12.06.2017 Views

Código de Processo Penal Comentado (2016) - Guilherme de Souza Nucci

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

suspensão condicional do processo, isto é, se houve, foi ou não cumprida e em qual juízo, além <strong>de</strong>, obviamente,<br />

consultar o réu sobre eventual con<strong>de</strong>nação existente, inclusive com suspensão condicional da pena, cumprida<br />

<strong>de</strong>vidamente ou não.<br />

25. Reincidências real e ficta: saber se o réu já foi con<strong>de</strong>nado, qual foi a pena imposta e se a cumpriu,<br />

auxilia o juiz a <strong>de</strong>tectar a reincidência real (quando o acusado já foi con<strong>de</strong>nado e efetivamente cumpriu sua pena) e<br />

a reincidência ficta (quando foi con<strong>de</strong>nado, mas nunca cumpriu pena, isto é, não foi reeducado). Tal circunstância<br />

po<strong>de</strong> influir no momento <strong>de</strong> fixação da pena.<br />

26. Dados familiares e sociais: outra inovação trazida pela Lei 10.792/2003, busca a obtenção <strong>de</strong><br />

elementos relativos à personalida<strong>de</strong> e à conduta social do acusado, que serão muito úteis no futuro, em caso <strong>de</strong><br />

con<strong>de</strong>nação, conforme prevê o art. 59 do CP, para a fixação da pena. Dados familiares são representados por<br />

perguntas relativas ao estado civil, situação do cônjuge ou companheiro(a), número <strong>de</strong> filhos, grau <strong>de</strong> estabilida<strong>de</strong><br />

do casamento ou união estável, se existem outras famílias, que sustente ou não, se o réu mantém todos seus<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes, enfim, partes da sua vida pessoal. Dados sociais buscam <strong>de</strong>tectar elementos ligados à sua vida<br />

comunitária, seu relacionamento no trabalho, na vizinhança, nas ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> lazer, no centro <strong>de</strong> estudo, ou seja,<br />

colheita <strong>de</strong> pontos pertinentes à sua inserção na socieda<strong>de</strong>.<br />

27. Interrogatórios lacônicos: são totalmente incompatíveis com a finalida<strong>de</strong> almejada pelo legislador, o<br />

que se po<strong>de</strong> verificar pela série <strong>de</strong> perguntas que <strong>de</strong>vem ser feitas a quem se dispõe a falar. Salvo pela utilização do<br />

direito ao silêncio, colocando um fim ao interrogatório, no mais <strong>de</strong>ve o juiz proce<strong>de</strong>r com minúcia e cuidado ao<br />

obter as <strong>de</strong>clarações do réu. Não o fazendo, po<strong>de</strong> contribuir para a má-formação da prova, prejudicando a ampla<br />

<strong>de</strong>fesa e também o <strong>de</strong>vido processo legal. O mesmo ocorre quando o interrogatório é realizado por carta<br />

precatória, <strong>de</strong>vendo o juízo <strong>de</strong>precado colher todos os dados indispensáveis, previstos no art. 187, para<br />

proporcionar bom contexto probatório ao juízo <strong>de</strong>precante. Pensamos <strong>de</strong>va ser anulado o ato laconicamente<br />

produzido, se requerido por qualquer das partes, ou mesmo <strong>de</strong> ofício pelo julgador – quando não tenha sido a<br />

autorida<strong>de</strong> interrogante – para que outro se realize, nos exatos termos legais.<br />

28. Sobre a veracida<strong>de</strong> da imputação: esta <strong>de</strong>ve ser, <strong>de</strong> fato, a primeira pergunta a ser feita pelo juiz,<br />

caso o réu <strong>de</strong>seje manifestar-se sobre o conteúdo da <strong>de</strong>núncia ou da queixa. Admitida ou negada a verda<strong>de</strong> da<br />

imputação, as <strong>de</strong>mais perguntas ganham um contorno diferenciado e mais objetivo. Torna-se, então, coerente<br />

indagar, na sequência, ao interrogado se ele estava no local do crime, se conhece as provas apuradas, se conhece a<br />

vítima e as testemunhas, se conhece o instrumento do crime, entre outros dados.<br />

29. Busca da origem da imputação: se o acusado negar a imputação, o juiz cuida <strong>de</strong> lhe perguntar a que<br />

po<strong>de</strong> atribuí-la, isto é, qual seria o motivo fundamentador da investigação criminal, que legitimou o órgão<br />

acusatório a processá-lo, porque, às vezes, cuida-se <strong>de</strong> uma armação, concretizada por inimigo seu, proporcionando<br />

ao magistrado melhor visão do caso, preparando-se para a fase <strong>de</strong> colheita da prova testemunhal.<br />

30. Instigação à acusação <strong>de</strong> terceiros: o sistema processual penal é ilógico. Convida o réu que nega a<br />

imputação a <strong>de</strong>clinar a pessoa a quem <strong>de</strong>va ser imputada a prática do crime, embora não permita que o eventual<br />

<strong>de</strong>nunciado possa arrolar quem o acusou para ser ouvido como testemunha. Ora, é natural que, havendo acusação a<br />

terceira pessoa, possa o imputado, através do seu <strong>de</strong>fensor, futuramente, fazer reperguntas específicas ao acusador,<br />

mesmo em momento especialmente <strong>de</strong>signado para essa finalida<strong>de</strong>, não se po<strong>de</strong>ndo afastar tal possibilida<strong>de</strong>, sob<br />

pena <strong>de</strong> se fomentar a produção <strong>de</strong> prova distante do crivo do contraditório e da ampla <strong>de</strong>fesa, o que é ina<strong>de</strong>quado.<br />

Ver a nota 11 ao art. 202.<br />

31. Momento <strong>de</strong> invocação do álibi: se não <strong>de</strong>seja confessar, é o instante em que <strong>de</strong>ve o acusado alegar o

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!