12.06.2017 Views

Código de Processo Penal Comentado (2016) - Guilherme de Souza Nucci

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

1. Conceito <strong>de</strong> prova: o termo prova origina-se do latim – probatio –, que significa ensaio, verificação,<br />

inspeção, exame, argumento, razão, aprovação ou confirmação. Dele <strong>de</strong>riva o verbo provar – probare –,<br />

significando ensaiar, verificar, examinar, reconhecer por experiência, aprovar, estar satisfeito com algo, persuadir<br />

alguém a alguma coisa ou <strong>de</strong>monstrar.<br />

2. Sentidos da prova: há, fundamentalmente, três sentidos para o termo prova: a) ato <strong>de</strong> provar: é o<br />

processo pelo qual se verifica a exatidão ou a verda<strong>de</strong> do fato alegado pela parte no processo (ex.: fase probatória);<br />

b) meio: trata-se do instrumento pelo qual se <strong>de</strong>monstra a verda<strong>de</strong> <strong>de</strong> algo (ex.: prova testemunhal); c) resultado da<br />

ação <strong>de</strong> provar: é o produto extraído da análise dos instrumentos <strong>de</strong> prova oferecidos, <strong>de</strong>monstrando a verda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

um fato. Neste último senso, po<strong>de</strong> dizer o juiz, ao chegar à sentença: “Fez-se prova <strong>de</strong> que o réu é autor do crime”.<br />

Portanto, é o clímax do processo. Segundo Antonio Magalhães Gomes Filho, os dois primeiros sentidos dizem<br />

respeito à ótica objetiva, enquanto o terceiro refere-se à ótica subjetiva, <strong>de</strong>corrente da ativida<strong>de</strong> probatória<br />

<strong>de</strong>senvolvida (Direito à prova no processo penal, p. 33-34).<br />

3. Significados <strong>de</strong> verda<strong>de</strong> e certeza: valemo-nos da lição <strong>de</strong> Malatesta, para quem verda<strong>de</strong> é a<br />

conformida<strong>de</strong> da noção i<strong>de</strong>ológica com a realida<strong>de</strong>, enquanto certeza é a crença nessa conformida<strong>de</strong>, provocando<br />

um estado subjetivo do espírito ligado a um fato, ainda que essa crença não corresponda à verda<strong>de</strong> objetiva (A<br />

lógica das provas em matéria criminal, v. 1, p. 22). Como ensina Carrara, “a certeza está em nós; a verda<strong>de</strong> está<br />

nos fatos” (Programa <strong>de</strong>l curso <strong>de</strong> <strong>de</strong>recho criminal dictado en la Real Universidad <strong>de</strong> Pisa, v. 2, p. 291). É<br />

preciso <strong>de</strong>stacar que a <strong>de</strong>scoberta da verda<strong>de</strong> é sempre relativa, pois o que é verda<strong>de</strong>iro para uns, po<strong>de</strong> ser falso para<br />

outros. A meta da parte, no processo, portanto, é convencer o magistrado, através do raciocínio, <strong>de</strong> que a sua noção<br />

da realida<strong>de</strong> é a correta, isto é, <strong>de</strong> que os fatos se <strong>de</strong>ram no plano real exatamente como está <strong>de</strong>scrito em sua<br />

petição. Convencendo-se disso, o magistrado, ainda que possa estar equivocado, alcança a certeza necessária para<br />

proferir a <strong>de</strong>cisão. Quando forma sua convicção, ela po<strong>de</strong> ser verda<strong>de</strong>ira (correspon<strong>de</strong>nte à realida<strong>de</strong>) ou errônea<br />

(não correspon<strong>de</strong>nte à realida<strong>de</strong>), mas jamais falsa, que é um “juízo não verda<strong>de</strong>iro”. Sustentar que o juiz atingiu<br />

uma convicção falsa seria o mesmo que dizer que o julgador atingiu uma “certeza incerta”, o que é um<br />

contrassenso. Para haver con<strong>de</strong>nação, exige-se que o magistrado tenha chegado ao estado <strong>de</strong> certeza, não valendo a<br />

mera probabilida<strong>de</strong> (juízo que enumera motivos convergentes e divergentes acerca da ocorrência <strong>de</strong> um fato,<br />

prevalecendo os primeiros). Abordagem mais <strong>de</strong>talhada sobre o tema e quanto à análise do valor das provas, ver o<br />

nosso O valor da confissão como meio <strong>de</strong> prova no processo penal, p. 43-50.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!