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o caso mateus ribeiro - Repositório Aberto da Universidade do Porto

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Alívio de tristes e consolação de queixosos - Parte II 331<br />

pedi-lo, sem querer mais declarar-se, mas com intento de o conseguir por<br />

qualquer meio que possível fosse; e que assim lhe aconselhava quisesse vir no<br />

casamento, pois ou casan<strong>do</strong> Juliano, ou não casan<strong>do</strong>, havia de alcançar<br />

perdão, e que mais conveniência sua era que a ele Juliano devesse o alcançar<br />

a vi<strong>da</strong> e o perdão, a que sempre a própria vi<strong>da</strong> lhe ficara obriga<strong>da</strong>, <strong>do</strong> que<br />

dever ao poder o que podia reconhecer a pie<strong>da</strong>de. Que dirá o mun<strong>do</strong> se vir<br />

livre a Juliano contra vossa vontade? Pois está empenha<strong>do</strong> um príncipe tão<br />

grande em alcançar-lhe o perdão. Porque é próprio <strong>do</strong>s príncipes, como diz<br />

Cícero, socorrer aos aflitos e amparar aos desampara<strong>do</strong>s. Ou por via <strong>do</strong> vice-<br />

rei, ou <strong>do</strong> mesmo empera<strong>do</strong>r, como senhor absoluto, há-de conseguir o intento<br />

de livrá-lo, pois lho pediu a quem ele na<strong>da</strong> é justo negar. E já que teve Juliano<br />

a ventura em ter tal valia, seja venturoso em valer convosco quem o pede: que<br />

talvez <strong>da</strong> demasia<strong>da</strong> porfia em negar, se vem a desestimar depois a graça <strong>do</strong><br />

conceder. Não queria o sena<strong>do</strong> conceder a Júlio César a Gália Comata; mas<br />

ven<strong>do</strong> que o povo intentava <strong>da</strong>r-lha, lha concedeu para que ao sena<strong>do</strong> e não<br />

ao povo a devesse. Com esta pie<strong>da</strong>de que usardes com Juliano ficais<br />

obrigan<strong>do</strong> ao grão-duque, para achardes nele sempre o favor, o patrocínio e<br />

valimento que um príncipe tão grande pode <strong>da</strong>r-vos; obrigais ao mesmo vice-<br />

rei, que suposto mostre para satisfazer-vos querer <strong>da</strong>r-lhe o castigo, outra<br />

cousa desejará no coração, pois o criou em sua casa. E porventura deseja<br />

suspender a pena, sem faltar à justiça. E é lição <strong>da</strong> prudência, o que pode ser<br />

violento ao gosto, concedê-lo de vontade. Pois, diz o Séneca, que é melhor<br />

condescender ao que se pede que sofrer com violência as forças de maior<br />

poder.<br />

Cap. XXII.<br />

Do encontro <strong>do</strong> jurista Justino<br />

Confusos ficámos com as palavras <strong>do</strong> conde, ven<strong>do</strong> ao grão-duque<br />

justamente empenha<strong>do</strong>, pois intercedeu por Juliano, pessoa a quem ele não<br />

podia faltar. E consulta<strong>da</strong>s as razões e inconvenientes que por uma e outra<br />

parte havia, <strong>da</strong>n<strong>do</strong> Dom Sancho seu parecer enfim como espanhol e que tinha

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