08.09.2021 Views

2019-Direito Civil 3 - Fla_vio Tartuce - 2019

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

comprador, por sua conta correrão os riscos, uma vez entregue a coisa a quem deva

transportá-la, salvo se o vendedor não seguir as instruções dadas pelo comprador (art.

494 do CC). Em resumo, se o comprador determinou a expedição de forma errada e,

em decorrência disso, ela veio a se perder, a responsabilidade será sua, já que agiu

com culpa por ação (culpa in comittendo). Por outra via, se o erro foi do vendedor,

que desobedeceu às ordens do comprador, por sua conta correrão os riscos pelo fato

de ter agido como um mandatário infiel.

Encerrando, enuncia o art. 495 do CC que não obstante o prazo ajustado para o

pagamento, se antes da tradição o comprador cair em insolvência civil, poderá o

vendedor sobrestar a entrega da coisa objeto de contrato, até que o comprador lhe dê

caução, ou seja, que preste uma garantia real ou fidejussória de pagar no tempo

ajustado. O mesmo entendimento deve ser aplicado para a situação em que o

vendedor se tornar insolvente, caso em que o comprador poderá reter o pagamento até

que a coisa lhe seja entregue ou que seja prestada caução.

Esse dispositivo está sintonizado com o art. 477 do mesmo Código, que traz a

exceptio non rite adimpleti contractus (“Se depois de concluído o contrato,

sobrevier a uma das partes contratantes diminuição em seu patrimônio capaz de

comprometer ou tornar duvidosa a prestação pela qual se obrigou, pode a outra se

recusar à prestação que lhe incumbe, até que aquela satisfaça a que lhe compete ou dê

garantia bastante de satisfazê-la”). Os comandos legais citados visam a afastar o

enriquecimento sem causa, mantendo-se o sinalagma obrigacional, se isso for

possível. Não sendo dada a garantia, nas duas hipóteses, resolve-se o contrato de

compra e venda, operando-se a cláusula resolutiva tácita por meio da interpelação

judicial (art. 474, segunda parte, do CC).

7.4

RESTRIÇÕES À COMPRA E VENDA

Como é notório, foi demonstrado no presente volume da coleção que a autonomia

privada contratual não é sempre soberana, encontrando limitações na ordem pública,

o que muito bem expressa o princípio da função social dos contratos. Não é diferente

para a compra e venda, havendo limitações quanto ao conteúdo do negócio, sob pena

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!