12.06.2017 Views

Código de Processo Penal Comentado (2016) - Guilherme de Souza Nucci

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

legitimida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sua posição <strong>de</strong> órgão <strong>de</strong> acusação auxiliar. Não se po<strong>de</strong> verda<strong>de</strong>iramente assistir alguém, sem que<br />

haja instrumentos a tanto. Ouve-se o Ministério Público, antes da <strong>de</strong>cisão, a fim <strong>de</strong> se evitar tumulto causado pelo<br />

assistente, ao propor provas, por exemplo, in<strong>de</strong>vidas ou prejudiciais à posição acusatória.<br />

17. Intimação para os atos processuais: uma vez admitido no processo, <strong>de</strong>ve o assistente, através do seu<br />

advogado, ser intimado para todos os atos que <strong>de</strong>vam se realizar no feito, como é o caso das audiências <strong>de</strong><br />

instrução. Entretanto, se <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> comparecer a qualquer <strong>de</strong>les, para os quais tenha sido regularmente cientificado,<br />

sem fornecer a <strong>de</strong>vida justificativa, não mais será intimado. Sua função <strong>de</strong> auxiliar da acusação não é indispensável,<br />

sendo razoável que ele zele pela sua participação, não abandonando a causa sem justa razão. Se o fizer, não é<br />

<strong>de</strong>sabilitado, mas não será mais intimado.<br />

Art. 272. O Ministério Público será ouvido previamente sobre a admissão do assistente. 18<br />

18. Oposição do Ministério Público: somente <strong>de</strong>ve dar-se em caso <strong>de</strong> falta <strong>de</strong> legitimação. Assim, quando<br />

o promotor insurgir-se contra a intervenção do assistente, por outras causas, <strong>de</strong>ve o juiz admiti-lo. Não nos parece<br />

correto o entendimento daqueles que sustentam ser um juízo discricionário do representante do Ministério Público<br />

o ingresso, no feito, do assistente <strong>de</strong> acusação, baseado na conveniência e oportunida<strong>de</strong> do acompanhamento. Narra<br />

Magalhães Noronha o seguinte: “O Ministério Público será sempre ouvido sobre o pedido <strong>de</strong> assistência, o que é<br />

natural, pois trata-se <strong>de</strong> auxílio à acusação, <strong>de</strong> reforço ao dominus litis, não po<strong>de</strong>ndo este <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> opinar sobre a<br />

conveniência <strong>de</strong>le. Pessoalmente, quando Promotor Público, tivemos ocasião <strong>de</strong> impugnar o pedido <strong>de</strong> assistência<br />

do marido <strong>de</strong> meretriz assassinada, não se compreen<strong>de</strong>ndo tal presença no processo, em face da absoluta falta <strong>de</strong><br />

idoneida<strong>de</strong> moral. Sua participação nos <strong>de</strong>bates do plenário seria, realmente, magnífico reforço... à <strong>de</strong>fesa” (Curso<br />

<strong>de</strong> direito processual penal, p. 145). Ficamos com a posição <strong>de</strong> Espínola Filho, mais consentânea, em nosso<br />

sentir, com a finalida<strong>de</strong> da previsão legal feita pelo <strong>Código</strong> <strong>de</strong> <strong>Processo</strong> <strong>Penal</strong>, admitindo o ingresso do ofendido<br />

no feito. Defen<strong>de</strong> que a avaliação do promotor <strong>de</strong>ve fundar-se, exclusivamente, no aspecto da legitimida<strong>de</strong>:<br />

“Parece-nos que é o único motivo, pelo qual po<strong>de</strong> ser recusado o assistente, e, se o órgão do Ministério Público se<br />

manifestar contrário, invocando a <strong>de</strong>snecessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> auxílio, ou outro motivo <strong>de</strong>sta or<strong>de</strong>m, o juiz, a quem cabe<br />

solucionar em caráter <strong>de</strong>finitivo (sem possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> qualquer recurso), o inci<strong>de</strong>nte, não <strong>de</strong>ixará <strong>de</strong> apoiar a<br />

pretensão da parte privada, que se apresenta com qualida<strong>de</strong> legal para tomar tal posição” (<strong>Código</strong> <strong>de</strong> <strong>Processo</strong><br />

<strong>Penal</strong> brasileiro anotado, v. 3, p. 272). Note-se que foi conferida legitimida<strong>de</strong> para o ofendido ingressar com a<br />

ação penal, ainda que seja ela pública, quando o Ministério Público não o faz no prazo legal (art. 29, CPP), pouco<br />

interessando a idoneida<strong>de</strong> moral da vítima ou qualquer outro fator que não seja o seu interesse em ser aplicada<br />

justiça ao criminoso, razão pela qual, se foi o promotor o autor da ação, é justo que possa o ofendido auxiliá-lo<br />

nesse objetivo, aprecie ou não o dominus litis. No mesmo sentido <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> Mirabete, afirmando, ainda, que, se no<br />

curso do processo, o assistente trair o “sentido teleológico da assistência, que é o <strong>de</strong> reforçar a acusação”, po<strong>de</strong> o<br />

Ministério Público solicitar a sua exclusão (<strong>Código</strong> <strong>de</strong> <strong>Processo</strong> <strong>Penal</strong> interpretado, p. 361). Na jurisprudência:<br />

TJMT: “Conforme preceitua o art. 272 do CPP, o Ministério Público, como titular da ação penal, <strong>de</strong>verá ser ouvido<br />

previamente sobre a admissão do assistente. Contudo, essa regra não po<strong>de</strong> ser tida como absoluta, pois não se trata<br />

<strong>de</strong> um juízo discricionário do órgão Ministerial” (Ap. 121322/2014 – MT, 2.ª C. C., rel. Pedro Sakamoto,<br />

16.09.2015, v.u.).<br />

Art. 273. Do <strong>de</strong>spacho que admitir, ou não, o assistente, não caberá recurso, <strong>de</strong>vendo, entretanto, constar dos<br />

autos o pedido e a <strong>de</strong>cisão. 19<br />

19. Cabimento <strong>de</strong> mandado <strong>de</strong> segurança: embora o artigo em comento seja taxativo ao afirmar que da

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!