12.06.2017 Views

Código de Processo Penal Comentado (2016) - Guilherme de Souza Nucci

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

1. Conceito <strong>de</strong> prisão: é a privação da liberda<strong>de</strong>, tolhendo-se o direito <strong>de</strong> ir e vir, através do recolhimento<br />

da pessoa humana ao cárcere. Não se distingue, nesse conceito, a prisão provisória, enquanto se aguarda o <strong>de</strong>slin<strong>de</strong><br />

da instrução criminal, daquela que resulta <strong>de</strong> cumprimento <strong>de</strong> pena. Enquanto o <strong>Código</strong> <strong>Penal</strong> regula a prisão<br />

proveniente <strong>de</strong> con<strong>de</strong>nação, estabelecendo as suas espécies, forma <strong>de</strong> cumprimento e regimes <strong>de</strong> abrigo do<br />

con<strong>de</strong>nado, o <strong>Código</strong> <strong>de</strong> <strong>Processo</strong> <strong>Penal</strong> cuida da prisão cautelar e provisória, <strong>de</strong>stinada unicamente a vigorar,<br />

quando necessário, até o trânsito em julgado da <strong>de</strong>cisão con<strong>de</strong>natória. Quanto às prisões administrativas, ver as<br />

notas 1 a 3 do Capítulo V do Título IX do Livro I.<br />

2. Fundamento constitucional da prisão: preceitua o art. 5.º, LXI, que “ninguém será preso senão em<br />

flagrante <strong>de</strong>lito ou por or<strong>de</strong>m escrita e fundamentada <strong>de</strong> autorida<strong>de</strong> judiciária competente, salvo nos casos <strong>de</strong><br />

transgressão militar ou crime propriamente militar, <strong>de</strong>finidos em lei”. A regra, pois, é que a prisão, no Brasil, <strong>de</strong>ve<br />

basear-se em <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> magistrado competente, <strong>de</strong>vidamente motivada e reduzida a escrito, ou necessita <strong>de</strong>correr<br />

<strong>de</strong> flagrante <strong>de</strong>lito, neste caso cabendo a qualquer do povo a sua concretização. Os incisos LXII, LXIII, LXIV e<br />

LXV, do mesmo artigo, regulam a maneira pela qual a prisão <strong>de</strong>ve ser formalizada.<br />

3. Espécies <strong>de</strong> prisão processual cautelar, quanto ao momento <strong>de</strong> <strong>de</strong>cretação: a) prisão<br />

temporária; b) prisão em flagrante; c) prisão preventiva; d) prisão em <strong>de</strong>corrência <strong>de</strong> pronúncia; e) prisão em<br />

<strong>de</strong>corrência <strong>de</strong> sentença con<strong>de</strong>natória recorrível; f) condução coercitiva <strong>de</strong> réu, vítima, testemunha, perito ou <strong>de</strong><br />

outra pessoa que se recuse, injustificadamente, a comparecer em juízo ou na polícia. Neste último caso, por se<br />

tratar <strong>de</strong> modalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> prisão (quem é conduzido coercitivamente po<strong>de</strong> ser algemado e colocado em cela até que<br />

seja ouvido pela autorida<strong>de</strong> competente), somente o juiz po<strong>de</strong> <strong>de</strong>cretá-la. Aliás, nessa ótica, cumpre ressaltar o<br />

disposto no art. 3.º da Lei 1.579/52 (modificada pela Lei 10.679/2003): “Indiciados e testemunhas serão intimados<br />

<strong>de</strong> acordo com as prescrições estabelecidas na legislação penal. § 1.º Em caso <strong>de</strong> não comparecimento da<br />

testemunha sem motivo justificado, a sua intimação será solicitada ao juiz criminal da localida<strong>de</strong> em que resida ou<br />

se encontre, na forma do art. 218 do <strong>Código</strong> <strong>de</strong> <strong>Processo</strong> <strong>Penal</strong>”. Demonstra-se, pois, que as Comissões<br />

Parlamentares <strong>de</strong> Inquérito, cujo po<strong>de</strong>r investigatório, segundo a Constituição Fe<strong>de</strong>ral (art. 58, § 3.º), é próprio das<br />

autorida<strong>de</strong>s judiciais, não <strong>de</strong>vem ter outro procedimento senão o <strong>de</strong> requerer ao magistrado a intimação e condução<br />

coercitiva da testemunha para prestar <strong>de</strong>poimento. Logo, nenhuma outra autorida<strong>de</strong> po<strong>de</strong> pren<strong>de</strong>r a testemunha para<br />

conduzi-la à sua presença sem expressa, escrita e fundamentada or<strong>de</strong>m do juiz competente (art. 5.º, LXI, CF).<br />

4. Controle da legalida<strong>de</strong> da prisão: é impositivo constitucional que toda prisão seja fielmente<br />

fiscalizada por juiz <strong>de</strong> direito. Estipula o art. 5.º, LXV, que “a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela<br />

autorida<strong>de</strong> judiciária”. Além disso, não se po<strong>de</strong> olvidar que mesmo a prisão <strong>de</strong>cretada por magistrado fica sob o

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!