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Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

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INSTINTO 570 INSTITUIÇÃO<br />

dia a resolver o I. em ativida<strong>de</strong>s elementares<br />

(as ações reflexas), favoreceu também o abandono<br />

<strong>de</strong> qualquer teoria explicativa e o recurso<br />

a teorias <strong>de</strong>scritivas, fundadas em ampla base<br />

<strong>de</strong> observações. Desse ponto <strong>de</strong> vista, a <strong>de</strong>scrição<br />

do I. mais comumente adotada é a <strong>de</strong> G. E.<br />

Müller, que modificou oportunamente uma <strong>de</strong>finição<br />

<strong>de</strong> MacDougall: "O I. é uma disposição<br />

psicofísica, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da hereditarieda<strong>de</strong>,<br />

muitas vezes completamente formada logo <strong>de</strong>pois<br />

do nascimento, outras vezes só <strong>de</strong>pois <strong>de</strong><br />

certo período <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento, que orienta<br />

o animal a dar atenção especial a objetos <strong>de</strong><br />

certa espécie ou <strong>de</strong> certo modo, e a sentir,<br />

<strong>de</strong>pois <strong>de</strong> perceber esses objetos, um impulso<br />

para <strong>de</strong>terminada ativida<strong>de</strong>, em conexão com<br />

eles" (cf. D. KATZ, Mensch und Tier, 1948;<br />

trad. in., p. 1 71). Definições <strong>de</strong>sse tipo tornam<br />

inútil até mesmo o nome I., que, <strong>de</strong><br />

fato, alguns psicólogos ten<strong>de</strong>m a substituir por<br />

outros termos, menos comprometidos pelo uso<br />

secular (propensão, tendência). Às vezes, insiste-se<br />

no caráter totalitário da disposição instintiva,<br />

consi<strong>de</strong>rando-a como um "esquema unitário"<br />

que cresce e diminui como um todo (cf. R.<br />

B. CATTFXL, Personality, Nova York, 1950, p.<br />

195). A etologia comparada distingue no I.<br />

aquilo que Konrad Lorenz chamou <strong>de</strong> mecanismo<br />

<strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ante, conjunto <strong>de</strong> condições<br />

que servem <strong>de</strong> estímulo para a conduta instintiva,<br />

e o ato consumador, constituído por um<br />

esquema ou plano <strong>de</strong> movimentos, hierarquicamente<br />

organizado, que é o comportamento<br />

instintivo propriamente dito. Essa organização<br />

hierárquica do comportamento instintivo tornase<br />

menos flexível à medida que nos aproximamos<br />

da conduta em ato. Para Tinbergen, essa<br />

flexibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> das mudanças no mundo<br />

externo {TheStudy oflnstinct, 1951, p. 110).<br />

Para Lorenz, o <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>amento da conduta<br />

instintiva também po<strong>de</strong> ser provocado por um<br />

acúmulo <strong>de</strong> energia endógena (<strong>de</strong> natureza<br />

predominantemente físico-química) que, tanto<br />

no animal quanto no homem, constitui um /. <strong>de</strong><br />

agressão, este instinto, se entregue a si mesmo,<br />

leva os homens à <strong>de</strong>struição recíproca,<br />

mas po<strong>de</strong> ser disciplinado e canalizado para<br />

alvos que não ponham em risco a convivência<br />

humana. A <strong>de</strong>scarga da agressão sobre<br />

objetos constituídos seria o privilégio do homem,<br />

que po<strong>de</strong> mudar a direção <strong>de</strong> seu impulso<br />

instintivo {Das sogenannte Bõse, 1963,<br />

cap. XII).<br />

Essa doutrina continua atribuindo ao I. o papel<br />

principal na <strong>de</strong>terminação do comportamento<br />

humano e animal, mas, por outro lado,<br />

chegou-se a duvidar que, para explicar esse<br />

comportamento, fosse possível utilizar o conceito<br />

<strong>de</strong> I. (cf. o simpósio sobre esse assunto<br />

no British Journal of Educational Psychol.,<br />

nov. 1941). Também se propõe uma concepção<br />

"estatística" do I., segundo a qual ele é apenas<br />

"o fator <strong>de</strong> um grupo inato e conativo"<br />

(BURT, "The Case for Human Instincts" na Rev.,<br />

cit., 3 a parte; cf. J. FLUGEL, Studies in Feeling<br />

andDesire, Londres, 1955). Essa negação do I.<br />

diz respeito sobretudo ao homem. Katz dissera:<br />

"No homem, os I. <strong>de</strong>terminam apenas a<br />

força <strong>de</strong> um impulso à ação e seu esquema<br />

geral. Esse esquema é in<strong>de</strong>finido e varia segundo<br />

a ocasião e o indivíduo. P. ex., em todas as<br />

crianças o I. lúdico <strong>de</strong>senvolve-se e floresce<br />

em certo período e <strong>de</strong>pois morre. Mas o modo<br />

como as crianças realmente brincam varia muito.<br />

Além isso, é na infância que o homem está<br />

mais sujeito à influência dos instintos. Mais tar<strong>de</strong>,<br />

a conduta <strong>de</strong> vida é tão controlada pelas<br />

forças externas que é difícil distinguir sua base<br />

instintiva. Ao contrário dos animais, ele não<br />

passa a vida <strong>de</strong>ntro da segurança dos I., mas<br />

tem a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> formá-los" {Animais and<br />

Men, cit., p. 173). Em sociologia, às vezes se<br />

fala em I. como fator dominante da cultura ou<br />

dos seus aspectos fundamentais. Ao I. Pareto<br />

atribuía as ações "não lógicas" {Sociologia<br />

generale, 1923, § 157). Thorstein Veblen, em<br />

suas explicações sociológicas, freqüentemente<br />

recorria ao L: I. <strong>de</strong> eficiência, ao I. animista, etc.<br />

(cf. The Instinct of Workmanship and the State<br />

of Business Enterprise, 1904). Hoje em dia esse<br />

ponto <strong>de</strong> vista é freqüentemente contestado.<br />

"A cultura não é instintiva sob nenhum aspecto:<br />

ela é exclusivamente aprendida. A partir<br />

da publicação <strong>de</strong> /., <strong>de</strong> Bernard, em 1924, foi<br />

impossível aceitar qualquer teoria do I. como a<br />

explicação do esquema cultural universal ou<br />

como a solução <strong>de</strong> certos problemas culturais"<br />

(G. P. MURDOCK, em R. LINTON, The Science<br />

of Man in the World Crisis, Nova York, T<br />

ed., 1952, pp. 126-27).<br />

INSTITUIÇÃO (lat. Institutio- in. Institution;<br />

fr. Institution; ai. Anstalt; it. Istituzione). 1. Na<br />

lógica terminista medieval, é a adoção <strong>de</strong> um<br />

novo vocábulo durante a discussão, pelo tempo<br />

que ela dura (cf. OCKHAM, Summa log, III,<br />

3, 38). A finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ssa adoção é tornar a linguagem<br />

mais concisa, discutir uma coisa <strong>de</strong>sço-

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