22.06.2013 Views

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

HISTORIOGRAFIA 509 HISTORIOGRAFIA<br />

rompidas na nossa vida, todas estas coisas, por<br />

mais díspares que sejam, constituem elementos<br />

da vida, como cenas <strong>de</strong> um <strong>de</strong>stino, na conexão<br />

das vivências que continuam incansável e<br />

ininterruptamente: em uma vida, cujo sentido,<br />

justamente como vida, supera todas as oposições<br />

que seus conteúdos possam apresentar,<br />

segundo outros critérios" (Hauptprobleme <strong>de</strong>r<br />

Philosophie, 1910, IV; trad. it., p. 201) . O mesmo<br />

Simmel, porém, admitia alguma coisa que é<br />

mais que vida (v.), é a forma da própria vida<br />

que <strong>de</strong>la emerge e para ela retorna (Lebensanschauung,<br />

1918, pp. 22-23) .<br />

4 a A corrente da <strong>filosofia</strong> alemã que, nos<br />

últimos <strong>de</strong>cênios do séc. XIX e nos primeiros do<br />

séc. XX, <strong>de</strong>bateu o problema crítico da história.<br />

O fato <strong>de</strong>, no séc. XIX, as disciplinas históricas<br />

terem sido alçadas ao nível <strong>de</strong> ciência criava<br />

um problema análogo ao que Kant se propusera<br />

a respeito das ciências naturais: o problema<br />

da possibilida<strong>de</strong> da ciência histórica, ou<br />

seja, da sua valida<strong>de</strong>. Esse problema foi <strong>de</strong>batido<br />

na Alemanha a partir dos textos <strong>de</strong> Dilthey,<br />

especialmente Einleitung in die Geisteswissenschaften<br />

(1883), em que ele procura estabelecer<br />

a diferença entre as disciplinas historiográficas<br />

e as ciências naturais, indicando como<br />

instrumento principal das disciplinas históricas<br />

a "psicologia analítica e <strong>de</strong>scritiva", cujo<br />

instrumento fundamental é a vivência (v.).<br />

Win<strong>de</strong>lband e Rickert contribuíram, por sua vez,<br />

para <strong>de</strong>limitar conceitualmente o domínio das<br />

disciplinas historiográficas, distinguindo entre as<br />

ciências nomotéticas ou generalizantes, que são<br />

as naturais, e as ciências idiográficas ou individualizantes,<br />

que são as históricas (v. CIÊNCIAS,<br />

CLASSIFICAÇÃO DAS). OS problemas da explicação<br />

(v.) e da compreensão (v.) da realida<strong>de</strong><br />

histórica eram também <strong>de</strong>batidos nessas escolas<br />

não só por Dilthey, Win<strong>de</strong>lband e Rickert, mas<br />

também por Simmel, Troeltsch e Meinecke; contudo,<br />

a sua contribuição mais substancial veio<br />

<strong>de</strong> Max Weber, que encarou sobretudo o problema<br />

da explicação histórica e da causalida<strong>de</strong><br />

da história. A herança <strong>de</strong>ssa escola, que iniciou<br />

a elaboração da metodologia histórica, foi recebida<br />

pelos mo<strong>de</strong>rnos metodizadores da história<br />

(sobre os quais, V, HISTORIOGRAFIA) (cf. R. ARON,<br />

La philosophie critique <strong>de</strong> Vhistoire, Essais sur<br />

une théorie alleman<strong>de</strong> <strong>de</strong> Vhistoire, 2 a ed., 1950;<br />

P. Rossi, Lo storicismo te<strong>de</strong>sco contemporâneo,<br />

1956).<br />

HISTORIOGRAFIA (lat. Historiographia, in.<br />

History, fr. Histoire-, ai. Geschichte, às vezes<br />

Historie, it. Storiografia). O termo historiographus<br />

aparece em Cornélio Agripa {De incertitu<strong>de</strong><br />

et vanitate scientiarum, 1527, Cap. V,<br />

em Opera, II, p. 2,27) e o termo historiographie<br />

é encontrado num idílio em prosa do poeta inglês<br />

Nicholas Breton (Wits Trenchmour, 1597).<br />

Foi adotado por T. Campanella para indicar "a<br />

arte <strong>de</strong> escrever corretamente a história" (Philosophiae<br />

Rationalis partes quínque, vi<strong>de</strong>licet<br />

Grammatica, Dialectica, Rethorica, Poética,<br />

Historiographia, iuxta própria principia, 1638,<br />

p. 243). Permaneceu com esse significado em<br />

inglês e em francês (o alemão usa Historik), ao<br />

passo que em italiano passou a significar, na<br />

esteira <strong>de</strong> Croce, o conhecimento histórico em<br />

geral ou o conjunto das ciências históricas.<br />

Dada a ambigüida<strong>de</strong> do termo história, é oportuno<br />

dispor <strong>de</strong> um termo a<strong>de</strong>quado para indicar<br />

o conhecimento histórico, na sua distinção<br />

da realida<strong>de</strong> histórica.<br />

As interpretações dadas sobre esse conhecimento<br />

são fundamentalmente duas, que po<strong>de</strong>m<br />

ser qualificadas como A) historiografia<br />

universal; B) historiografia pluralista. A interpretação<br />

do conhecimento histórico como história<br />

universal correspon<strong>de</strong> à interpretação da<br />

realida<strong>de</strong> histórica como mundo. A interpretação<br />

<strong>de</strong>la como história pluralista correspon<strong>de</strong> à<br />

interpretação da realida<strong>de</strong> histórica como objeto<br />

<strong>de</strong>finível ou verificável só através dos instrumentos<br />

<strong>de</strong> pesquisa <strong>de</strong> que se dispõe.<br />

A) A história universal, ou melhor, cósmica<br />

(ai. Weltgeschichte), é o conhecimento do plano<br />

provi<strong>de</strong>ncial do mundo histórico (cf. HEGEL,<br />

Phil. <strong>de</strong>r Geschichte, ed. Lasson, p. 52). Tem<br />

duas características fundamentais:<br />

I a É tarefa do filósofo, e não do historiador,<br />

e a obra do historiador po<strong>de</strong> servir-lhe apenas<br />

como auxílio não indispensável. Fichte, que a<br />

chama "história apriori", afirma: "Compreen<strong>de</strong>r<br />

com clara inteligência o universal, o absoluto, o<br />

eterno e o imutável que guia a espécie humana<br />

é tarefa do filósofo. Fixar <strong>de</strong> fato a esfera sempre<br />

cambiante e mutável dos fenômenos através<br />

dos quais marcha em passo firme a espécie<br />

humana, é tarefa do historiador, cujas <strong>de</strong>scobertas<br />

são só casualmente recordadas pelo filósofo"<br />

(Grundzüge <strong>de</strong>s gegenwãrtigen Zeitalters,<br />

1806, IX; trad. it., Cantoni, p. 67). Hegel, em<br />

polêmica com os gran<strong>de</strong>s historiadores do seu<br />

tempo, <strong>de</strong>gradados a "filólogos" (v. FILOLOGIA),<br />

afirmava: "Para conhecer o substancial, é preciso<br />

ter acesso a ele por meio da razão... A <strong>filosofia</strong>,<br />

na certeza <strong>de</strong> que o que impera é a razão, ficará

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!