08.09.2021 Views

2019-Direito Civil 3 - Fla_vio Tartuce - 2019

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Imperioso ainda citar a proposta de enunciado apresentada na IV Jornada de

Direito Civil pelo jurista Wanderlei de Paula Barreto, no sentido de que “a boa-fé

objetiva (arts. 422 e 765) impõe ao segurado, especificamente (art. 766), a obrigação

pré-contratual de declarar sponte propria, com exatidão e de maneira completa, os

dados e circunstâncias de que tenha ou deva ter conhecimento capazes de influir na

aceitação da proposta ou na contratação em bases diferentes. Exige do segurador, por

outro lado, que adote conduta compatível (não contratar ou apresentar

contraproposta), quando o segurado fornecer informação, ou o segurador, por

qualquer outro meio, tomar conhecimento de circunstâncias capazes de influir na

contratação; contudo, deve prestar a garantia, se tiver aceitado a proposta

desacompanhada das informações que o segurado, comprovadamente, desconhecia”.

Apesar de o enunciado não ter sido aprovado, seu conteúdo é interessante, por

especificar condutas das partes contratuais guiadas pela boa-fé.

Vários são os exemplos, na jurisprudência nacional, de aplicação da boa-fé

objetiva ao contrato em questão. Vejamos alguns casos interessantes.

Primeiramente, entendeu o STJ que a empresa seguradora que nega o pagamento

de indenização desrespeita a boa-fé objetiva, diante de uma expectativa gerada:

“Direito do consumidor. Contrato de seguro de vida inserido em contrato de

plano de saúde. Falecimento da segurada. Recebimento da quantia acordada.

Operadora do plano de saúde. Legitimidade passiva para a causa. Princípio da

boa-fé objetiva. Quebra de confiança. Os princípios da boa-fé e da confiança

protegem as expectativas do consumidor a respeito do contrato de consumo. A

operadora de plano de saúde, não obstante figurar como estipulante no contrato de

seguro de vida inserido no contrato de plano de saúde, responde pelo pagamento

da quantia acordada para a hipótese de falecimento do segurado se criou, no

segurado e nos beneficiários do seguro, a legítima expectativa de ela, operadora,

ser responsável por esse pagamento” (STJ, REsp 590.336/SC, 3.ª Turma, Rel.

Min. Fátima Nancy, j. 07.12.2004, DJ 21.02.2005, p. 175).

Também é o momento de lembrar o que dispõe a Súmula 302 do STJ, pela qual é

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!