17.04.2013 Views

o caso mateus ribeiro - Repositório Aberto da Universidade do Porto

o caso mateus ribeiro - Repositório Aberto da Universidade do Porto

o caso mateus ribeiro - Repositório Aberto da Universidade do Porto

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Alívio de tristes e consolação de queixosos - Parte VI 1057<br />

duro e odioso motivo de guerra; sen<strong>do</strong> que, como diz Salústio, a paz é melhor<br />

que to<strong>da</strong>s as vitórias juntas. É certo que Frederico e seu filho são vassalos <strong>do</strong><br />

duque de Módena e a quem devem obedecer quan<strong>do</strong> os chama, ain<strong>da</strong> que<br />

assistam em alheio senhorio, como se colhe de vários lugares <strong>do</strong> Direito Civil e<br />

Canónico 1174 . E assim pode o príncipe e senhor soberano chamar de qualquer<br />

parte a seu vassalo quan<strong>do</strong> importa assistir a seu serviço. Pois se com porta<br />

aberta, franca e livre saí<strong>da</strong> que logravam puderam Carlos e seu pai ter-se<br />

ausenta<strong>do</strong> de Bolonha ao chama<strong>do</strong> <strong>do</strong> duque seu senhor, que agravo fez<br />

Raimun<strong>do</strong> em lhe fazer segura companhia? Rompeu porventura hostilmente<br />

alguma prisão em que estivesse recluso? Desmantelou algum castelo que o<br />

guar<strong>da</strong>sse? Matou ou feriu algumas guar<strong>da</strong>s que lhe resistissem? E se na<strong>da</strong><br />

disto houve, nem que consentisse tocar-se clarim ou soarem bélicas trombetas<br />

em to<strong>do</strong> este distrito de Bolonha, aonde está o agravo? Aonde a ofensa <strong>da</strong><br />

autori<strong>da</strong>de? Pois sem alguém <strong>da</strong>r notícias de sua vin<strong>da</strong>, no escuro <strong>da</strong> noite<br />

entrou e no mais escuro <strong>da</strong> noite com to<strong>do</strong> o silêncio desta ci<strong>da</strong>de saiu. Em<br />

tu<strong>do</strong> se mostrou Raimun<strong>do</strong> respeitoso e prudente, pois nenhum motivo quis <strong>da</strong>r<br />

para que o tivessem por insolente, nem por descomedi<strong>do</strong>. Socorrer aos aflitos<br />

é acção própria de ânimos reais e generosos, como diz Euripides 1175 e escreve<br />

Quintiliano 1176 ; e <strong>do</strong> grande monarca Artaxerxes refere Plutarco 1177 que<br />

costumava dizer que o <strong>da</strong>r e socorrer era a lição própria que estu<strong>da</strong>vam os<br />

príncipes.<br />

Há porventura alguém que se queixe de resistência? Ninguém, porque<br />

ninguém o seguiu. Há alguém que se <strong>do</strong>a de oprimi<strong>do</strong>? Não, porque ninguém o<br />

buscou. Ouve-se alguém que clame de ser dele feri<strong>do</strong> ou mal trata<strong>do</strong>? Não,<br />

porque ninguém o encontrou e só de longe o viu. Pois, oh Deus imortal, aonde<br />

está aqui a ofensa, se ninguém se queixa? O agravo, se ninguém se sente?<br />

Aonde a injúria, se a ninguém magoa? Havemos porventura, não haven<strong>do</strong><br />

delitos na reali<strong>da</strong>de, fabricar os delitos na imaginação? Muitas vezes sucede,<br />

Ex L. Mercatores. Cod. de com. & mercim. Covar. q. pract. c.11 & in cap. De Rapt. & in c.<br />

fin. de for. compel<br />

1175 Eurip., in Herad.<br />

1176 Quint., Decl.9.<br />

1177 Plut., in Apoph.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!