12.06.2017 Views

Código de Processo Penal Comentado (2016) - Guilherme de Souza Nucci

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

po<strong>de</strong> enfraquecê-lo, tornando mais débeis os argumentos. Justamente por isso é que os Regimentos Internos do<br />

Supremo Tribunal Fe<strong>de</strong>ral (art. 191, I) e do Superior Tribunal <strong>de</strong> Justiça (art. 201, I) conferem ao relator a<br />

faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> nomear advogado para acompanhar e <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r oralmente o habeas corpus impetrado por pessoa que<br />

não seja bacharel em Direito.<br />

47. Paciente in<strong>de</strong>terminado: inadmissibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> utilização do habeas corpus. Salienta Bento <strong>de</strong> Faria<br />

que “não tem cabimento quando se tratar <strong>de</strong> pessoas in<strong>de</strong>terminadas, v.g., os sócios <strong>de</strong> certa agremiação, os<br />

empregados <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminado estabelecimento, os moradores <strong>de</strong> alguma casa, os membros <strong>de</strong> indicada corporação,<br />

os componentes <strong>de</strong> uma classe etc., ainda quando referida uma das pessoas com o acréscimo <strong>de</strong> – e outros.<br />

Somente em relação a essa será conhecido o pedido” (<strong>Código</strong> <strong>de</strong> <strong>Processo</strong> <strong>Penal</strong>, v. 2, p. 381). No mesmo prisma:<br />

Espínola Filho (<strong>Código</strong> <strong>de</strong> <strong>Processo</strong> <strong>Penal</strong> brasileiro anotado, v. VII, p. 216).<br />

48. Paciente resi<strong>de</strong>nte ou domiciliado no estrangeiro: há possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se impetrar habeas corpus<br />

em seu favor, até porque existe a or<strong>de</strong>m preventiva (salvo-conduto), <strong>de</strong>stinado a prevenir a ocorrência <strong>de</strong> coação<br />

ilegal. Pensam assim: Bento <strong>de</strong> Faria (<strong>Código</strong> <strong>de</strong> <strong>Processo</strong> <strong>Penal</strong>, v. 2, p. 382), ressaltando que o pedido <strong>de</strong>ve ter<br />

por objetivo assegurar a entrada do sujeito no país; Espínola Filho (<strong>Código</strong> <strong>de</strong> <strong>Processo</strong> <strong>Penal</strong> brasileiro anotado,<br />

v. VII, p. 216).<br />

49. Legitimida<strong>de</strong> passiva: no polo passivo da ação <strong>de</strong> habeas corpus está a pessoa – autorida<strong>de</strong> ou não –<br />

apontada como coatora, que <strong>de</strong>ve <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r a legalida<strong>de</strong> do seu ato, quando prestar as informações. Po<strong>de</strong>, ainda, ser<br />

o corpo estatal, como ocorre com tribunais, Comissões Parlamentares <strong>de</strong> Inquérito e outros colegiados. Para<br />

Fre<strong>de</strong>rico Marques, no entanto, quando se tratar <strong>de</strong> autorida<strong>de</strong>, o verda<strong>de</strong>iro sujeito passivo é o Estado (Elementos<br />

<strong>de</strong> direito processual penal, v. IV, p. 376). Parece-nos, no entanto, que no polo passivo, está mesmo a pessoa, ainda<br />

que seja autorida<strong>de</strong>, pois esta será con<strong>de</strong>nada em custas, segundo o espírito do <strong>Código</strong> <strong>de</strong> <strong>Processo</strong> <strong>Penal</strong>, e<br />

respon<strong>de</strong>rá por abuso. Atualmente, ressalte-se, não há mais custas em habeas corpus (art. 5.º, LXXVII, CF),<br />

per<strong>de</strong>ndo o efeito o disposto no art. 653. As informações gozam <strong>de</strong> presunção <strong>de</strong> veracida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>vendo ser<br />

acompanhadas das cópias pertinentes do processo ou inquérito, conforme o caso. Ressalte-se que, em muitos<br />

casos, tratando-se <strong>de</strong> autorida<strong>de</strong>, esta se limita a fazer um mero relatório do feito, <strong>de</strong>ixando <strong>de</strong> sustentar a medida<br />

coercitiva empregada, o que nos soa irregular. Entretanto, se enviar cópia <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong>vidamente fundamentada,<br />

<strong>de</strong>monstrativa da legalida<strong>de</strong> da <strong>de</strong>cisão tomada, supre-se a falha. Note-se que, <strong>de</strong>ixando <strong>de</strong> evi<strong>de</strong>nciar a correção do<br />

seu ato, po<strong>de</strong> ser con<strong>de</strong>nada nas custas (ao menos na época <strong>de</strong> edição do CPP) e processada por abuso <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r<br />

(art. 653, CPP), conforme o caso, tornando saliente o seu interesse <strong>de</strong> que seja consi<strong>de</strong>rada legal a medida<br />

<strong>de</strong>terminada. Sobre o tema, professa Pontes <strong>de</strong> Miranda que “se a autorida<strong>de</strong> coatora se esquiva a prestar<br />

esclarecimentos que lhe foram reiteradamente exigidos, <strong>de</strong>ve ser interpretada tal omissão como tácita confirmação<br />

das alegações do impetrante. (...) A informação oficial é crida, salvo prova em contrário; e a autorida<strong>de</strong> informante<br />

respon<strong>de</strong> pela sua veracida<strong>de</strong>, sob pena <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong>” (História e prática do habeas corpus, p. 390).<br />

Comungando do mesmo entendimento, confira-se em Dante Busana: “Infelizmente, alguns magistrados consi<strong>de</strong>ram<br />

tarefa menor prestar informações em habeas corpus e a confiam ao escrivão, limitando-se a assinar peça por<br />

aquele redigida. Esquecem-se <strong>de</strong> que a impetração imputa-lhes ilegalida<strong>de</strong> ou abuso <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r e não tem sentido o<br />

juiz, cuja missão é cumprir e fazer cumprir a lei, transferir a terceiros a tarefa <strong>de</strong> dar contas <strong>de</strong>ssa missão aos<br />

tribunais superiores” (Habeas corpus, p. 119).<br />

49-A. Legitimida<strong>de</strong> passiva do particular: acrescente-se, ainda, que a Constituição Fe<strong>de</strong>ral não distingue,<br />

no polo passivo, a autorida<strong>de</strong> do particular, <strong>de</strong> modo que é possível impetrar habeas corpus contra qualquer pessoa<br />

que constranja a liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> locomoção <strong>de</strong> outrem. É o meio indiscutivelmente mais seguro e rápido <strong>de</strong><br />

solucionar o impasse. Imagine-se a prostituta presa em algum lugar pelo rufião. Mais célere po<strong>de</strong> ser a impetração<br />

do habeas corpus do que ser a polícia acionada para agir, libertando a vítima. O mesmo se diga dos inúmeros casos

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!