12.06.2017 Views

Código de Processo Penal Comentado (2016) - Guilherme de Souza Nucci

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

estão previstas nos artigos 185 e seguintes do CPP.<br />

66. Audiência única e princípio da concentração: como consequência do princípio-gênero da oralida<strong>de</strong>,<br />

estabeleceu-se a regra da concentração, vale dizer, impulsiona-se toda a colheita da prova e os <strong>de</strong>bates das partes<br />

para um único ato processual. Entretanto, a i<strong>de</strong>ia – positiva, certamente, em função da economia processual – da<br />

audiência única <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>, sobremaneira, da estrutura do Po<strong>de</strong>r Judiciário. De nada adianta a lei <strong>de</strong>terminar a colheita<br />

<strong>de</strong> todas as provas em uma única audiência se não for possível, concretamente, por variadas razões (ausência <strong>de</strong><br />

testemunhas ou peritos, falhas em relação a intimações, falta <strong>de</strong> promotor ou advogado etc.). Dessa forma, há uma<br />

meta a ser atingida pelo novo procedimento, que é a consagração da audiência única, mas não se po<strong>de</strong> acolhê-la<br />

como fato consumado. Leis não alteram a realida<strong>de</strong>, mas apenas auxiliam para que tal se dê, com o tempo, se o<br />

Estado fizer o seu papel, que é investir em pessoas e estrutura da máquina judiciária. Ver a nota 29 ao art. 411,<br />

sobre a crítica à audiência única.<br />

66-A. Presença das partes: é indispensável, como regra, a presença do órgão acusatório na audiência, bem<br />

como do <strong>de</strong>fensor do réu. Este, por sua vez, tem o direito <strong>de</strong> audiência, po<strong>de</strong>ndo ausentar-se. Porém, há <strong>de</strong>cisão<br />

noutro sentido: STJ: “No caso concreto, a ausência do órgão acusatório à audiência <strong>de</strong> ouvida das testemunhas <strong>de</strong><br />

acusação, plenamente justificada em razão do acúmulo <strong>de</strong> comarcas, não acarretou qualquer prejuízo à <strong>de</strong>fesa do<br />

paciente, que sequer foi alegado; a<strong>de</strong>mais, se prejuízo houvesse seria para a acusação, sendo inadmissível a<br />

afirmação <strong>de</strong> nulida<strong>de</strong> em razão <strong>de</strong> procedimento que só à parte contrária interessa. Prece<strong>de</strong>ntes” (HC 181.306 –<br />

PE, 5.ª T., rel. Napoleão Nunes Maia Filho, DJ 17.05.2011).<br />

67. Provas irrelevantes, impertinentes e protelatórias: não há que se <strong>de</strong>ferir a realização <strong>de</strong> qualquer<br />

espécie <strong>de</strong> prova consi<strong>de</strong>rada irrelevante (<strong>de</strong>snecessária para a apuração da verda<strong>de</strong> relacionada à imputação),<br />

impertinente (<strong>de</strong>sviada do foco principal da causa, embora possa ser importante para outros fins) ou protelatória<br />

(repetida ou já <strong>de</strong>monstrada por outras provas anteriormente produzidas). Conferir: STF: “1. Cabe ao juízo<br />

ordinário in<strong>de</strong>ferir as diligências consi<strong>de</strong>radas irrelevantes, impertinentes ou protelatórias (CPP, art. 400, § 1.º),<br />

sendo inviável, na via do habeas corpus, avaliar a necessida<strong>de</strong>, ou não, do que requerido pela <strong>de</strong>fesa. Prece<strong>de</strong>ntes”<br />

(RHC 126204 AgR – SP, 2.ª T., rel. Teori Zavascki, 25.08.2015, v.u.); “1. O princípio do livre convencimento<br />

racional, previsto no § 1.º do art. 400 do CPP, faculta ao juiz o in<strong>de</strong>ferimento das provas consi<strong>de</strong>radas irrelevantes,<br />

impertinentes ou protelatórias. Prece<strong>de</strong>ntes: HC 106.734, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, 1.ª Turma, DJe <strong>de</strong><br />

04.05.20110; HC nº 106.734 – PR, Primeira Turma, Relator o Ministro Ricardo Lewandowski, DJe 04.05.11; HC<br />

108.961, Rel. Min. Dias Toffoli, 1.ª Turma, DJe 08.08.2012; AI nº 741.442 – SP-AgR, Primeira Turma, Relator o<br />

Ministro Ricardo Lewandowski, DJe 15.06.11; AI nº 794.090 – SP-AgR, Segunda Turma, Relator o Ministro<br />

Gilmar Men<strong>de</strong>s, DJe 10.02.11; e AI nº 617.818 – SP-AgR, Primeira Turma, Relator o Ministro Dias Toffoli, DJe<br />

22.11.10 e RHC 115.133 – DF, rel. Min. Luiz Fux” (RHC 126853 AgR – SP, 1.ª T., rel. Luiz Fux, 25.08.2015, v.u.).<br />

68. Esclarecimentos dos peritos: <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m <strong>de</strong> requerimento prévio das partes, o que significa não ser<br />

parte obrigatória da instrução. Checar as notas ao art. 159, § 5.º, do CPP.<br />

Art. 401. Na instrução po<strong>de</strong>rão ser inquiridas até 8 (oito) testemunhas arroladas pela acusação e 8 (oito) pela<br />

<strong>de</strong>fesa. 69<br />

§ 1.º Nesse número não se compreen<strong>de</strong>m as que não prestem compromisso e as referidas. 70<br />

§ 2.º A parte po<strong>de</strong>rá <strong>de</strong>sistir da inquirição <strong>de</strong> qualquer das testemunhas arroladas, ressalvado o disposto no art.<br />

209 <strong>de</strong>ste <strong>Código</strong>. 71<br />

69. Número legal e busca da verda<strong>de</strong> real: no procedimento comum ordinário, as partes po<strong>de</strong>m arrolar,<br />

sem justificar ou motivar, até oito testemunhas cada uma. Entretanto, é evi<strong>de</strong>nte que as pessoas que nada sabem

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!