22.06.2013 Views

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

VALIDADE 989 VALOR<br />

dos próprios valores concretos ou da objetivida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> valor" (L<strong>de</strong>en, I, § 95).<br />

Peirce estabelecera uma analogia entre as<br />

proprieda<strong>de</strong>s das proposições e a V. química<br />

(Coll. Pap., 3, 470-71).<br />

VALIDADE (in. Validity, fr. Validité. ai. Gtiltigkeit;<br />

it. Validitã). 1. Universalida<strong>de</strong> subjetiva<br />

(v. UNIVERSALIDADE, 2): nesse sentido, é válido<br />

o que é (ou <strong>de</strong>ve ser) reconhecido como verda<strong>de</strong>iro,<br />

bom. belo, etc. por todos.<br />

2. Conformida<strong>de</strong> com regras <strong>de</strong> procedimento<br />

estabelecidas ou reconhecidas. Nesse<br />

sentido, diz-se que há valida<strong>de</strong> na inferência<br />

que se conforme às regras da lógica, na lei que<br />

se conforme às regras constitucionais, na sentença<br />

que se conforme às leis, na or<strong>de</strong>m que<br />

seja ciada peia pessoa a quem caije ciá-ia e nas<br />

formas estabelecidas pelas regras. Com esse<br />

sentido, V. <strong>de</strong>ve ser distinguida <strong>de</strong> valores <strong>de</strong><br />

verda<strong>de</strong>, <strong>de</strong> justiça, etc. De fato, uma inferência<br />

válida, isto é, realizada em conformida<strong>de</strong> com<br />

regras lógicas, não é uma inferência verda<strong>de</strong>ira,<br />

mas só será verda<strong>de</strong>ira se as suas premissas<br />

forem verda<strong>de</strong>iras. Assim, uma lei ou uma sentença<br />

válidas nem por isso são justas, etc. (v.,<br />

sobre a V. lógica nesse sentido, Peirce, Coll.<br />

Pap., 3168; 7.461).<br />

3. Utilida<strong>de</strong> ou eficiência <strong>de</strong> um meio ou <strong>de</strong><br />

um instaimento qualquer. Nesse sentido, Dewey<br />

afirmou que as proposições, como meios processivos<br />

para conduzir uma pesquisa, não são<br />

verda<strong>de</strong>iras nem falsas, mas apenas válidas (sólidas,<br />

eficientes) ou inválidas (débeis, ina<strong>de</strong>quadas)<br />

(Logic, XV; trad. it., pp. 382-83). É a<br />

esse significado <strong>de</strong> V. que se apela sempre que<br />

se usa a expressão válido para. O que se segue<br />

ao para é o fim ou a função em relação à qual<br />

se consi<strong>de</strong>ra eficiente o instrumento, o meio ou<br />

a condição <strong>de</strong> que se trata. P. ex., um bilhete <strong>de</strong><br />

viagem é válido para <strong>de</strong>terminado percurso;<br />

<strong>de</strong>terminada organização é válida para <strong>de</strong>terminadas<br />

funções, etc.<br />

4. Mais particularmente e no domínio da lógica,<br />

Carnap propôs que se chamasse <strong>de</strong> válido<br />

o enunciado (ou a classe <strong>de</strong> enunciados) que<br />

seja conseqüência <strong>de</strong> uma classe nula <strong>de</strong> enunciados,<br />

