12.06.2017 Views

Código de Processo Penal Comentado (2016) - Guilherme de Souza Nucci

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

por si só todos os elementos do tipo” (HC 79.088 – RJ, 1.ª T., rel. Sepúlveda Pertence, v.u., 18.05.1999, DJ<br />

25.06.1999, p. 5); “Nos crimes multitudinários, ou <strong>de</strong> autoria coletiva, a <strong>de</strong>núncia po<strong>de</strong> narrar genericamente a<br />

participação <strong>de</strong> cada agente, cuja conduta específica é apurada no curso do processo-crime. Prece<strong>de</strong>ntes” (HC<br />

80.204 – GO, 2.ª T., rel. Maurício Corrêa, 05.09.2000, v.u.). STJ: “1. Nos crimes <strong>de</strong> autoria coletiva admite-se a<br />

<strong>de</strong>scrição não <strong>de</strong>talhada dos fatos, se não for possível, como na espécie, esmiuçar e especificar a conduta <strong>de</strong> cada<br />

um dos <strong>de</strong>nunciados. Indícios <strong>de</strong> autoria <strong>de</strong>monstrados. 2. Tese <strong>de</strong> inexistência <strong>de</strong> liame entre a atuação da<br />

recorrente e os fatos narrados que não se reveste <strong>de</strong> credibilida<strong>de</strong> na via eleita. Plausibilida<strong>de</strong> da acusação. 3.<br />

Direito <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa assegurado, em face do cumprimento dos requisitos do art. 41 do <strong>Código</strong> <strong>de</strong> <strong>Processo</strong> <strong>Penal</strong>. 4.<br />

Recurso ordinário não provido” (RHC 59962 – RS, 6.ª T., rel. Maria Thereza <strong>de</strong> Assis Moura, 20.08.2015, v.u.).<br />

“No caso, a imputação fática encontra-se insuficientemente <strong>de</strong>lineada na <strong>de</strong>núncia, visto que não é possível<br />

i<strong>de</strong>ntificar, nos termos do que dispõe o artigo 41 do <strong>Código</strong> <strong>de</strong> <strong>Processo</strong> <strong>Penal</strong>, qual a responsabilida<strong>de</strong> do paciente<br />

no fato, vale dizer, qual a conduta ilícita supostamente por ele praticada que teria contribuído para a consecução do<br />

resultado danoso. O simples fato <strong>de</strong> o acusado ser sócio e administrador da empresa constante da <strong>de</strong>núncia não<br />

po<strong>de</strong> levar a crer, necessariamente, que ele tivesse participação nos fatos <strong>de</strong>lituosos, a ponto <strong>de</strong> se ter dispensado<br />

ao menos uma sinalização <strong>de</strong> sua conduta, ainda que breve, sob pena <strong>de</strong> restar configurada a repudiada<br />

responsabilida<strong>de</strong> criminal objetiva. Em nenhum momento, a <strong>de</strong>núncia apontou que o paciente seria <strong>de</strong>tentor <strong>de</strong><br />

po<strong>de</strong>res gerenciais, <strong>de</strong> mando ou <strong>de</strong> administração da referida empresa, ou mesmo possuidor <strong>de</strong> po<strong>de</strong>res especiais,<br />

fosse para a concretização <strong>de</strong> movimentações financeiras, fosse para representá-la junto à Receita Fe<strong>de</strong>ral.<br />

