

empregar as horas de recreação em um lícito divertimento"^ 7 .<br />

Contribuin<strong>do</strong> para que as suas novelas sejam recebi<strong>da</strong>s como um lícito<br />

divertimento, o autor declara o seu propósito moralizante logo no "Prólogo ao<br />

leitor", apontan<strong>do</strong> as normas de conduta que conduzem à salvação eterna:<br />

"Meu intento é aproveitar com este piqueno volume a to<strong>do</strong>s os que no mar<br />

deste mun<strong>do</strong> navegam derrota<strong>do</strong>s de sentimentos, molesta<strong>do</strong>s de tristezas,<br />

queixan<strong>do</strong>-se continuamente <strong>da</strong>s que se chamam erra<strong>da</strong>mente desgraças e<br />

infortúnios. O maior prémio para mi deste trabalho será que to<strong>do</strong>s com ele suas<br />

aflições aliviem e suas queixas consolem, advertin<strong>do</strong> juntamente aos<br />

descui<strong>da</strong><strong>do</strong>s para que não se fiem <strong>da</strong>s bonanças, encaminhan<strong>do</strong> aos<br />

queixosos para que não desanimem com as tormentas desta peregrinação,<br />

enquanto não chegamos à tranquili<strong>da</strong>de e consolação ver<strong>da</strong>deira <strong>da</strong>s alegrias<br />

<strong>da</strong> glória a que Deus nos leve por sua infinita bon<strong>da</strong>de." 118<br />

agradável; o útil para a cautela de viveres e o agradável para o molesto divertires." ("Prólogo ao<br />

leitor", Ro<strong>da</strong> <strong>da</strong> Fortuna e Vi<strong>da</strong> de Alexandre e Jacinta, I Parte, Lisboa, na Oficina de Filipe de<br />

Sousa Vilela, 1724).<br />

117 Mateus RIBEIRO, "Licenças", Retiro de Cui<strong>da</strong><strong>do</strong>s e Vi<strong>da</strong> de Carlos e Rosaura, II Parte,<br />

Lisboa, na Oficina de Miguel Manescal, 1681.<br />

118 Mateus RIBEIRO, "Prólogo ao leitor", Alivio de tristes e consolação de queixosos, Lisboa, na<br />

Oficina de João <strong>da</strong> Costa, 1672.<br />

A sua intenção didáctica prende-se sobretu<strong>do</strong> com o seu desejo de avisar os leitores para os<br />

enganos <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, confessan<strong>do</strong> que "se assim se terminassem as aparentes lisonjas <strong>da</strong><br />

humana vi<strong>da</strong>, eu estimara o desvelo desta obra por proveitoso." ("Prólogo ao leitor", Alivio de<br />

tristes e consolação de queixosos, Tomo II, Lisboa, na Oficina Ferreiriana, 1737). Para a<br />

concretização desta vertente moralizante que perpassa a obra deste pároco em muito contribui,<br />

como foi já anota<strong>do</strong>, a recreação ofereci<strong>da</strong> ao leitor: "não há divertimento mais idóneo para<br />

suspender a contínua moléstia com que desvelam <strong>do</strong> que a lição <strong>do</strong>s livros. Com esta faz<br />

tréguas o penoso, pára o molesto, diverte-se o aflito, retira-se o oneroso e não se move a<br />

perpétua ro<strong>da</strong> em que a memória combate aos discursos na batalha interior <strong>do</strong>s cui<strong>da</strong><strong>do</strong>s."<br />

("Prólogo ao leitor", Retiro de Cui<strong>da</strong><strong>do</strong>s e Vi<strong>da</strong> de Carlos e Rosaura, I Parte, Lisboa, na Oficina<br />

de Miguel Deslandes, 1681).

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