12.06.2017 Views

Código de Processo Penal Comentado (2016) - Guilherme de Souza Nucci

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

garantia <strong>de</strong> motivação das <strong>de</strong>cisões judiciais – <strong>de</strong>terminar a produção <strong>de</strong> provas que enten<strong>de</strong>r pertinentes e<br />

razoáveis, a fim <strong>de</strong> dirimir dúvidas sobre pontos relevantes, seja por força do princípio da busca da verda<strong>de</strong>, seja<br />

pela adoção do sistema do livre convencimento motivado. 2. Nos termos do art. 156, II do CPP é facultado ao<br />

magistrado, <strong>de</strong> ofício, ‘<strong>de</strong>terminar, no curso da instrução, ou antes <strong>de</strong> proferir sentença, a realização <strong>de</strong> diligências<br />

para dirimir dúvida sobre ponto relevante’. 3. In casu, o juiz, após as alegações finais, por se tratar <strong>de</strong> infração penal<br />

que <strong>de</strong>ixou vestígios (obtenção, mediante frau<strong>de</strong>, <strong>de</strong> financiamento em instituição financeira), converteu o<br />

julgamento em diligência e <strong>de</strong>terminou, com fundamento no art. 156, II, do CPP, a realização <strong>de</strong> perícia<br />

grafotécnica em alguns documentos, com a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> dirimir dúvida sobre ponto relevante para o <strong>de</strong>slin<strong>de</strong> da<br />

causa (autoria do fato), facultando às partes, ainda, o exercício dos direitos previstos no art. 159 do CPP<br />

(possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> o acusado formular quesitos e indicar assistente técnico), o que não configura qualquer<br />

ilegalida<strong>de</strong>. 4. Recurso a que se nega provimento.” (RHC 59475 – SP, 6.ª T., rel. Maria Thereza <strong>de</strong> Assis Moura,<br />

09.06.2015, v.u.).<br />

32-A. Inspeção judicial: preceitua o <strong>Código</strong> <strong>de</strong> <strong>Processo</strong> Civil <strong>de</strong> 1973 que “o juiz, <strong>de</strong> ofício ou a<br />

requerimento da parte, po<strong>de</strong>, em qualquer fase do processo, inspecionar pessoas ou coisas, a fim <strong>de</strong> se esclarecer<br />

sobre fato, que interesse à <strong>de</strong>cisão da causa” (art. 440), po<strong>de</strong>ndo ser assistido por peritos (art. 441). Tal medida,<br />

por analogia, po<strong>de</strong> ser usada no processo penal, constituindo, aliás, importante ferramenta para a busca da verda<strong>de</strong><br />

real. Por isso, nada impe<strong>de</strong> que o magistrado queira ver o local on<strong>de</strong> se <strong>de</strong>u um aci<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> trânsito, por exemplo,<br />

se lhe pairam dúvidas acerca dos <strong>de</strong>talhes trazidos aos autos pelas partes em alegações antagônicas. Nem sempre o<br />

perito consegue ilustrar satisfatoriamente <strong>de</strong>terminados pontos controversos, que somente a inspeção teria o<br />

condão <strong>de</strong> aclarar. As partes po<strong>de</strong>m acompanhar o magistrado, fazendo observações que julguem pertinentes (art.<br />

442, parágrafo único, CPC/1973. Vi<strong>de</strong> art. 483, parágrafo único, do CPC/2015), o que <strong>de</strong>monstra o respeito ao<br />

contraditório e à ampla <strong>de</strong>fesa. No final da diligência, lavra-se auto do ocorrido (art. 443 do CPC/1973. Vi<strong>de</strong> art.<br />

484 do CPC/2015). Pela aplicação da inspeção judicial, quando for o caso, no processo penal, está a posição <strong>de</strong><br />

Marcos Alexandre Coelho Zilli: “Ora, se no processo civil, on<strong>de</strong> a atuação dos sujeitos parciais é mais vigorosa,<br />

não esteve o legislador permeável a temores infundados, maiores serão os fundamentos para estendê-la ao<br />

processo penal, em que um bom acertamento fático é condição mais do que essencial para aplicação do direito<br />

material <strong>de</strong>senhado para a proteção <strong>de</strong> interesses notoriamente públicos” (Iniciativa instrutória do juiz no<br />

processo penal, p. 207).<br />

33. Ponto relevante: ponto é o assunto ou a matéria discutida no processo. Deve ser relevante, isto é,<br />

conveniente e importante para o <strong>de</strong>slin<strong>de</strong> da causa. Não se <strong>de</strong>ve prolongar a instrução, <strong>de</strong> ofício, quando se tratar <strong>de</strong><br />

matéria impertinente ou irrisória para formar o convencimento do magistrado.<br />

Art. 157. São inadmissíveis, <strong>de</strong>vendo ser <strong>de</strong>sentranhadas do processo, as provas ilícitas, 34 assim entendidas as<br />

obtidas em violação a normas constitucionais ou legais. 35<br />

§ 1.º São também inadmissíveis as provas <strong>de</strong>rivadas das ilícitas, 36 36-A salvo quando não evi<strong>de</strong>nciado o nexo <strong>de</strong><br />

causalida<strong>de</strong> entre umas e outras, ou quando as <strong>de</strong>rivadas pu<strong>de</strong>rem ser obtidas por uma fonte in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte das<br />

primeiras. 37-39<br />

§ 2.º Consi<strong>de</strong>ra-se fonte in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte 40 aquela que por si só, seguindo os trâmites típicos e <strong>de</strong> praxe, próprios da<br />

investigação ou instrução criminal, seria capaz <strong>de</strong> conduzir ao fato objeto da prova. 41-47-A<br />

§ 3.º Preclusa a <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> <strong>de</strong>sentranhamento da prova <strong>de</strong>clarada inadmissível, esta será inutilizada por <strong>de</strong>cisão<br />

judicial, facultado às partes acompanhar o inci<strong>de</strong>nte. 48-48-A<br />

§ 4.º (Vetado.) 34. (Antiga nota 4 das Disposições Gerais) Provas ilícitas: dispõe o art. 5.º, LVI, da Constituição<br />

Fe<strong>de</strong>ral que “são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos”. No <strong>Código</strong> <strong>de</strong> <strong>Processo</strong> <strong>Penal</strong>,<br />

encontra-se o disposto no art. 155, parágrafo único, preceituando que “somente quanto ao estado das pessoas serão<br />

observadas as restrições estabelecidas na lei civil”. Por outro lado, no <strong>Código</strong> <strong>de</strong> <strong>Processo</strong> Civil <strong>de</strong> 1973,<br />

encontramos que “todos os meios legais, bem como os moralmente legítimos, ainda que não especificados neste

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!