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Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

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COSMOLOGIA 217 COSMOPOLITISMO<br />

<strong>de</strong>las não nos cega? Não <strong>de</strong>veria cada ponto do<br />

universo infinito receber uma soma infinita <strong>de</strong><br />

luz? Ao formular esse paradoxo, Olbers partia<br />

do pressuposto <strong>de</strong> que o caráter geral do universo<br />

é o mesmo não só em todos os lugares<br />

mas também em todos os tempos. É exatamente<br />

<strong>de</strong>sse pressuposto que partem Bondi e Gold.<br />

Ele implica que a aparência <strong>de</strong> uma região<br />

qualquer do universo foi no passado e será<br />

sempre no futuro a mesma do presente. Ora, o<br />

único modo <strong>de</strong> conciliar esse postulado com o<br />

movimento <strong>de</strong> recessão das galáxias (<strong>de</strong>monstrado<br />

pelo <strong>de</strong>slocamento <strong>de</strong> seu espectro para<br />

o vermelho) é admitir que novas galáxias se<br />

formam continuamente para compensar a dispersão<br />

das velhas. Mas se novas galáxias se<br />

formam continuamente, isso quer dizer que<br />

continuamente se cria matéria nova no espaço.<br />

Bondi e Gold calcularam que a criação <strong>de</strong> nova<br />

matéria <strong>de</strong>ve ocorrer na proporção <strong>de</strong> um átomo<br />

<strong>de</strong> hidrogêneo para cada litro do espaço<br />

intergaláctico a cada bilhão <strong>de</strong> anos (<strong>de</strong> BONDI,<br />

v. "Theories of Cosmology", em The Advancement<br />

of Science, 1955, n. 45). Essas idéias foram<br />

logo retomadas pelo astrônomo inglês<br />

Fred Hoyle, que modificou as equações da relativida<strong>de</strong><br />

geral <strong>de</strong> Einstein, <strong>de</strong> modo que elas<br />

permitissem a contínua criação da matéria no<br />

espaço (The A'ature ofthe Universe, 1950).<br />

No momento em que foi formulada, essa<br />

doutrina tinha a vantagem <strong>de</strong> anular a importância<br />

do <strong>de</strong>sacordo entre os astrônomos sobre<br />

a ida<strong>de</strong> do universo, eliminando o próprio problema<br />

da <strong>de</strong>terminação da ida<strong>de</strong>. De fato, se a<br />

criação é contínua e se novas galáxias nascem<br />

continuamente no universo, este <strong>de</strong>ve ser povoado<br />

<strong>de</strong> galáxias <strong>de</strong> todas as ida<strong>de</strong>s. O uso <strong>de</strong><br />

telescópios ainda mais po<strong>de</strong>rosos nos últimos<br />

anos eliminou as discrepâncias sobre a avaliação<br />

da ida<strong>de</strong> do universo, que foi fixada em<br />

cerca <strong>de</strong> cinco bilhões <strong>de</strong> anos. Isso persuadiu<br />

alguns astrônomos a admitir um mo<strong>de</strong>lo não<br />

estático do universo, como o <strong>de</strong> Bondi e <strong>de</strong><br />

Hoyle, mas "evolucionista", pelo qual se admite<br />

que o universo evoluiu do estado primitivo<br />

<strong>de</strong> gás altamente comprimido e quentíssimo ao<br />

estado atual que apresenta estrelas, galáxias<br />

e matéria. Essa teoria admite na origem do<br />

universo um acontecimento catastrófico, único<br />

pelas condições em que se <strong>de</strong>senvolveu (G.<br />

GAMOW, "Mo<strong>de</strong>m Cosmology", em Scientific<br />

American, 1954, n. 3; D. W. SCIAMA, "Evolutionary<br />

Processes in Cosmology", em The Advancement<br />

of Science, 1955, n. 54.<br />

Embora essas concepções pretendam ser<br />

puramente científicas, não tenham o intuito <strong>de</strong><br />

retornar à velha C. finalista e tratem a criação<br />

como um simples "fato" cuja ida<strong>de</strong> média se<br />

po<strong>de</strong> estabelecer matematicamente, está claro<br />

que se fundamentam em alguns pressupostos<br />

pouco justificáveis. Sem levar em conta que<br />

a expansão do universo é admitida através<br />

da interpretação do <strong>de</strong>slocamento do espectro<br />

das galáxias para o vermelho como recessão das<br />

galáxias (não se <strong>de</strong>ve esquecer que o fato po<strong>de</strong><br />

ter outras interpretações), o postulado da uniformida<strong>de</strong><br />

do universo no tempo e no espaço<br />

não passa <strong>de</strong> expressão camuflada da antiga<br />

idéia do mundo como totalida<strong>de</strong> absoluta dos<br />

fenômenos. Esse postulado, com efeito, não é<br />

verificável nem falseável, e não po<strong>de</strong> ser traduzido<br />

em enunciados controláveis: não faz<br />

mais do que exprimir a idéia do mundo como<br />

"totalida<strong>de</strong> absolutamente homogênea", que<br />

não é menos metafísica do que a "incorruptibilida<strong>de</strong><br />

dos céus" <strong>de</strong> aristotélica memória (cf.<br />

as importantes observações <strong>de</strong> M. K. MUNITZ,<br />

Space, Time and Creation, Glencoe, III, 1957).<br />

COSMOLÓGICA, PROVA (in. Cosmologícal<br />

argument; fr. Préuve cosmologique, ai.<br />

KosmologischerBeweis; it. Prova cosmologica).<br />

Assim foi chamada pela <strong>filosofia</strong> alemã do séc.<br />

XVIII a prova da existência <strong>de</strong> Deus, que S. Tomás<br />

chamava exparte motus (S. Th., I, q. 2, a.<br />

3) e que a tradição escolástica extraíra da Física<br />

(VII, 1) e da Metafísica (XII, 7) <strong>de</strong> Aristóteles (v.<br />

DEUS, PROVAS DE).<br />

COSMOPOIJTISMO (in. Cosmopolitism; fr.<br />

Cosmopolitisme, ai. Kosmopolitismus; it. Cosmopolitismó).<br />

Doutrina que ten<strong>de</strong> a negar a importância<br />

das divisões políticas e a ver no homem,<br />

ou ao menos no sábio, um "cidadão do mundo".<br />

"Cosmopolita" respon<strong>de</strong>u Diógenes, o Cínico,<br />

a quem lhe perguntou <strong>de</strong> on<strong>de</strong> era (DIÓG.<br />

L, VI, 63). O C. também foi <strong>de</strong>fendido pelos<br />

estóicos. "Consi<strong>de</strong>ramos todos os homens", dizia<br />

Zenão, "compatriotas e concidadãos; que a<br />

vida e o mundo sejam unos como uma grei<br />

unida, criada com uma lei comum" (PLAUT., De<br />

Alex. virt., I, 6, 329). O C. como i<strong>de</strong>al diferente<br />

do universalismo eclesiástico foi compartilhado<br />

por Leibniz (Escritos políticos; seleção e trad. it.<br />

<strong>de</strong> V. Mathieu, pp. 141-42) e retomado pelo<br />

Iluminismo. Kant consi<strong>de</strong>ra-o um princípio<br />

regulador do progresso da socieda<strong>de</strong> humana<br />

para a integração universal e, portanto,<br />

como "o <strong>de</strong>stino do gênero humano, justifica-

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