12.06.2017 Views

Código de Processo Penal Comentado (2016) - Guilherme de Souza Nucci

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Pellegrini Grinover, Antonio Magalhães Gomes Filho, Antonio Scarance Fernan<strong>de</strong>s, Vicente Greco Filho, Julio<br />

Fabbrini Mirabete, Paulo Heber <strong>de</strong> Morais, João Batista Lopes, Adriano Marrey, Alberto Silva Franco, Rui Stoco,<br />

David Teixeira <strong>de</strong> Azevedo e Celso Limongi. No mesmo prisma: STF: “Em se<strong>de</strong> <strong>de</strong> persecução penal, o<br />

interrogatório judicial – notadamente após o advento da Lei 10.792/2003 – qualifica-se como ato <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa do réu,<br />

que, além <strong>de</strong> não ser obrigado a respon<strong>de</strong>r a qualquer indagação feita pelo magistrado processante, também não<br />

po<strong>de</strong> sofrer qualquer restrição em sua esfera jurídica em virtu<strong>de</strong> do exercício, sempre legítimo, <strong>de</strong>ssa especial<br />

prerrogativa” (HC 94601 – CE, 2.ª T., rel. Celso <strong>de</strong> Mello, 04.08.2009, v.u.).<br />

15-A. Gravação clan<strong>de</strong>stina <strong>de</strong> conversa informal: imprestabilida<strong>de</strong> da prova. O indiciado ou réu, em<br />

qualquer fase, não po<strong>de</strong> ter as suas <strong>de</strong>clarações informais, dadas a agente policial ou a qualquer autorida<strong>de</strong>, gravadas<br />

clan<strong>de</strong>stinamente. O ponto fundamental <strong>de</strong> ilicitu<strong>de</strong>, nesse caso, é a ofensa ao princípio <strong>de</strong> que ninguém é obrigado<br />

a produzir prova contra si mesmo e, em especial, há infringência ao direito ao silêncio, que po<strong>de</strong> ser invocado no<br />

momento do interrogatório oficial. Conferir: STF: “Gravação clan<strong>de</strong>stina <strong>de</strong> ‘conversa informal’ do indiciado com<br />

policiais. Ilicitu<strong>de</strong> <strong>de</strong>corrente, quando não da evidência <strong>de</strong> estar o suspeito na ocasião, ilegalmente preso ou da falta<br />

<strong>de</strong> prova idônea do seu assentimento à gravação ambiental, <strong>de</strong> constituir, dita ‘conversa informal’, modalida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

‘interrogatório’ sub-reptício, o qual, além <strong>de</strong> realizar-se sem as formalida<strong>de</strong>s legais do interrogatório no inquérito<br />

policial (CPP, art. 6.º, V), se faz sem que o indiciado seja advertido do seu direito ao silêncio” (HC 80.949 – RJ,<br />

1.ª T., rel. Sepúlveda Pertence, 30.10.2001, v.u., DJ 14.12.2001, p. 26).<br />

16. Reflexo no contexto da confissão: como exposto na nota 15 acima, o direito ao silêncio é<br />

constitucionalmente consagrado sem qualquer reserva, ou seja, sem nenhuma ressalva que possa levar à produção<br />

<strong>de</strong> consequência negativa ao acusado. Assim, é preciso consi<strong>de</strong>rar igualmente prejudicado, após a introdução do<br />

parágrafo único ao art. 186, o disposto na parte final do art. 198: “mas po<strong>de</strong>rá constituir elemento para a formação<br />

do convencimento do juiz”. Consultar a nota 9 ao art. 198. Na jurisprudência: STJ: “Dúvidas não há <strong>de</strong> que a<br />

Constituição Fe<strong>de</strong>ral, em seu art. 5.º, LXIII, e o <strong>Código</strong> <strong>de</strong> <strong>Processo</strong> <strong>Penal</strong>, em seu art. 186, e seu parágrafo único,<br />

conferem ao acusado o direito ao silêncio ou à não autoincriminação, ao permitir que, por ocasião <strong>de</strong> seu<br />

interrogatório, cale acerca dos fatos criminosos que lhe são imputados, ou ainda, e via <strong>de</strong> consequência do sistema<br />

<strong>de</strong> garantias constitucionais, negue a autoria <strong>de</strong>litiva, sem que isso enseje apenação criminal ou mesmo valoração<br />

negativa <strong>de</strong>ssas <strong>de</strong>clarações pelo togado singular, que po<strong>de</strong>rá, no máximo, <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>rá-las quando do cotejo com<br />

os <strong>de</strong>mais elementos probatórios colacionados, pois ao <strong>de</strong>por não está o réu obrigado a se autoincriminar” (HC<br />

252.653 – SP, 5.ª T., rel. Jorge Mussi, DJ 07.05.2013).<br />

Art. 187. O interrogatório será constituído <strong>de</strong> duas partes: sobre a pessoa do acusado e sobre os fatos. 17-18<br />

§ 1.º Na primeira parte o interrogando será perguntado sobre a residência, meios <strong>de</strong> vida ou profissão, 19-20<br />

oportunida<strong>de</strong>s sociais, 21 lugar on<strong>de</strong> exerce a sua ativida<strong>de</strong>, vida pregressa, 22 notadamente se foi preso ou<br />

processado alguma vez 23 e, em caso afirmativo, qual o juízo do processo, se houve suspensão condicional ou<br />

con<strong>de</strong>nação, 24 qual a pena imposta, se a cumpriu 25 e outros dados familiares e sociais. 26-27<br />

§ 2.º Na segunda parte será perguntado sobre:<br />

I – ser verda<strong>de</strong>ira a acusação que lhe é feita; 28<br />

II – não sendo verda<strong>de</strong>ira a acusação, se tem algum motivo particular a que atribuí-la, 29 se conhece a pessoa ou<br />

pessoas a quem <strong>de</strong>va ser imputada a prática do crime, e quais sejam, e se com elas esteve antes da prática da<br />

infração ou <strong>de</strong>pois <strong>de</strong>la; 30<br />

III – on<strong>de</strong> estava ao tempo em que foi cometida a infração e se teve notícia <strong>de</strong>sta; 31<br />

IV – as provas já apuradas; 32<br />

V – se conhece as vítimas e testemunhas já inquiridas ou por inquirir, e <strong>de</strong>s<strong>de</strong> quando, e se tem o que alegar<br />

contra elas; 33<br />

VI – se conhece o instrumento com que foi praticada a infração, ou qualquer objeto que com esta se relacione e<br />

tenha sido apreendido; 34

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!