e <strong>de</strong> contraválido o enunciado do qual<br />

qualquer enunciado possa ser conseqüência.<br />

Os dois termos, nesse sentido, correspon<strong>de</strong>m,<br />

respectivamente, a analítico e contraditório<br />

(lhe Logical Syntax of Imigmige, § 48). Analogicamente.<br />

Quine propôs chamar <strong>de</strong> válido o esquema<br />

lógico que continua verda<strong>de</strong>iro seja qual<br />

for a interpretação dada a seus símbolos. P. ex..<br />

o esquema p(p é um esquema válido, enquanto<br />

o esquema p. V/é coerente, mas não é válido,<br />

porque é só verda<strong>de</strong>iro quando p é interpretado<br />

como verda<strong>de</strong>iro e q como falso (Methods<br />

of Logic, § 6). Nesse sentido, V. significa apenas<br />

analiticida<strong>de</strong> ou verda<strong>de</strong> lógica.<br />

VALOR (gr. à%ía-, lat. Aestimabüe. in. Value,<br />

fr. Valeur, ai. Wert; it. Valore). Em geral, o que<br />

dííve ser objeto <strong>de</strong> preferência ou <strong>de</strong> escolha.<br />

Des<strong>de</strong> a Antigüida<strong>de</strong> essa palavra foi usada para<br />

indicar a utilida<strong>de</strong> ou o preço dos bens materiais<br />

e a dignida<strong>de</strong> ou o mérito das pessoas. Contudo,<br />

esse uso não tem significado filosófico porque<br />

não <strong>de</strong>u origem a problemas filosóficos. O<br />

uso filosófico do termo só começa quando seu<br />

significado é generalizado para indicar qualquer<br />

objeto <strong>de</strong> preferência ou <strong>de</strong> escoiiia, o<br />

que acontece pela primeira vez com os estóicos,<br />

que introduziram o termo no domínio da<br />

ética e chamaram <strong>de</strong> V. os objetos <strong>de</strong> escolha<br />

moral. Isso porque eles entendiam o bem em<br />

sentido subjetivo (v. BEM, 2). po<strong>de</strong>ndo assim<br />

consi<strong>de</strong>rar os bens e suas relações hierárquicas<br />

como objetos <strong>de</strong> preferência ou <strong>de</strong> escolha.<br />

Por V., em geral, enten<strong>de</strong>ram "qualquer contribuição<br />

para uma vida segundo a razão" (DIÓG.<br />

L-, Vil, 105), ou, como diz Cícero, "o que está<br />

em conformida<strong>de</strong> com a natureza ou é digno<br />

<strong>de</strong> escolha (selectionedignam): (De finibus, III,<br />

6, 20). Por "estar em conformida<strong>de</strong> com a natureza",<br />

entendiam o que <strong>de</strong>ve ser escolhido em<br />

todos os casos, ou seja, a virtu<strong>de</strong>; como "digno<br />

<strong>de</strong> escolha", entendiam os bens a que se <strong>de</strong>ve<br />

da.r preferência, como talento, arte, progresso,<br />

entre as coisas do espírito; saú<strong>de</strong>, força, beleza<br />

entre as do corpo; riqueza, fama, nobreza, entre<br />

as coisas externas (DIÓG. L, VII, 105-06). A divisão<br />

entre V. obrigatórios e V. preferenciais será<br />

mais tar<strong>de</strong> expressa como divisão entre V. intrínsecos<br />

ou finais e valores extrínsecos ou instrumentais.<br />

A retomada <strong>de</strong>ssa noção no mundo mo<strong>de</strong>rno<br />

só ocorre com a retomada da noção subjetiva<br />

<strong>de</strong> bem: isso acontece com Hobbes: "O V. <strong>de</strong><br />

uin homem, como o <strong>de</strong> todas as outras coisas,<br />

é seu preço, o que po<strong>de</strong>ria ser pago pelo uso<br />

do suas faculda<strong>de</strong>s: portanto, não é absoluto,<br />

mas <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da necessida<strong>de</strong> e do juízo <strong>de</strong><br />

outro. O preço <strong>de</strong> um hábil comandante militar<br />

é alto em tempo <strong>de</strong> guerra, presente ou iminente,<br />

mas não em tempos <strong>de</strong> paz" (Leviath., I,<br />

§ 10). Todavia, a noção <strong>de</strong> V. só suplantou a <strong>de</strong><br />

bem nas discussões morais do séc. XIX, e mesmo<br />

nessa época isso aconteceu porque foi

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!