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Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

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PSICOLOGIA 809 PSICOLOGIA<br />

presi<strong>de</strong> à formação e ao <strong>de</strong>senvolvimento dos<br />

organismos (v. VITALISMO).<br />

PSICOLOGIA (in. Psychulogy, ir. Psychologie;<br />

ai. Psychologie; it. Psicologia). Disciplina<br />

que tem por objeto a alma, a consciência ou os<br />

eventos característicos da vida animal e humana,<br />

nas várias formas <strong>de</strong> caracterização <strong>de</strong> tais<br />

eventos com o fim <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminar sua natureza<br />

específica. Às vezes, tais eventos são consi<strong>de</strong>rados<br />

como puramente "mentais", ou seja,<br />

como "fatos <strong>de</strong> consciência"; outras vezes, como<br />

eventos objetivos ou objetivamente observáveis,<br />

ou seja, como movimentos, comportamentos,<br />

etc, mas cm todo caso a exigência a<br />

que essas <strong>de</strong>finições correspon<strong>de</strong>m 6 a <strong>de</strong> <strong>de</strong>limitar<br />

o domínio da indagação psicológica ao<br />

campo restrito âos fenômenos característicos<br />

dos organismos animais, em especial do homem.<br />

Do ponto <strong>de</strong> vista da formulação conceituai<br />

(que interessa à <strong>filosofia</strong>) po<strong>de</strong>mos<br />

distinguir as seis correntes fundamentais seguintes:<br />

a) P. racional; b) P. psicofísica; c) behaviorismo;<br />

d) gestaltismo; e) P. do profundo; /') P.<br />

funcional.<br />

a) A P. racional ou filosófica foi fundada<br />

por Aristóteles, o primeiro a coligir em seu livro<br />

De Anima as opiniões que seus pre<strong>de</strong>cessores<br />

haviam expresso a respeito <strong>de</strong>sse assunto.<br />

Essa P. tem por objeto "a natureza, a<br />

substância, e as <strong>de</strong>terminações aci<strong>de</strong>ntais <strong>de</strong><br />

alma", enten<strong>de</strong>ndo-se por alma "o princípio<br />

dos seres vivos" {De an., I, 1, 402 a 6). O<br />

pressuposto fundamental <strong>de</strong>ssa P. está explícito<br />

nas seguintes notas: nos eventos estudados,<br />

pressupõe um princípio único e simples, uma<br />

substância necessária, da qual seja possível <strong>de</strong>duzir'às<br />

<strong>de</strong>terminações que esses eventos possuem<br />

constantemente ou na maioria das vezes.<br />

Neste sentido, a P. é uma ciência <strong>de</strong>dutiva<br />

da alma, cujos fenômenos particulares só são<br />

consi<strong>de</strong>rados como confirmações ocasionais<br />

dos teoremas que a constituem. Com muita razão,<br />

no séc. XVIII, Wolff dava a essa P. o título<br />

<strong>de</strong> "racional", porquanto ela trata <strong>de</strong> "<strong>de</strong>rivar a<br />

priori, do único conceito <strong>de</strong> alma humana, todas<br />

as coisas observadas a posteriori como <strong>de</strong><br />

sua competência" (log., Disc, prel., § 112). Mas<br />

foi mérito <strong>de</strong> Wolff acrescentar a tal P. uma<br />

outra, "empírica", <strong>de</strong>finida como "a ciência<br />

que, através da experiência, estabelece os princípios<br />

capazes <strong>de</strong> esclarecer o que acontece na<br />

alma humana" (Ibid., § 111; Psycbologia empírica,<br />

1732, § 1). Neste sentido, a P. racional<br />

continua sendo uma corrente das <strong>filosofia</strong>s que<br />

se inspiram na metafísica tradicional, mas <strong>de</strong>ixou<br />

<strong>de</strong> ter eficácia sobre o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

científico da psicologia.<br />

b) AP. psicofísica ou, mais simplesmente, a<br />

psicofísica constituiu a primeira corrente empírica,<br />

experimental ou científica da psicologia.<br />

Wolff já lhe prescrevera um método indutivo<br />

ou experimental, característico <strong>de</strong> todas as<br />

ciências empíricas; no início do séc. XIX, Maine<br />

<strong>de</strong> Biran prescrevia seu campo <strong>de</strong> ação: a consciência<br />

(lissai sur les fon<strong>de</strong>ments <strong>de</strong> Ia psycbologie,<br />

1812). No entanto, ainda não existiam<br />

todas as condições para a fase científica da psicologia.<br />

Faltavam duas, estreitamente interrelacionadas:<br />

em primeiro lugar, o reconhecimento<br />

da estreita relação entre os eventos<br />

psíquicos e os físicos, através da ação do sistema<br />

nervoso; em segundo lugar, a introdução<br />

<strong>de</strong> alguma técnica <strong>de</strong> medição. A concretização<br />

<strong>de</strong>ssas duas condições levou a P. a<br />

constituir-se como psicofísica. Isto aconteceu<br />

graças a Helmholtz, Weber, e Fechner: o primeiro<br />

conseguiu medir, em 1850, a velocida<strong>de</strong><br />

do impulso nervoso, enquanto o segundo<br />

enunciava a <strong>de</strong>nominada "lei" da relação entre<br />

o estímulo e a sensação (segundo a qual o<br />

aumento do estímulo necessário para ser percebido<br />

como tal é proporcional à intensida<strong>de</strong><br />

do estímulo originário), e o último estabelecia a<br />

'lei psicofísica fundamental", representada pela<br />

fórmula matemática que expressa a lei <strong>de</strong><br />

Weber. Em 1860 Fechner publicava os Elementos<br />

<strong>de</strong> psicofísica, que a <strong>de</strong>finiam como "a<br />

ciência exata das relações funcionais ou relações<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>pendência entre o espírito e o corpo".<br />

Esse foi o programa da P. científica nessa<br />

primeira fase <strong>de</strong> sua organização: programa no<br />

qual logo encontraram lugar os resultados das<br />

análises do empirismo inglês, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> Locke até<br />

Spencer. Este último, em Princípios <strong>de</strong> P.<br />

(18'TS). também <strong>de</strong>finira como psicofísica a tarefa<br />

da P., afirmando que "a P. distingue-se das<br />

ciências em que se apoia [anatomia e fisiologia]<br />

porque cada uma <strong>de</strong> suas proposições<br />

leva. em conta tanto o fenômeno interno conexo<br />

quanto o fenômeno externo conexo,<br />

ao qual se refere." (Principies of Psychology,<br />

3 a ed., 1881, p. 132). Do empirismo inglês, a<br />

P. extraiu duas características fundamentais,<br />

que a acompanharam nessa primeira fase,<br />

<strong>de</strong> constituição: o atomismoiy.) e o associacionismo<br />

(\O. Desse modo, suas estruturas teóricas<br />

fundamentais po<strong>de</strong>m ser resumidas da<br />

seguinte maneira:

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