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Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

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FILOSOFEMA 442 FILOSOFIA<br />

tem a ver com a historiografia científica (v.<br />

HISTORIOGRAFIA). O adjetivo/íYofógzconão po<strong>de</strong><br />

sequer ser usado para <strong>de</strong>signar formas monótonas<br />

e mal realizadas <strong>de</strong> historiografia, pois a<br />

F. não é em nada responsável por elas. Tampouco<br />

a função <strong>de</strong> conservação e reconstituição<br />

do material documentário e das fontes,<br />

que Nietzsche chamou <strong>de</strong> história arqueológica,<br />

(v.), é um tipo inferior <strong>de</strong> história, porque<br />

só é possível quando um interesse inteligente<br />

guia as escolhas oportunas e as torna úteis<br />

à tarefa da crítica e da reconstituição históricas.<br />

FILOSOFEMA (gr. (piAoaó(pr|Lia; lat. Philosophema;<br />

in. Philosopheme, fr. Phílosophème,<br />

ai. Philosophem; it. Filosofemd). Em geral, discurso<br />

filosófico. Na lógica <strong>de</strong> ARISTÓTELES (Top.,<br />

VIII, 11, 162 a 15) é o "raciocínio <strong>de</strong>monstrativo".<br />

Fora da lógica: conceito ou lugar-comum<br />

filosófico. Neste segundo sentido é usado pelo<br />

próprio ARISTÓTELES (De cael., II, 13, 294 a 19)<br />

e pela tradição posterior. G. P.-N. A.<br />

FILOSOFIA (gr. (pita>ao(píoc; lat. Philosophia;<br />

in. Phüosophy, fr. Philosophie, ai. Philosophie, it.<br />

Filosofia). A disparida<strong>de</strong> das F. tem por reflexo,<br />

obviamente, a disparida<strong>de</strong> <strong>de</strong> significações <strong>de</strong><br />

"F.", o que não impe<strong>de</strong> reconhecer nelas algumas<br />

constantes. Destas, a que mais se presta a<br />

relacionar e articular os diferentes significados<br />

<strong>de</strong>sse termo é a <strong>de</strong>finição contida no Euti<strong>de</strong>mo<br />

<strong>de</strong> Platão: F. é o uso do saber em proveito do<br />

. homem. Platão observa que <strong>de</strong> nada serviria<br />

possuir a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> transformar pedras em<br />

ouro a quem não soubesse utilizar o ouro, <strong>de</strong><br />

nada serviria uma ciência que tornasse imortal<br />

a quem não soubesse utilizar a imortalida<strong>de</strong>, e<br />

assim por diante. É necessária, portanto, uma<br />

ciência em que coincidam fazer e saber utilizar<br />

o que é feito, e esta ciência é a F. (Eutid., 288 e<br />

290 d). Segundo esse conceito, a F. implica: 1 Q<br />

posse ou aquisição <strong>de</strong> um conhecimento que<br />

seja, ao mesmo tempo, o mais válido e o mais<br />

amplo possível;^ 2 uso <strong>de</strong>sse conhecimento em<br />

benefício do homem. Esses dois elementos recorrem<br />

freqüentemente nas <strong>de</strong>finições <strong>de</strong> F.<br />

em épocas diversas e sob diferentes pontos <strong>de</strong><br />

vista. São reconhecíveis, por exemplo, na <strong>de</strong>finição<br />

<strong>de</strong> Descartes, segundo a qual "esta palavra<br />

significa o estudo da sabedoria, e por sabedoria<br />

não se enten<strong>de</strong> somente a prudência nas coisas,<br />

mas um perfeito conhecimento <strong>de</strong> todas<br />

as coisas que o homem po<strong>de</strong> conhecer, tanto<br />

para a conduta <strong>de</strong> sua vida quanto para a conservação<br />

<strong>de</strong> sua saú<strong>de</strong> e a invenção <strong>de</strong> todas<br />

as artes" (Princ. phil., Pref.). Encontram-se<br />

igualmente na <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> Hobbes, segundo a :<br />

qual a F. é, por um lado, o conhecimento causai<br />

e, por outro, a utilização <strong>de</strong>sse conhecimento<br />

em benefício do homem (De corp., I, § 2, 6),<br />

bem como na <strong>de</strong> Kant, que <strong>de</strong>fine o conceito<br />

cósmico da F. (o conceito que interessa necessariamente<br />

a todos os homens) como o <strong>de</strong> "ei- [<br />

ência da relação do conhecimento à finalida<strong>de</strong><br />

essencial da razão humana" (Crít. R. Pura,<br />

Doutr. transe, do método, cap. III). Essa finalida<strong>de</strong><br />

essencial é a "felicida<strong>de</strong> universal"; por- :<br />

tanto, a F. "refere tudo à sabedoria, mas através<br />

da ciência" (Ibid., in fine). Não tem significação<br />

diferente a <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> F. dada por Dewey,<br />

como "crítica dos valores", no sentido <strong>de</strong> "crítica<br />

das crenças, das instituições, dos costumes,<br />

das políticas, no que se refere seu alcance so- ;<br />

bre os bens" (Experience and Nature, p. 407).<br />

Estas <strong>de</strong>finições (aqui citadas apenas como ,'<br />

exemplos) po<strong>de</strong>m ser remetidas à fórmula <strong>de</strong><br />

Platão, citada no início, cuja vantagem é nada<br />

estabelecer sobre a natureza e os limites do saber<br />

acessível ao homem ou sobre os objetivos<br />

para os quais ele po<strong>de</strong> ser dirigido. Portanto<br />

po<strong>de</strong>-se enten<strong>de</strong>r esse saber tanto como revê- •<br />

lação ou posse quanto como aquisição ou busca,<br />

po<strong>de</strong>ndo-se enten<strong>de</strong>r que seu uso <strong>de</strong>va<br />

orientar-se para a salvação ultraterrena ou<br />

terrena do homem, para a aquisição <strong>de</strong> bens<br />

espirituais ou materiais, ou para a realização<br />

<strong>de</strong> retificações ou mudanças no mundo. Portanto,<br />

essa fórmula revela-se igualmente apta a<br />

exprimir as diferentes tarefas que a F. foi assumindo<br />

ao longo <strong>de</strong> sua história. Por exemplo, ,<br />

exprime igualmente bem tanto a tarefa das F.<br />

positivas ou dogmáticas quanto a das F. negativas<br />

ou cépticas. Quando o cepticismo antigo se<br />

propõe realizar a imperturbabilida<strong>de</strong> da alma<br />

pela suspensão do assentimento (SEXTO<br />

EMPÍRICO, Pirr. hyp., I, 25-27), não faz senão<br />

enten<strong>de</strong>r a F. como uso <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminado<br />

conhecimento para conseguir uma vantagem.<br />

Analogamente, quando, na F. contemporânea,<br />

Wittgenstein afirma que o propósito da F. é<br />

levar ao <strong>de</strong>saparecimento dos problemas filosóficos,<br />

eliminar a própria F. ou se "curar"<br />

<strong>de</strong>la (Philosophical Investigations, § 133), não<br />

está recorrendo a conceito diferente <strong>de</strong> F.: libertar<br />

da F. é a utilida<strong>de</strong> que o uso do saber<br />

(neste caso a retificação lingüística <strong>de</strong>ste) po<strong>de</strong><br />

proporcionar.<br />

Os dois elementos encontrados na <strong>de</strong>finição<br />

<strong>de</strong> F. consi<strong>de</strong>rada apta a constituir o quadro<br />

:

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