12.06.2017 Views

Código de Processo Penal Comentado (2016) - Guilherme de Souza Nucci

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

materializam na trama dos crimes dolosos contra a vida – tentativas, qualificadoras, causas <strong>de</strong> aumento e <strong>de</strong><br />

diminuição <strong>de</strong> pena, concursos <strong>de</strong> agentes e outras mais –, con<strong>de</strong>nsá-las em quesitos precisos é uma tarefa árdua e<br />

não raras vezes ingrata” (HC 96469 – RJ, 1.ª T., rel. Carlos Britto, 09.06.2009, v.u.). STJ: “Os quesitos a serem<br />

submetidos à apreciação do Conselho <strong>de</strong> Sentença <strong>de</strong>vem ser formulados <strong>de</strong> forma a facilitar a compreensão dos<br />

jurados, sob pena <strong>de</strong> nulida<strong>de</strong>” (AgRg no REsp 1.162.334 – SC, 5.ª T., rel. Jorge Mussi, 22.11.2011, v.u.). TJMG:<br />

“Conforme <strong>de</strong>terminado no parágrafo único do art. 482 do <strong>Código</strong> <strong>de</strong> <strong>Processo</strong> <strong>Penal</strong>, os quesitos <strong>de</strong>verão ser<br />

redigidos em proposições afirmativas, simples e distintas, <strong>de</strong> modo que cada um <strong>de</strong>les possa ser respondido com<br />

suficiente clareza e necessária precisão. É evi<strong>de</strong>nte o prejuízo para a <strong>de</strong>fesa quando o Juiz Presi<strong>de</strong>nte atribui, em<br />

um único quesito, diferentes condutas ao acusado, sendo que uma <strong>de</strong>las é <strong>de</strong>terminante para qualificar ou não o<br />

<strong>de</strong>lito. Em razão da limitação <strong>de</strong>volutiva da matéria a ser discutida no recurso interposto contra a <strong>de</strong>cisão do<br />

Conselho <strong>de</strong> Sentença, impedido está o juízo ad quem <strong>de</strong> simplesmente <strong>de</strong>cotar a qualificadora reconhecida em<br />

primeiro grau. Cabe, apenas, a <strong>de</strong>cretação da nulida<strong>de</strong> do julgamento” (APR 10525120026071001 – MG, 2.ª C.,<br />

rel. Catta Preta, DJ 19.02.2014); “01. Tendo sido a tese <strong>de</strong>fensiva <strong>de</strong> reconhecimento da causa <strong>de</strong> diminuição <strong>de</strong><br />

pena do privilégio apresentada ao Conselho <strong>de</strong> Sentença, não há falar-se em vício <strong>de</strong> quesitação. 02. Nos termos do<br />

art. 482, parágrafo único, do CPP, o Juiz Presi<strong>de</strong>nte elaborará os quesitos levando em conta os termos da pronúncia<br />

ou das <strong>de</strong>cisões posteriores que julgaram admissíveis a acusação, do interrogatório e das alegações das partes.<br />

Assim, não tendo a <strong>de</strong>fesa arguido a existência <strong>de</strong> causa exclu<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> culpabilida<strong>de</strong> ou tese <strong>de</strong>sclassificatória, não<br />

se exige a formulação <strong>de</strong> quesitos específicos sobre os temas” (APR 10024110575065003 – MG, 3.ª C., rel.<br />

Fortuna Grion, DJ 21.01.2014). TJRS: “Inicialmente, registra-se que a quesitação foi <strong>de</strong>vidamente impugnada pela<br />

parte recorrente em plenário, tendo a <strong>de</strong>fesa registrado o necessário protesto em ata <strong>de</strong> julgamento, permitindo,<br />

pois, a análise da prefacial em se<strong>de</strong> do apelo. Ultrapassada esta questão, <strong>de</strong>staca-se que a formulação <strong>de</strong> tese<br />

<strong>de</strong>fensiva <strong>de</strong> negativa <strong>de</strong> dolo (<strong>de</strong>sclassificatória), autoriza a formulação <strong>de</strong> quesito referente ao dolo eventual,<br />

consoante redação do art. 482, parágrafo único, do CPP. Todavia, não se po<strong>de</strong> admitir que a quesitação abarque, em<br />

único quesito, as duas formas <strong>de</strong> dolo, em nítido cerceamento à <strong>de</strong>fesa do réu. Preliminar acolhida. Desconstituído<br />

o julgamento” (Ap. 70037930849, 2.ª C., rel. Rosane Ramos <strong>de</strong> Oliveira Michels, j. 28.05.2013).<br />

254. Elementos para a elaboração dos quesitos: <strong>de</strong>ve o juiz presi<strong>de</strong>nte levar em consi<strong>de</strong>ração os<br />

termos da pronúncia (note-se, pois, a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ser ela convenientemente fundamentada), eventualmente das<br />

<strong>de</strong>cisões posteriores à pronúncia (ex.: o acórdão do tribunal po<strong>de</strong> ter dado provimento a recurso da acusação para<br />

incluir uma qualificadora), o conteúdo do interrogatório do acusado (auto<strong>de</strong>fesa) e as alegações das partes feitas<br />

em plenário. Não mais se leva em conta o libelo-crime acusatório, peça que foi extinta com a reforma do júri. Na<br />

realida<strong>de</strong>, a pronúncia passou a ser a fonte básica do questionário, pois é ela a peça judicial a fornecer os limites da<br />

acusação.<br />

255. Auto<strong>de</strong>fesa e quesitos: finalmente, a Lei 11.689/2008 <strong>de</strong>ixou clara a real necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se levar em<br />

consi<strong>de</strong>ração o alegado pelo réu em seu interrogatório, como manifestação legítima e indispensável da sua<br />

auto<strong>de</strong>fesa, parcela <strong>de</strong> um contexto maior, que é a plenitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa. Havia discussão doutrinária e jurispru<strong>de</strong>ncial<br />

se o magistrado <strong>de</strong>veria incluir no questionário a tese levantada pelo réu, mas não ratificada pelo <strong>de</strong>fensor. Sempre<br />

<strong>de</strong>fen<strong>de</strong>mos que sim, pois a auto<strong>de</strong>fesa é, também, parte do direito <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa. Agora, não mais resta qualquer<br />

dúvida. Cabe ao <strong>de</strong>fensor, se preten<strong>de</strong>r sustentar tese diversa da que for apresentada pelo réu no interrogatório, agir<br />

com cautela e bom senso, para não entrar em choque com a pessoa que <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>. Se o confronto entre ambos for<br />

contun<strong>de</strong>nte, é natural estar o réu in<strong>de</strong>feso.<br />

256. Alegações das partes: como fonte do questionário, as alegações das partes <strong>de</strong>vem ser visualizadas da<br />

seguinte forma: a) a acusação <strong>de</strong>ve pautar-se, em plenário, pelos limites estabelecidos pela pronúncia, ao menos no<br />

que toca à imputação principal; somente po<strong>de</strong> inovar em questões secundárias, como, por exemplo, apresentando

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!