12.06.2017 Views

Código de Processo Penal Comentado (2016) - Guilherme de Souza Nucci

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

<strong>de</strong>sobediência, justamente porque a sanção já está prevista em lei, que é a sua condução coercitiva, sem a exceção<br />

fixada para as testemunhas, que po<strong>de</strong>m ser, além da condução forçada, processadas pelo referido <strong>de</strong>lito (art. 219,<br />

CPP). É o que tem prevalecido na jurisprudência pátria (ver o nosso <strong>Código</strong> <strong>Penal</strong> comentado, nota 29 ao art.<br />

330).<br />

Art. 261. Nenhum acusado, ainda que ausente ou foragido, será processado ou julgado sem <strong>de</strong>fensor. 8-8-C<br />

Parágrafo único. A <strong>de</strong>fesa técnica, quando realizada por <strong>de</strong>fensor público ou dativo, será sempre exercida através<br />

<strong>de</strong> manifestação fundamentada. 8-B<br />

8. Indisponibilida<strong>de</strong> do direito <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa: trata-se <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>corrência da indisponibilida<strong>de</strong> do direito à<br />

liberda<strong>de</strong>, razão pela qual o réu, ainda que não queira, terá nomeado um <strong>de</strong>fensor, habilitado para a função, para o<br />

patrocínio <strong>de</strong> sua <strong>de</strong>fesa. E tal medida ainda não é o bastante. Torna-se fundamental que o magistrado zele pela<br />

qualida<strong>de</strong> da <strong>de</strong>fesa técnica, <strong>de</strong>clarando, se for preciso, in<strong>de</strong>feso o acusado e nomeando outro advogado para<br />

<strong>de</strong>sempenhar a função. Note-se que nem mesmo o <strong>de</strong>fensor constituído pelo réu escapa a esse controle <strong>de</strong><br />

eficiência. Não correspon<strong>de</strong>ndo ao mínimo aguardado para uma efetiva ampla <strong>de</strong>fesa, po<strong>de</strong> o juiz <strong>de</strong>sconstituí-lo,<br />

nomeando um substituto dativo, embora <strong>de</strong>va dar prazo ao acusado para a indicação <strong>de</strong> outro profissional <strong>de</strong> sua<br />

confiança. Anota a doutrina, por fim, que a ausência <strong>de</strong> profissional habilitado ao patrocínio da causa, na Comarca –<br />

o que é situação rara nos dias <strong>de</strong> hoje –, não é empecilho para que o juiz nomeie um leigo, com mínima capacitação<br />

(como, por exemplo, tendo curso superior) a fim <strong>de</strong> ser garantida a ampla <strong>de</strong>fesa.<br />

8-A. Excesso <strong>de</strong> prazo provocado pela <strong>de</strong>fesa: o <strong>de</strong>senvolvimento dos atos processuais exige uma<br />

atuação ética das partes, razão pela qual o <strong>de</strong>fensor, ainda que atue com firmeza e <strong>de</strong>terminação em nome do réu,<br />

não po<strong>de</strong> requerer diligências protelatórias com a finalida<strong>de</strong> exclusiva <strong>de</strong> provocar excesso <strong>de</strong> prazo,<br />

fundamentador do pedido <strong>de</strong> relaxamento ou revogação da prisão cautelar. Nesse sentido dispõe a Súmula 64 do<br />

Superior Tribunal <strong>de</strong> Justiça: “Não constitui constrangimento ilegal o excesso <strong>de</strong> prazo na instrução, provocado<br />

pela <strong>de</strong>fesa”.<br />

8-B. Efetivida<strong>de</strong> da <strong>de</strong>fesa: preocupou-se o legislador, ao editar a Lei 10.792/2003, acrescentando o<br />

parágrafo único ao art. 261, com a efetivida<strong>de</strong> da <strong>de</strong>fesa, especialmente no que concerne ao <strong>de</strong>fensor público ou<br />

dativo. E agiu corretamente. Salientamos, em primeiro plano, que a exigência <strong>de</strong> manifestação fundamentada não<br />

envolveu o <strong>de</strong>fensor constituído pela simples razão <strong>de</strong> ser esse profissional da confiança do acusado, motivo pelo<br />

qual o juiz <strong>de</strong>ve exercitar controle menos rígido sobre sua atuação. Embora existente a fiscalização, com<br />

possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rar o réu in<strong>de</strong>feso, em casos teratológicos <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesas contraditórias e absolutamente<br />

ineficientes, no geral, <strong>de</strong>ve ser respeitada a vonta<strong>de</strong> do réu ao eleger seu <strong>de</strong>fensor e, com isso, cabe a este<br />

profissional optar pelos melhores caminhos e estratégias a seguir. Dessa maneira, manifestações suas,<br />

consi<strong>de</strong>radas sintéticas, ainda que possam parecer <strong>de</strong>smotivadas, como ocorre, por exemplo – e não raro – nas<br />

alegações finais orais do procedimento do júri pedindo a pronúncia, mas <strong>de</strong>stacando que a efetiva <strong>de</strong>fesa será<br />

<strong>de</strong>senvolvida em plenário, diante dos jurados, necessita ser respeitada. Trata-se <strong>de</strong> estratégia <strong>de</strong> duplo efeito: em<br />

primeiro lugar, quando assim agem, os <strong>de</strong>fensores constituídos tarimbados não <strong>de</strong>sejam que o magistrado, ao<br />

pronunciar o réu – o que sabem ser inexorável pela prova produzida e uma vez que se cuida <strong>de</strong> mero juízo <strong>de</strong><br />

admissibilida<strong>de</strong> da acusação – ingresse em consi<strong>de</strong>rações mais aprofundadas sobre a prova, o que po<strong>de</strong>ria<br />

enfraquecer a tese <strong>de</strong>fensiva em plenário. Em segundo lugar, muitos <strong>de</strong>les não preten<strong>de</strong>m adiantar ao órgão<br />

acusatório – e não precisam, <strong>de</strong> fato, fazê-lo – qual será a linha <strong>de</strong>fensiva, que reservam para o momento crucial e<br />

<strong>de</strong>cisivo do julgamento, em face do juiz natural da causa, que é o Conselho <strong>de</strong> Sentença. Assim, com essa<br />

ilustração, verifica-se que o <strong>de</strong>fensor constituído está fora da exigência feita pelo novo parágrafo único do art. 261,<br />

não significando que toda e qualquer <strong>de</strong> suas manifestações possa ser <strong>de</strong>smotivada e sem fundamentação,

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!