08.09.2021 Views

2019-Direito Civil 3 - Fla_vio Tartuce - 2019

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

doutrinador paranaense, o contrato constitui “a relação jurídica subjetiva, nucleada na

solidariedade constitucional, destinada à produção de efeitos jurídicos existenciais e

patrimoniais, não só entre os titulares subjetivos da relação, como também perante

terceiros” (Do contrato..., 2005, p. 255).

Olhando para o futuro, e porque não já para o presente, é de se concordar com

esse conceito. Primeiro, porque o contrato está amparado em valores constitucionais.

Segundo, porque envolve também situações existenciais das partes contratantes.

Terceiro, porque o contrato pode gerar efeitos perante terceiros, sendo essa,

justamente, a feição da eficácia externa da função social dos contratos, como será

estudado adiante.

Na civilística nacional, porém, ainda prevalece o conceito tradicional ou clássico

de contrato, anteriormente exposto. Buscando a estrutura contratual, Maria Helena

Diniz aponta dois elementos essenciais para a formação do instituto: um estrutural,

constituído pela alteridade presente no conceito de negócio jurídico; e outro

funcional, formado pela composição de interesses contrapostos, mas harmonizáveis

(Tratado..., 2002, p. 8-12). Vale lembrar que a alteridade constitui-se pela presença

de pelo menos duas pessoas quando da constituição do contrato.

Justamente pela existência desses dois elementos é que seria vedada a

autocontratação, ou celebração de um contrato consigo mesmo. Mas dúvidas surgem

quanto a essa possibilidade, se analisado o art. 117 do atual Código Civil Brasileiro,

cuja redação nos é pertinente:

“Art. 117. Salvo se o permitir a lei ou o representado, é anulável o negócio

jurídico que o representante, no seu interesse ou por conta de outrem, celebrar

consigo mesmo.

Parágrafo único. Para esse efeito, tem-se como celebrado pelo representante o

negócio realizado por aquele em quem os poderes houverem sido

substabelecidos”.

Pois bem, de acordo com o dispositivo em questão é possível a outorga de

poderes para que a pessoa que representa outrem celebre um contrato consigo mesmo,

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!