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Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

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TÉCNICA 94 J TECNOCRACIA<br />

i<strong>de</strong>ológicos ou teológicos, evi<strong>de</strong>ncia os aspectos<br />

negativos da T., que po<strong>de</strong>m ser resumidos<br />

da seguinte maneira:<br />

1" exploração intensa dos recursos naturais,<br />

acima dos limites cie seu restabelecimento natural,<br />

portanto o empobrecimento rápido e<br />

progressivo <strong>de</strong>sses recursos;<br />

2" poluição da água e cio ar por <strong>de</strong>jetos industriais,<br />

com a multiplicação dos meios mecânicos<br />

<strong>de</strong> transporte e com a maior <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>mográfica;<br />

3" <strong>de</strong>struição cia paisagem natural e dos monumentos<br />

históricos e artísticos, em <strong>de</strong>corrência<br />

da multiplicação das indústrias e da expansão<br />

indiscriminada dos centros urbanos;<br />

4" sujeição do trabalho humano às exigências<br />

da automação, que ten<strong>de</strong> a transformar o<br />

homem em acessório da máquina;<br />

5" incapacida<strong>de</strong> da T. <strong>de</strong> aten<strong>de</strong>r às necessida<strong>de</strong>s<br />

estéticas, afetivas e morais do homem;<br />

portanto, sua tendência a favorecer ou <strong>de</strong>terminar<br />

o isolamento e a incomunicabilida<strong>de</strong> dos<br />

indivíduos.<br />

No que diz respeito aos três primeiros fatores,<br />

po<strong>de</strong>-se recorrer a uma contratécitica, que<br />

seria uma T. (ou um conjunto <strong>de</strong> T.) capaz <strong>de</strong><br />

contrabalançar ou cie corrigir os efeitos <strong>de</strong>vastadores<br />

da T.: seus meios seriam suficientemente<br />

potentes para diminuir (senào equilibrar)<br />

os efeitos cia <strong>de</strong>vastação. O quarto e o<br />

quinto aspectos são humanos, morais e políticos;<br />

costumam ser consi<strong>de</strong>rados como constituintes<br />

do fenômeno da alienação (v.).<br />

Tanto em suas formas primitivas quanto nas<br />

requintadas e complexas, presentes na socieda<strong>de</strong><br />

contemporânea, a T. é um instrumento<br />

indispensável para a sobrevivência do homem.<br />

Seu processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento parece irreversível<br />

porque só <strong>de</strong>le <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m as possibilida<strong>de</strong>s<br />

cie sobrevivência <strong>de</strong> um número cada<br />

vez maior <strong>de</strong> seres humanos e seu acesso a um<br />

padrão <strong>de</strong> vida mais elevado. Inclusive a diferença<br />

entre T. e ciência, em que às vezes ainda<br />

se insiste, parece diminuir ou atentiar-se quando<br />

se consi<strong>de</strong>ram as tarefas hoje atribuídas à<br />

ciência (v.). Hoje, o único remédio aos reais<br />

perigos da T. parecem ser o seti robustecimento<br />

e o seu <strong>de</strong>senvolvimento em todos os<br />

campos, e não a renúncia a seus benefícios.<br />

Isso se traduziria em, por um lado, buscar novos<br />

instrumentos que não só controlassem mas<br />

também protegessem a natureza e, por outro,<br />

buscar novas T. <strong>de</strong> relacionamento humano<br />

que pu<strong>de</strong>ssem controlar e corrigir os efeitos<br />

malignos das T. produtivas sobre o homem. A<br />

esperança <strong>de</strong> que isso possa acontecer baseiase<br />

apenas no fato <strong>de</strong> que a própria T. produtiva<br />

está a exigir cada vez mais que o homem tenha<br />

exatamente as capacida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> iniciativa, imaginação<br />

criativa e solidarieda<strong>de</strong> que o próprio<br />

sistema tecnológico parecia ameaçar.<br />

TECNICISMO (in. Technicism, ai. Techuizismus;<br />

it. Tecnicismo). 1. O mesmo que técnica.<br />

Kant usa esse termo para indicar a técnica<br />

da natureza, ou seja, o mecanicismo (Críl. do<br />

Juízo. § 78).<br />

2. Uso <strong>de</strong> palavras ou frases pertencentes à<br />

linguagem técnica.<br />

TECNOCRACIA (in. Technocracy, fr. Tecbnocratie-,<br />

ai. Technokratit* it. Tecnocrazia). Uso<br />

da técnica como instrumento <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r por parte<br />

<strong>de</strong> dirigentes econômicos, militares e políticos,<br />

em <strong>de</strong>fesa <strong>de</strong> seus interesses, consi<strong>de</strong>rados<br />

concordantes ou unificados, com vistas ao<br />

controle da socieda<strong>de</strong>. Esse é o conceito <strong>de</strong> T.<br />

que se encontra nos escritores mais qualificados<br />

(p. ex.. C. \V. MILLS, The Power Elite, 1956),<br />

que permite <strong>de</strong>fini-la como "a <strong>filosofia</strong> autocrática<br />

das técnicas" (G. SIMONDON, /)// mon<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>xistence<strong>de</strong>s objeta teçlmiques, 1958). Assim,<br />

as críticas mais radicais feitas à socieda<strong>de</strong> contemporânea<br />

trazem à baila a 7. A ela é imputada<br />

não só a responsabilida<strong>de</strong> por todos os males<br />

da técnica (para os quais, ver TÉCNICA) e por<br />

não po<strong>de</strong>r nem querer fazer nada para eliminálos,<br />

como também a responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> suprimir<br />

ou bloquear a liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> escolha do homem<br />

em todos os campos <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> (do<br />

trabalho ao divertimento), com uma <strong>de</strong>terminação<br />

interna que o impe<strong>de</strong> <strong>de</strong> exercer sua razão<br />

crítica e reprime seu instinto vital e a livre procura<br />

da felicida<strong>de</strong>. Marcuse escreveu: "O aparato<br />

produtivo ten<strong>de</strong> a tornar-se totalitário na medida<br />

em que <strong>de</strong>termina não só as ocupações,<br />

as habilida<strong>de</strong>s e os comportamentos socialmente<br />

necessários, mas também as necessida<strong>de</strong>s<br />

e as aspirações individuais. (...) A tecnologia<br />

serve para instituir novas formas <strong>de</strong> controle e<br />

coerção social mais eficazes e mais agradáveis"<br />

(One Dimensional Man, 164, p. XV). Desse<br />

ponto <strong>de</strong> vista, a T. (chamada também <strong>de</strong> "The<br />

F.stablishment" ou "O Sistema' por antonomásia)<br />

exercitaria um <strong>de</strong>terminismo necessitante<br />

sobre todas as ativida<strong>de</strong>s humanas e impediria<br />

ou bloquearia qualquer forma <strong>de</strong> critica social,<br />

qualquer possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> transformação.<br />

Por outro lado, porém, admite-se (como faz o<br />

próprio Marcuse, Ibid., p. 238) que "a racio-

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