12.06.2017 Views

Código de Processo Penal Comentado (2016) - Guilherme de Souza Nucci

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

imediatamente”. E continuou, em relação à competência da Justiça Fe<strong>de</strong>ral: “firmou-se com base no fato <strong>de</strong> que a<br />

consumação do ilícito ocorreu além das fronteiras nacionais, visto que as imagens foram comprovadamente<br />

captadas no exterior, afigurando-se, pois, ao meu juízo, irrelevante para esse efeito, pleno exaurimento do <strong>de</strong>lito”<br />

(HC 86.289 – GO, 1.ª T., rel. Ricardo Lewandowski, 06.06.2006, m.v., DJ 20.10.2006). O mesmo se <strong>de</strong>cidiu<br />

recentemente: STF: “O Tribunal, por maioria, vencido o Ministro Marco Aurélio, apreciando o tema 393 da<br />

repercussão geral, fixou tese nos seguintes termos: ‘Compete à Justiça Fe<strong>de</strong>ral processar e julgar os crimes<br />

consistentes em disponibilizar ou adquirir material pornográfico envolvendo criança ou adolescente (arts. 241,<br />

241-A e 241-B da Lei nº 8.069/1990) quando praticados por meio da re<strong>de</strong> mundial <strong>de</strong> computadores’”.<br />

(Presidência do Ministro Ricardo Lewandowski. Plenário, RE 628624, relator para o acórdão: Edson Fachin,<br />

29.10.2015). E também: STF: “A 2.ª Turma <strong>de</strong>negou habeas corpus e reconheceu a competência da justiça fe<strong>de</strong>ral<br />

para processar e julgar crimes <strong>de</strong> estupro e atentado violento ao pudor conexos com crimes <strong>de</strong> pedofilia e<br />

pornografia infantil <strong>de</strong> caráter transnacional. Na espécie, houvera a quebra <strong>de</strong> sigilo <strong>de</strong> dados do paciente,<br />

i<strong>de</strong>ntificado por meio do en<strong>de</strong>reço “IP” (Internet Protocol) <strong>de</strong> seu computador, no curso <strong>de</strong> operação policial<br />

<strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ada na Espanha. Apurara-se que o investigado também teria supostamente cometido crimes <strong>de</strong> estupro e<br />

atentado violento ao pudor contra menores no Brasil. Enten<strong>de</strong>u-se que os crimes seriam conexos e, para perfeita<br />

investigação do caso, seria necessário examinar provas em ambos os processos e, por isso, impossível <strong>de</strong>smembrar<br />

os feitos” (HC 114.689 – SP, 2.ª T., rel. Min. Ricardo Lewandowski, 13.08.2013, v.u., Informativo 715). Sob outro<br />

aspecto, vale sempre consi<strong>de</strong>rar o local on<strong>de</strong> se encontra hospedado o site divulgador <strong>de</strong> <strong>de</strong>lito <strong>de</strong> opinião: STJ:<br />

“Crime contra a honra. Calúnia. Ofensas publicadas em blog na internet. Competência do local on<strong>de</strong> está sediado o<br />

servidor que hospeda o blog. 1. O art. 6.º do <strong>Código</strong> <strong>Penal</strong> dispõe que o local do crime é aquele em que se realizou<br />

qualquer dos atos que compõem o iter criminis. Nos <strong>de</strong>litos virtuais, tais atos po<strong>de</strong>m ser praticados em vários<br />

locais. 2. Nesse aspecto, esta Corte Superior <strong>de</strong> Justiça já se pronunciou no sentido <strong>de</strong> que a competência<br />

territorial se firma pelo local em que se localize o provedor do site on<strong>de</strong> se hospeda o blog, no qual foi publicado o<br />

texto calunioso. 3. Na hipótese, tratando-se <strong>de</strong> queixa-crime que imputa prática do crime <strong>de</strong> calúnia, <strong>de</strong>corrente <strong>de</strong><br />

divulgação <strong>de</strong> carta em blog, na internet, o foro para processamento e julgamento da ação é o do lugar do ato<br />

<strong>de</strong>lituoso, ou seja, <strong>de</strong> on<strong>de</strong> partiu a publicação do texto tido por calunioso. Como o blog <strong>de</strong>nominado Tribuna Livre<br />

do Juca está hospedado na empresa NetRevenda (netrevenda.com), sediada em São Paulo, é do Juízo Paulista, ora<br />

suscitante, a competência para o feito em questão. 4. Conflito conhecido para <strong>de</strong>clarar competente o Juízo <strong>de</strong><br />

Direito da Vara do Juizado Especial Criminal do Foro Central da Barra Funda – São Paulo/SP, o suscitante” (CC<br />

125.125 – SP, 3.ª S., rel. Al<strong>de</strong>rita Ramos <strong>de</strong> Oliveira, 28.11.2012, v.u.).<br />

6-D. Falsificação e uso <strong>de</strong> documento relativo a autarquia fe<strong>de</strong>ral: a competência é da Justiça<br />

Fe<strong>de</strong>ral, ainda que o referido documento seja utilizado em empresa ou instituição privada. Nesse sentido, o<br />

Supremo Tribunal Fe<strong>de</strong>ral fixou o seguinte entendimento: “No presente writ (habeas corpus), não resta dúvida a<br />

respeito da falsificação das certidões negativas <strong>de</strong> débitos expedidas pelo INSS. Assim, ainda que os documentos<br />

falsos tenham sido utilizados perante particular, no caso um banco privado, eu entendo que a falsificação, por si só,<br />

configura infração penal praticada contra interesse <strong>de</strong> órgão fe<strong>de</strong>ral, no caso o INSS, a justificar a competência da<br />

Justiça Fe<strong>de</strong>ral” (HC 85.773 – SP, 2.ª T., rel. Joaquim Barbosa, 17.10.2006, v.u.).<br />

6-E. Falsificação e uso <strong>de</strong> arrais amador: a competência é da Justiça Fe<strong>de</strong>ral, não importando que o<br />

documento (habilitação para conduzir embarcações) seja expedido pela Marinha do Brasil. Conferir: STJ: “Trata-se<br />

<strong>de</strong> conflito <strong>de</strong> competência (CC) entre as Justiças Fe<strong>de</strong>ral e Militar. No caso, o Ministério Público Militar<br />

<strong>de</strong>nunciou o acusado pela suposta prática do crime previsto no art. 315 c/c o art. 311, ambos do <strong>Código</strong> <strong>Penal</strong><br />

Militar (uso <strong>de</strong> documento falso). Isso porque ele teria apresentado carteira <strong>de</strong> habilitação <strong>de</strong> arrais amador (para<br />

condução <strong>de</strong> embarcação) falsificada à equipe <strong>de</strong> inspeção naval da capitania dos portos. A Seção conheceu do

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!