12.06.2017 Views

Código de Processo Penal Comentado (2016) - Guilherme de Souza Nucci

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

16. Conteúdo da <strong>de</strong>fesa prévia: como já mencionamos, a <strong>de</strong>nominação <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa prévia continua a ser a<br />

mais indicada, pois é uma peça <strong>de</strong>fensiva apresentada após o recebimento da <strong>de</strong>núncia ou queixa, logo, não se<br />

confun<strong>de</strong> com a <strong>de</strong>fesa preliminar, que seria oferecida anteriormente ao recebimento da peça acusatória. A <strong>de</strong>fesa<br />

prévia <strong>de</strong>ve conter todas as questões <strong>de</strong> natureza preliminar, vale dizer, aquelas que servem para apontar vícios e<br />

falhas existentes na investigação ou na peça acusatória. Além disso, é o momento a<strong>de</strong>quado para a propositura <strong>de</strong><br />

provas, juntada <strong>de</strong> documentos, se for o caso, bem como para apresentar o rol das testemunhas, até o máximo <strong>de</strong><br />

oito, lembrando sempre <strong>de</strong> oferecer a sua qualificação e requerer a intimação, salvo se comparecerem<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente disso. Menciona o § 3.º po<strong>de</strong>r o acusado “alegar tudo o que interesse a sua <strong>de</strong>fesa”, o que é<br />

manifestamente óbvio, razão pela qual o texto po<strong>de</strong>ria ser retirado, evitando-se lançar na lei palavras inúteis.<br />

A<strong>de</strong>mais, insere-se o direito do réu <strong>de</strong> oferecer justificações. Não se explica o sentido do termo. Se<br />

consi<strong>de</strong>rarmos as justificações como procedimentos inci<strong>de</strong>ntais cautelares, para a produção <strong>de</strong> provas, acabam<br />

sendo inócuas nesta fase, pois o estágio seguinte é justamente o da instrução do feito. Assumindo-se que<br />

justificações são as exclu<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> ilicitu<strong>de</strong> (legítima <strong>de</strong>fesa, estado <strong>de</strong> necessida<strong>de</strong> etc.), também não seria<br />

preciso qualquer menção, pois a <strong>de</strong>fesa encontrará sempre o momento certo para lançar a tese i<strong>de</strong>al em favor do<br />

réu. Levando-se em conta que o termo refere-se a qualquer justificativa para o cometimento da infração penal,<br />

igualmente, não há necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se fazer constar em lei, pois o <strong>de</strong>fensor saberá explorar tal aspecto,<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente da dica do legislador. Eventuais exceções (suspeição, impedimento, coisa julgada,<br />

litispendência) serão apresentadas, também, nessa fase. Po<strong>de</strong>-se alegar, ainda, qualquer outra matéria <strong>de</strong> interesse<br />

da <strong>de</strong>fesa, como, por exemplo, a extinção da punibilida<strong>de</strong>, por qualquer causa. Consultar: STJ: “1. No processo<br />

penal da competência do Tribunal do Júri, o momento a<strong>de</strong>quado para o acusado alegar tudo que interessa à <strong>de</strong>fesa,<br />

com a indicação das provas que preten<strong>de</strong> produzir, a juntada <strong>de</strong> documentos e a apresentação do rol <strong>de</strong> testemunhas<br />

é a <strong>de</strong>fesa prévia, nos termos do artigo 406, § 3.º do <strong>Código</strong> <strong>de</strong> <strong>Processo</strong> <strong>Penal</strong>. 2. Não há preclusão se a parte, no<br />

momento da apresentação da <strong>de</strong>fesa prévia, formula pedido <strong>de</strong> indicação <strong>de</strong> rol <strong>de</strong> testemunhas a posteriori;<br />

tampouco há violação do contraditório se o magistrado <strong>de</strong>fere o pedido em busca da verda<strong>de</strong> real e diante da<br />

impossibilida<strong>de</strong> do contato do <strong>de</strong>fensor público com o acusado. 3. Recurso improvido” (REsp 1443533 – RS, 6.ª<br />

T., rel. Maria Thereza <strong>de</strong> Assis Moura, 23.06.2015, m.v.).<br />

Art. 407. As exceções serão processadas em apartado, nos termos dos arts. 95 a 112 <strong>de</strong>ste <strong>Código</strong>. 17<br />

17. Exceções: são as <strong>de</strong>fesas indiretas oferecidas por qualquer das partes, com o fim <strong>de</strong> resolver questão<br />

processual relevante, prolongando o trâmite processual, ou com a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> barrar, <strong>de</strong>finitivamente, o seu curso,<br />

porque processualmente incabível se torna o prosseguimento da ação. A exceção <strong>de</strong> coisa julgada, por exemplo,<br />

tem caráter peremptório, pois o objetivo é finalizar o processo. A exceção <strong>de</strong> incompetência, ilustrando, tem<br />

caráter dilatório, visto que a sua meta é somente alterar o juízo. Conferir os arts. 95 e ss. do CPP. Não havia<br />

necessida<strong>de</strong> alguma <strong>de</strong> se mencionar o óbvio em norma <strong>de</strong>stacada. Naturalmente, se a parte interessada quiser<br />

ingressar com qualquer exceção, buscará seu campo próprio no <strong>Código</strong> <strong>de</strong> <strong>Processo</strong> <strong>Penal</strong>, vale dizer, os arts. 95 a<br />

112.<br />

Art. 408. Não apresentada a resposta no prazo legal, o juiz nomeará <strong>de</strong>fensor para oferecê-la em até 10 (<strong>de</strong>z) dias,<br />

conce<strong>de</strong>ndo-lhe vista dos autos. 18<br />

18. Indispensabilida<strong>de</strong> da <strong>de</strong>fesa prévia: seguindo o preceito constitucional da ampla <strong>de</strong>fesa, durante a<br />

fase <strong>de</strong> formação da culpa, é inaceitável que o réu, citado, <strong>de</strong>ixe <strong>de</strong> apresentar a sua <strong>de</strong>fesa prévia. Por se tratar <strong>de</strong><br />

direito indisponível, caso ele possua <strong>de</strong>fensor constituído, po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>clarado réu in<strong>de</strong>feso e outro causídico será<br />

nomeado pelo juiz para o patrocínio da causa. No entanto, inexistindo <strong>de</strong>fensor constituído, nomeia-se um dativo

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!