12.06.2017 Views

Código de Processo Penal Comentado (2016) - Guilherme de Souza Nucci

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Ministério Público, a Corte não po<strong>de</strong> <strong>de</strong>terminar o arquivamento do inquérito sob o argumento <strong>de</strong> <strong>de</strong>longa<br />

para seu encerramento, pena <strong>de</strong> coarctar a atuação do titular da ação penal, mormente quando, como no caso dos<br />

autos, a apuração das provas é por <strong>de</strong>mais complexa e específica. A<strong>de</strong>mais, inexiste previsão regimental para este<br />

fim. Agravo regimental provido. Se o Ministério Público informa à Corte as razões pelas quais promove reiteradas<br />

diligências para buscar elementos suficientes a formar sua convicção, incabível é a concessão <strong>de</strong> habeas corpus <strong>de</strong><br />

ofício, notadamente se o réu não é indigente, não está preso e possui nobres e excelentes advogados, como vê-se<br />

no presente caso. Or<strong>de</strong>m <strong>de</strong>negada” (AgRg no Inq. 140 – DF, rel. Vicente Cernicchiaro, 15.04.1998, v.u., DJ<br />

24.05.1999, Seção 1, p. 87).<br />

27. Arquivamento <strong>de</strong> inquérito <strong>de</strong> crime contra a economia popular: segue-se o disposto no art. 7.º<br />

da Lei 1.521/51, submetendo o juiz à <strong>de</strong>cisão ao segundo grau <strong>de</strong> jurisdição obrigatório, ou o que se <strong>de</strong>nomina<br />

recurso <strong>de</strong> ofício: “Art. 7.º Os juízes recorrerão <strong>de</strong> ofício sempre que absolverem os acusados em processo por<br />

crime contra a economia popular ou contra a saú<strong>de</strong> pública, ou quando <strong>de</strong>terminarem o arquivamento dos autos do<br />

respectivo inquérito policial”. Dando provimento ao recurso, o Tribunal <strong>de</strong>termina a remessa dos autos ao<br />

Procurador-Geral, que <strong>de</strong>cidirá acerca do acerto ou <strong>de</strong>sacerto do promotor. Não po<strong>de</strong> o Tribunal <strong>de</strong>terminar que o<br />

promotor <strong>de</strong>nuncie, pois isso fere a titularida<strong>de</strong> da ação penal, não pertencente ao Po<strong>de</strong>r Judiciário. Enten<strong>de</strong>u o<br />

legislador, nesse caso, que <strong>de</strong>veria haver um controle a mais no tocante ao arquivamento <strong>de</strong> autos <strong>de</strong> inquérito e<br />

também no que toca às absolvições proferidas.<br />

28. Recurso institucional contra arquivamento promovido pelo Procurador-Geral: preceitua o art.<br />

12, XI, da Lei 8.625/93 (Lei Orgânica Nacional do Ministério Público), que cabe ao Colégio <strong>de</strong> Procuradores <strong>de</strong><br />

Justiça “rever, mediante requerimento <strong>de</strong> legítimo interessado, nos termos da Lei Orgânica, <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong><br />

arquivamento <strong>de</strong> inquérito policial ou peças <strong>de</strong> informação <strong>de</strong>terminada pelo Procurador-Geral <strong>de</strong> Justiça, nos<br />

casos <strong>de</strong> sua atribuição originária”.<br />

29. Arquivamento implícito: inviabilida<strong>de</strong>. Cabe ao representante do Ministério Público oferecer razões<br />

para sustentar o seu pedido <strong>de</strong> arquivamento. Sem elas, <strong>de</strong>vem os autos retornar ao promotor, a mando do juiz, para<br />

que haja a regularização. O mesmo procedimento <strong>de</strong>ve ser adotado, quando há vários indiciados e o órgão<br />

acusatório oferece <strong>de</strong>núncia contra alguns, silenciando no tocante aos outros. Não <strong>de</strong>ve haver pedido <strong>de</strong><br />

arquivamento implícito ou tácito. É indispensável que o promotor se manifeste claramente a respeito <strong>de</strong> cada um<br />

dos indiciados, fazendo o mesmo no que concerne a cada um dos <strong>de</strong>litos imputados a eles durante o inquérito.<br />

Assim, não po<strong>de</strong>, igualmente, <strong>de</strong>nunciar por um crime e calar quanto a outro ou outros. Recusando-se a oferecer<br />

suas razões, <strong>de</strong>vem os autos ser remetidos ao Procurador-Geral para as medidas administrativas cabíveis, uma vez<br />

que o promotor não está cumprindo, com zelo, a sua função. Contrariamente, admitindo a hipótese <strong>de</strong> pedido <strong>de</strong><br />

arquivamento implícito, está a lição <strong>de</strong> Mirabete (<strong>Código</strong> <strong>de</strong> <strong>Processo</strong> <strong>Penal</strong> interpretado, p. 71-72). No sentido<br />

que <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>mos: STF: “O sistema processual penal brasileiro não prevê a figura do arquivamento implícito <strong>de</strong><br />

inquérito policial. Ao reafirmar esse entendimento, a 1.ª Turma <strong>de</strong>negou habeas corpus em que se sustentava a sua<br />

ocorrência em razão <strong>de</strong> o Ministério Público estadual haver <strong>de</strong>nunciado o paciente e corréu, os quais não incluídos<br />

em <strong>de</strong>núncia oferecida anteriormente contra terceiros. Alegava a impetração que o paciente, por ter sido<br />

i<strong>de</strong>ntificado antes do oferecimento da primeira peça acusatória, <strong>de</strong>veria <strong>de</strong>la constar. Inicialmente, consignou-se<br />

que o Ministério Público esclarecera que não incluíra o paciente na primeira <strong>de</strong>núncia porquanto, ao contrário do<br />

que afirmado pela <strong>de</strong>fesa, não dispunha <strong>de</strong> sua i<strong>de</strong>ntificação, o que impediria a propositura da ação penal naquele<br />

momento. Em seguida, aduziu-se não importar, <strong>de</strong> qualquer forma, se a i<strong>de</strong>ntificação do paciente fora obtida antes<br />

ou <strong>de</strong>pois da primeira peça, pois o pedido <strong>de</strong> arquivamento <strong>de</strong>veria ser explícito (CPP, art. 28). Nesse sentido,<br />

salientou-se que a ocorrência <strong>de</strong> arquivamento <strong>de</strong>veria se dar após o requerimento expresso do parquet, seguido do<br />

<strong>de</strong>ferimento, igualmente explícito, da autorida<strong>de</strong> judicial (CPP, art. 18 e Enunciado 524 da Súmula do STF).

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!