12.06.2017 Views

Código de Processo Penal Comentado (2016) - Guilherme de Souza Nucci

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

extremamente provável ou quando <strong>de</strong>sapareceram em campanha ou foram feitas prisioneiras, sem que fossem<br />

encontradas até 2 anos após a guerra, fixando a sentença a provável data do falecimento. Parece-nos, pois, que,<br />

registrada a <strong>de</strong>cisão, po<strong>de</strong>-se dar o mesmo efeito da certidão <strong>de</strong> óbito, <strong>de</strong>clarando-se extinta a punibilida<strong>de</strong>. Na<br />

jurisprudência, exigindo a certidão <strong>de</strong> óbito: TJGO: “A morte <strong>de</strong>vidamente comprovada nos autos, pela certidão <strong>de</strong><br />

óbito, opera como causa primária <strong>de</strong> extinção da punibilida<strong>de</strong>, conforme art. 107, inciso I, do <strong>Código</strong> <strong>Penal</strong><br />

Brasileiro, e art. 62 do <strong>Código</strong> <strong>de</strong> <strong>Processo</strong> <strong>Penal</strong>” (Ap. Crim. 200901073665 – GO, 2.ª C.C., rel. Nelma Branco<br />

Ferreira Perilo, 16.11.2010, v.u.).<br />

195. Certidão <strong>de</strong> óbito falsa: pensamos inexistir qualquer possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> reabertura do caso. Se o juiz<br />

reconheceu extinta a punibilida<strong>de</strong>, pela exibição <strong>de</strong> certidão <strong>de</strong> óbito falsa, nada mais po<strong>de</strong> ser feito, a não ser<br />

processar quem falsificou e utilizou o documento. Outra solução estaria impondo a revisão em favor da socieda<strong>de</strong>,<br />

o que é vedado em processo penal. Desejasse o legislador e po<strong>de</strong>ria ter feito constar no <strong>Código</strong> <strong>de</strong> <strong>Processo</strong> <strong>Penal</strong><br />

especial licença para reabrir o caso, quando a certidão <strong>de</strong> óbito utilizada for consi<strong>de</strong>rada falsa. Maiores <strong>de</strong>talhes<br />

são levados em nosso <strong>Código</strong> <strong>Penal</strong> comentado, nota 11 ao art. 107. Outra não é a posição da ampla maioria da<br />

doutrina brasileira. Por todos, confira-se a lição <strong>de</strong> Carlos Fre<strong>de</strong>rico Coelho Nogueira: “Assim sendo, se, <strong>de</strong>pois<br />

<strong>de</strong> transitar em julgado a sentença que <strong>de</strong>clarou extinta a punibilida<strong>de</strong> pela morte do acusado, se <strong>de</strong>scobrir estar ele<br />

vivo, não será possível rescindir a res judicata com o prosseguimento do feito extinto e não será por igual possível<br />

o oferecimento <strong>de</strong> nova <strong>de</strong>núncia ou <strong>de</strong> nova queixa contra o mesmo sujeito pelo mesmo fato <strong>de</strong>lituoso. Se vier a<br />

ser instaurado novo processo será absolutamente nulo, por ofensa à coisa julgada. (...) Quando muito, o acusado e –<br />

conforme o caso – seu <strong>de</strong>fensor po<strong>de</strong>rão ser processados pelo crime <strong>de</strong> uso <strong>de</strong> documento falso (art. 304 do<br />

<strong>Código</strong> <strong>Penal</strong>) e nada mais...” (Comentários ao <strong>Código</strong> <strong>de</strong> <strong>Processo</strong> <strong>Penal</strong>, v. 1, p. 760-761). Há, no entanto,<br />

posição em sentido contrário, sustentando a inviabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> qualquer efeito jurídico, inclusive para<br />

gerar a extinção da punibilida<strong>de</strong>, do documento falso. Este não existiria para qualquer fim, motivo pelo qual a<br />

<strong>de</strong>claração <strong>de</strong> falsida<strong>de</strong> operaria efeito ex tunc, invalidando eventual <strong>de</strong>cretação da extinção da punibilida<strong>de</strong>.<br />

Insistimos, entretanto, na posição <strong>de</strong>fendida inicialmente, no prisma <strong>de</strong> que o documento falso po<strong>de</strong>, sem dúvida,<br />

gerar vários efeitos, merecedores <strong>de</strong> anulação, quando for possível. Não se po<strong>de</strong> <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>rar a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

um <strong>de</strong>poimento ser igualmente falso e levar à absolvição do réu. Ainda que se apure o falso testemunho, não se<br />

po<strong>de</strong> reabrir a <strong>de</strong>manda sob tal pretexto. Idêntica situação ocorre com a certidão <strong>de</strong> óbito falsa, levando à extinção<br />

da punibilida<strong>de</strong>.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!