08.09.2021 Views

2019-Direito Civil 3 - Fla_vio Tartuce - 2019

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

reconheceu a rescisão do contrato pelo fato de as mercadorias não terem sido

entregues, mesmo tendo sido concedida a extensão de prazo ou Nachfrist para que o

vendedor o fizesse. Nos termos da ementa, “contato de compra e venda internacional

de mercadorias cuja rescisão vai declarada, por força da aplicação conjunta das

normas do art. 47 (1), do art. 49 (1) (b) e do art. 81 (2), todos da Convenção das

Nações Unidas sobre contratos de compra e venda internacional de mercadorias

(‘Convenção de Viena de 1980’), a cujo marco normativo se recorre simultaneamente

ao teor dos princípios UNIDROIT relativos aos contratos comerciais internacionais”

(TJRS, Apelação Cível 0000409-73.2017.8.21.7000, Estância Velha, 12.ª Câmara

Cível, Rel. Des. Umberto Guaspari Sudbrack, j. 14.02.2017, DJERS 17.02.2017). A

tendência é o surgimento de outros julgados sobre o instituto no futuro.

2.6

O PRINCÍPIO DA RELATIVIDADE DOS EFEITOS

CONTRATUAIS

Conforme salientado, o contrato está situado na esfera dos direitos pessoais,

constituindo negócio jurídico bilateral e fonte principal do direito das obrigações

pelo qual as partes procuram regular direitos patrimoniais com objetivos

especificados pela vontade e pela composição de seus interesses.

Os direitos pessoais são conceituados como direitos obrigacionais ou de crédito.

Nesse sentido, são nítidas as diferenças entre os direitos pessoais – aqui visualizado

o contrato – e os direitos reais, que recaem em regra sobre objetos com interesse

jurídico e econômico – como é o caso da propriedade.

Ponto que distingue os direitos pessoais dos direitos reais se refere aos efeitos,

ensinando Clóvis Beviláqua que “os direitos obrigacionaes consistem exclusivamente

em prestações, actos positivos ou negativos, pelo que se fixam apenas no acto ou facto

a ser executado, e somente podem ferir a pessoa que se acha vinculada pela obrigação

no momento de seu cumprimento” (Direito..., 1896, p. 16). Essa é a melhor concepção

do princípio da relatividade contratual, pelo qual o negócio celebrado, em regra,

somente atinge as partes contratantes, não prejudicando ou beneficiando terceiros

estranhos a ele. Contrapõe-se tal princípio, inerente ao direito obrigacional, à eficácia

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!