Também não esclareceu, sequer minimamente, a atuação <strong>de</strong> cada sócio da empresa ou <strong>de</strong>screveu como teria<br />

ocorrido a lesão ao Fisco do Estado <strong>de</strong> Pernambuco. Não se po<strong>de</strong> admitir que a narrativa criminosa seja resumida à<br />

simples condição <strong>de</strong> acionista, sócio, ou representante legal <strong>de</strong> uma pessoa jurídica ligada a eventual prática<br />

criminosa. Vale dizer, admitir a chamada <strong>de</strong>núncia genérica nos crimes societários e <strong>de</strong> autoria coletiva não implica<br />

aceitar que a acusação <strong>de</strong>ixe <strong>de</strong> correlacionar, com o mínimo <strong>de</strong> concretu<strong>de</strong>, os fatos consi<strong>de</strong>rados <strong>de</strong>lituosos com<br />

a ativida<strong>de</strong> do acusado. Uma vez que a corré encontra-se em situação fático-processual idêntica à do paciente, visto<br />

que, também em relação a ela, o Ministério Público não narrou, em sua exordial acusatória, qual a conduta ilícita<br />

supostamente praticada que teria contribuído para a lesão ao Fisco do Estado <strong>de</strong> Pernambuco, <strong>de</strong>vem ser-lhe<br />

estendidos os efeitos <strong>de</strong>ssa <strong>de</strong>cisão, nos termos do artigo 580 do <strong>Código</strong> <strong>de</strong> <strong>Processo</strong> <strong>Penal</strong>. (...) Habeas corpus<br />

concedido, <strong>de</strong> ofício, para reconhecer a inépcia formal da <strong>de</strong>núncia e anular, ab initio, o <strong>Processo</strong> n. 0003409-<br />

82.2010.8.17.0810, da 2.ª Vara Criminal da Comarca <strong>de</strong> Jaboatão dos Guararapes/PE, sem prejuízo <strong>de</strong> que outra<br />

seja oferecida, com a observância dos parâmetros legais” (HC 224.728 – PE, 6.ª T., rel. Rogerio Schietti Cruz, j.<br />

10.06.2014, DJe 27.06.2014); “1. A hipótese em apreço cuida <strong>de</strong> <strong>de</strong>núncia que narra supostos <strong>de</strong>litos praticados<br />

por intermédio <strong>de</strong> pessoa jurídica, a qual, por se tratar <strong>de</strong> sujeito <strong>de</strong> direitos e obrigações, e por não <strong>de</strong>ter vonta<strong>de</strong><br />

própria, atua sempre por representação <strong>de</strong> uma ou mais pessoas naturais. 2. A tal peculiarida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ve estar atento o<br />

órgão acusatório, pois embora existam prece<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong>sta própria Corte Superior <strong>de</strong> Justiça admitindo a chamada<br />

<strong>de</strong>núncia genérica nos <strong>de</strong>litos <strong>de</strong> autoria coletiva e nos crimes societários, não lhe é dado eximir-se da<br />

responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>screver, com um mínimo <strong>de</strong> concretu<strong>de</strong>, como os imputados teriam agido, ou <strong>de</strong> que forma<br />

teriam contribuído para a prática da conduta narrada na peça acusatória. 3. No caso, olvidou-se o órgão acusatório<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>screver como os recorrentes teriam concorrido para o aci<strong>de</strong>nte que culminou com a morte da vítima,<br />

limitando-se a apontar que seriam os autores do <strong>de</strong>lito simplesmente por se tratarem <strong>de</strong> sócios da socieda<strong>de</strong><br />

empresária em questão, circunstância que, <strong>de</strong> fato, impe<strong>de</strong> o exercício <strong>de</strong> suas <strong>de</strong>fesas em juízo na amplitu<strong>de</strong> que<br />

lhes é garantida pela Carta Magna. 4. Recurso provido para <strong>de</strong>clarar a inépcia da <strong>de</strong>núncia ofertada na Ação <strong>Penal</strong> n.<br />

15/2011” (RHC 36.590 – SP, 5.ª T., rel. Jorge Mussi, j. 17.09.2013, DJe 26.09.2013); “É inepta a <strong>de</strong>núncia,<br />

<strong>de</strong>sbordando-se, inclusive, em abuso, que, sem apontar um só fato capaz <strong>de</strong> fornecer indício – ainda que mínimo –<br />

acerca da atuação dos sócios, se limita à referência <strong>de</strong> ação continuada, com unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>sígnios, reduzindo o

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!