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Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

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TRADUCIANISMO 968 TRÁGICO<br />

1817), que, em De VAllemagne (1813), vê a<br />

história humana como progressiva revelação<br />

religiosa; René <strong>de</strong> Chateaubriand (1769-1848),<br />

que, em Génie du cbristianisme (1802), vê o<br />

catolicismo como <strong>de</strong>positário da tradição das<br />

humanida<strong>de</strong>s; e em Louis <strong>de</strong> Bonald (1754-<br />

1840). Joseph <strong>de</strong> Maistre (1753-1821) e Robert<br />

Lamennais (1782-1854), que se transformaram<br />

em paladinos das duas principais instituições<br />

personificadoras da T., verberadas pelo Iluminismo<br />

e hostilizadas pela Revolução: a Igreja<br />

e o Estado. Por isso, esses escritores também<br />

foram chamados <strong>de</strong> teocrãticos ou ultramontanistas<br />

(v. TEOCRACIA).<br />

2. Em sentido mais geral e filosófico, po<strong>de</strong>se<br />

enten<strong>de</strong>r por T. o retorno ü tradição que<br />

marcou o Romantismo da primeira meta<strong>de</strong> do<br />

séc. XIX, entre cujos <strong>de</strong>fensores estariam seus<br />

principais protagonistas (Fichte, Schelling, Hegel,<br />

Maine <strong>de</strong> Biran [1766-1824], Antônio<br />

Rosmini Serbati [1797-18551, Vincenzo Gioberti<br />

[1801-521 e o próprio Giuseppe Mazzini [1805-<br />

72]) e outros escritores menores em vários países<br />

(p. ex., o inglês J. Martineau [1805-1900]). A<br />

idéia comum <strong>de</strong> todos esses pensadores é que<br />

tanto o pensamento individual quanto a tradição<br />

da humanida<strong>de</strong> baseiam-se numa revelação<br />

direta <strong>de</strong> Deus, que o homem tem o <strong>de</strong>ver <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>senvolver com a reflexão individual e com a<br />

ação coletiva. A idéia do ser, <strong>de</strong> Rosmini, é a<br />

melhor expressão conceituai <strong>de</strong>ssa noção <strong>de</strong><br />

revelação progressiva. Aplicado à história, este<br />

conceito é o mesmo queprori<strong>de</strong>ncialismoiv.).<br />

TRADUCIANISMO (in. Traducianism, ai.<br />

'1'radncianismus: it. Traducianismo). Doutrina<br />

segundo a qual a alma dos filhos provém da<br />

alma dos pais assim como um ramo (tradux)<br />

provém da árvore. Essa doutrina já se encontrava<br />

nos estóicos (TEMÍSTIO, Dean., II, 5; GALENO,<br />

Op., IV, 699), foi aceita por Tertuliano (Dean.,<br />

22) e por outros escritores da patrística e <strong>de</strong>fendida<br />

mais tar<strong>de</strong> pelos teólogos protestantes<br />

que viam nela a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> explicar a<br />

transmissão do pecado original. Era aceita por<br />

Leibniz (Théod., I, § 86).<br />

A mesma doutrina foi, às vezes, indicada<br />

com o nome <strong>de</strong> generacionismo. A doutrina<br />

oposta, <strong>de</strong> que toda as almas são criadas exnovo<br />

chama-se criacionismo (v.).<br />

TRÁGICO (in. Tragic, fr. Tragique, ai. Tragísch;<br />

it. Trágico). O conceito <strong>de</strong> T. foi, às<br />

vezes, discutido pelos filósofos nào só em relação<br />

à forma <strong>de</strong> arte que é a tragédia, mas também<br />

em relação à vida humana em geral, ou ao<br />

palco do mundo. O ponto <strong>de</strong> partida implícito<br />

ou explícito <strong>de</strong>ssas discussões quase sempre<br />

é a <strong>de</strong>finição aristotélica <strong>de</strong> tragédia,<br />

segundo a qual ela é "imitação <strong>de</strong> acontecimentos<br />

que provocam pieda<strong>de</strong> e terror e que<br />

ocasionam a purificação <strong>de</strong>ssas emoções"<br />

(Poet.. 6, 1449 b 23). As situações que provocam<br />

"pieda<strong>de</strong> e terror" são aquelas em que a<br />

vida ou a felicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pessoas inocentes é<br />

posta em perigo, em que os conflitos não são<br />

resolvidos ou são resolvidos <strong>de</strong> tal modo que<br />

<strong>de</strong>terminam "pieda<strong>de</strong> e terror" nos espectadores.<br />

W. Haeger escreveu: "na tragédia grega a<br />

felicida<strong>de</strong>, como toda posse, não po<strong>de</strong> ficar<br />

muito tempo com quem a <strong>de</strong>tém; a perpétua<br />

instabilida<strong>de</strong> é inerente à sua natureza. A convicção<br />

cie Sólon, <strong>de</strong> que há uma or<strong>de</strong>m divina<br />

no mundo, encontrou nessa noção (embora tão<br />

dolorosa para o homem) o apoio mais sólido.<br />

Esquilo também é inconcebível sem tal convicção,<br />

que po<strong>de</strong> ser chamada mais <strong>de</strong> noção que<br />

<strong>de</strong> crença" (Paidéia. II, cap. I; trad. it., p.<br />

449). As interpretações da natureza do T. no<br />

pensamento mo<strong>de</strong>rno são três. I a T. é o conflito<br />

continuamente resolvido e superado na or<strong>de</strong>m<br />

perfeita do todo; 2 a T. é o conflito não solucionado<br />

e insolúvel; 3 a T. é o conflito que<br />

po<strong>de</strong> ser solucionado, mas cuja solução não é<br />

<strong>de</strong>finitiva nem perfeitamente justa ou satisfatória.<br />

\- O primeiro conceito <strong>de</strong> T. é <strong>de</strong> Hegel,<br />

para quem o conflito em que consiste o T., embora<br />

constituindo a substância e a verda<strong>de</strong>ira<br />

realida<strong>de</strong>, nào se conserva como tal, mas encontra<br />

justificação só na medida em que é superado<br />

como contradição. "No entanto o objetivo<br />

e o caráter T. são legítimos" — diz Hegel —<br />

"porque é necessária a solução do conflito em<br />

que ele consiste. Por meio <strong>de</strong>ssa solução a<br />

eterna justiça se afirma sobre os fins e os indivíduos,<br />

<strong>de</strong> tal modo que a substância moral e a<br />

sua unida<strong>de</strong> se restabelecem com o ocaso das<br />

individualida<strong>de</strong>s que perturbam o seu repouso"<br />

(Vorlesungen über díe Àsthetik, ed. Glockner,<br />

III, p. 530). Portanto, a solução T. restabelece<br />

a harmonia, e o que ela <strong>de</strong>strói é apenas<br />

a "particularida<strong>de</strong> unilateral" que não pô<strong>de</strong><br />

concertar-se com a harmonia (Ibid., ed. Glockner,<br />

III, p. 530). Obviamente, <strong>de</strong>sse ponto <strong>de</strong><br />

vista, que caracteriza o otimismo ou provi<strong>de</strong>ncialismo<br />

<strong>de</strong> caráter romântico, a tragédia é<br />

simplesmente a aparência <strong>de</strong> uma comédia<br />

substancial: tudo acaba bem, e o que se per<strong>de</strong>

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