12.06.2017 Views

Código de Processo Penal Comentado (2016) - Guilherme de Souza Nucci

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

eiterada jurisprudência <strong>de</strong>sta Corte Superior <strong>de</strong> Justiça, presta-se a sanar coação ou ameaça ao direito <strong>de</strong><br />

locomoção, possuindo âmbito <strong>de</strong> cognição restrito às hipóteses <strong>de</strong> ilegalida<strong>de</strong> evi<strong>de</strong>nte, em que não se faz<br />

necessária a análise <strong>de</strong> provas.” (HC 243021 – SP, 6.ª T., rel. Maria Thereza <strong>de</strong> Assis Moura, 16.08.2012, v.u.). “O<br />

habeas corpus é antídoto <strong>de</strong> prescrição restrita, que se presta a reparar constrangimento ilegal evi<strong>de</strong>nte,<br />

incontroverso, indisfarçável, que se mostra <strong>de</strong> plano ao julgador. Não se <strong>de</strong>stina à correção <strong>de</strong> controvérsias ou <strong>de</strong><br />

situações que, embora existentes, <strong>de</strong>mandam para sua i<strong>de</strong>ntificação, aprofundado exame <strong>de</strong> fatos e provas.” (HC<br />

236914 – PA, 5.ª T., rel. Marco Aurélio Bellizze, 02.08.2012, v.u.).<br />

14-B. Liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> ir e vir: não se esgota o habeas corpus na proteção da liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> ir e vir, pois há<br />

também o direito <strong>de</strong> ficar e o <strong>de</strong> reunir-se pacificamente, não <strong>de</strong>ixando <strong>de</strong> ser um <strong>de</strong>sdobramento do direito <strong>de</strong><br />

locomoção. É o conteúdo do art. 5.º da Constituição Fe<strong>de</strong>ral: “Todos são iguais perante a lei, sem distinção <strong>de</strong><br />

qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros resi<strong>de</strong>ntes no País a inviolabilida<strong>de</strong> do direito à<br />

vida, à liberda<strong>de</strong>, à igualda<strong>de</strong>, à segurança e à proprieda<strong>de</strong>, nos termos seguintes: (...) XVI – todos po<strong>de</strong>m reunir-se<br />

pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>de</strong> autorização, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que não<br />

frustrem outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à<br />

autorida<strong>de</strong> competente”. Vale citar o habeas corpus preventivo impetrado por Artur Pinto da Rocha em favor do<br />

Senador Rui Barbosa, candidato à Presidência da República, bem como o <strong>de</strong> correligionários ameaçados, por abuso<br />

<strong>de</strong> autorida<strong>de</strong>s estaduais da Bahia, em função <strong>de</strong> seu direito <strong>de</strong> reunião e livre manifestação do pensamento. O<br />

habeas corpus teve por finalida<strong>de</strong> permitir que os pacientes pu<strong>de</strong>ssem se reunir nas ruas, praças, teatros ou<br />

recintos, em comício em prol da candidatura <strong>de</strong> Rui Barbosa. A or<strong>de</strong>m foi concedida, por unanimida<strong>de</strong>, pelo<br />

Supremo Tribunal Fe<strong>de</strong>ral, reconhecendo o direito <strong>de</strong> qualquer indivíduo <strong>de</strong> “permanecer em qualquer lugar, à sua<br />

escolha, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que seja franqueado ao público; o <strong>de</strong> ir <strong>de</strong> qualquer parte para esse lugar e também o <strong>de</strong> vir, para ele,<br />

também, <strong>de</strong> qualquer outro ponto” (STF, HC 4.781, rel. Edmundo Lins, 05.04.1919, v.u., Revista Forense, v. XXXI,<br />

p. 212-216).<br />

14-C. Habeas corpus e exame <strong>de</strong> mérito: incompatibilida<strong>de</strong>. A ação <strong>de</strong> impugnação (habeas corpus) não<br />

se <strong>de</strong>stina a analisar o mérito <strong>de</strong> uma con<strong>de</strong>nação ou a empreen<strong>de</strong>r um exame acurado e minucioso das provas<br />

constantes dos autos. É medida urgente, para fazer cessar uma coação ou abuso à liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> ir, vir e ficar. Nesse<br />

sentido: STF: “É cediço que a via estreita do habeas corpus não comporta reexame <strong>de</strong> fatos e provas para alcançar<br />

a absolvição, consoante remansosa jurisprudência <strong>de</strong>sta Corte: HC 105.022 – DF, rel. Cármen Lúcia, 1.ª T., DJe<br />

09.05.2011; HC 102.926 – MS, rel. Luiz Fux, 1.ª T., DJe 10.05.2011; HC 101.588 – SP, rel. Dias Toffoli, 1.ª T.,<br />

DJe 01.06.2010; HC 100.234 – SP, rel. Joaquim Barbosa, 2.ª T., DJe 01.02.2011; HC 90.922, rel. Cezar Peluso,<br />

2.ª T., DJe 18.12.2009; e RHC 84.901, rel. Cezar Peluso, 2.ª T., DJe 07.08.2009.” (HC 108181 – RS, 1.ª T., rel.<br />

Luiz Fux, 21.08.2012, v.u.). STJ: “A alegação <strong>de</strong> falta <strong>de</strong> justa causa não relevada, primo oculi, <strong>de</strong>manda<br />

inexoravelmente revolvimento <strong>de</strong> matéria fático-probatória, não condizente com a via angusta do writ, <strong>de</strong>vendo,<br />

pois, ser avaliada pelo Juízo a quo por ocasião da prolação da sentença, após a <strong>de</strong>vida e regular instrução criminal,<br />

sob o crivo do contraditório” (RHC 38.674 – SP, 6.ª T., rel. Maria Thereza <strong>de</strong> Assis Moura, 24.04.2014, v.u.); “A<br />

alegação <strong>de</strong> legítima <strong>de</strong>fesa invocada em favor do paciente exige acurado exame das circunstâncias da conduta<br />

<strong>de</strong>litiva e <strong>de</strong>manda dilação probatória, o que é vedado na via exígua do habeas corpus” (HC 31.281 – SP, 5.ª T., rel.<br />

Laurita Vaz, 22.03.2005, v.u., DJ 02.05.2005, p. 383). TJSP: “Ataque à sentença con<strong>de</strong>natória – Matéria não<br />

passível <strong>de</strong> discussão em se<strong>de</strong> do presente writ – Prece<strong>de</strong>ntes do STJ – Ina<strong>de</strong>quação da via eleita – Ausência <strong>de</strong><br />

ilegalida<strong>de</strong> – Or<strong>de</strong>m não concedida” (HC 990.10.319839-5, 16.ª C., rel. Newton Neves, 21.09.2010, v.u.).<br />

14-D. Habeas corpus e dosimetria da pena: incompatibilida<strong>de</strong>, como regra. Em primeiro lugar, é<br />

preciso salientar que a aplicação da pena constitui parte do mérito da <strong>de</strong>cisão con<strong>de</strong>natória. Assim sendo, se o<br />

habeas corpus não é o meio indicado para se discutir o mérito da <strong>de</strong>manda, avaliando provas e <strong>de</strong>cidindo se o

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!