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Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

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EMPIRISMO LÓGICO 329 EM SI<br />

Fundamentos lógicos da probabilida<strong>de</strong>, 1950;<br />

O contínuo dos métodos indutivos, 1952). Para<br />

a <strong>filosofia</strong> <strong>de</strong> Carnap, assim como para a <strong>de</strong><br />

Reichenbach, conflui a corrente matemática da<br />

lógica contemporânea, especialmente o formalismo<br />

<strong>de</strong> Hilbert, segundo o qual o trabalho da<br />

matemática consiste em fazer <strong>de</strong>duções, segundo<br />

regras <strong>de</strong>terminadas, a partir <strong>de</strong> outras proporções<br />

assumidas como fundamentais por<br />

convenção e chamadas <strong>de</strong> axiomas (v.). Carnap<br />

esten<strong>de</strong>u esse princípio a toda a lógica consi<strong>de</strong>rando-a<br />

um conjunto <strong>de</strong> convenções sobre o<br />

uso dos signos, bem como <strong>de</strong> tautologias que se<br />

fundam nessas convenções (Logische Aufbau<br />

<strong>de</strong>r Welt, § 107), e dando lugar assim ao convencionalismo<br />

(v.) típico da <strong>filosofia</strong> contemporânea.<br />

Sobre as contribuições que essa corrente<br />

filosófica tem dado a noções filosóficas e<br />

científicas fundamentais, como conceito, causa,<br />

número, probabilida<strong>de</strong>, assim como à metodologia<br />

das ciências e à lógica, ver os verbetes<br />

correspon<strong>de</strong>ntes, além do verbete ENCICLOPÉDIA.<br />

B) A tendência que atribui à <strong>filosofia</strong> a função<br />

<strong>de</strong> analisar a linguagem comum tem início<br />

com a segunda obra <strong>de</strong> Wittgenstein, Investigações<br />

filosóficas, que, antes <strong>de</strong> ser publicada<br />

0953), circulara pela Inglaterra e começara a<br />

inspirar o trabalho filosófico <strong>de</strong> um grupo <strong>de</strong><br />

pensadores. A tese <strong>de</strong>ssa obra é que toda linguagem<br />

é uma espécie <strong>de</strong> jogo que segue <strong>de</strong>terminadas<br />

regras, e que todos os jogos lingüísticos<br />

têm o mesmo valor. Por isso, segundo<br />

Wittgenstein, a única regra para a interpretação<br />

<strong>de</strong> um <strong>de</strong>sses jogos é o uso que <strong>de</strong>le se faz; e,<br />

como a <strong>filosofia</strong> não tem outra função senão a<br />

<strong>de</strong> analisar a linguagem, cabe-lhe esclarecer<br />

as expressões lingüísticas em seu uso corrente.<br />

Essa corrente recebeu gran<strong>de</strong> contribuição<br />

<strong>de</strong> Alfred Ayer, que já em 1936, no livro Linguagem,<br />

verda<strong>de</strong> e lógica, apresentava ao público<br />

inglês as teses fundamentais do Círculo <strong>de</strong> Viena,<br />

e <strong>de</strong> Gilbert Ryle, que, em Conceito do espírito<br />

(1949), analisou com esse critério a noção<br />

<strong>de</strong> espírito, mostrando que, para enten<strong>de</strong>r e<br />

esclarecer as expressões da linguagem comum<br />

em que essa noção aparece, não há necessida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> afirmar a realida<strong>de</strong> substancial da alma<br />

nem <strong>de</strong> admitir que a consciência constitui um<br />

acesso privilegiado a essa realida<strong>de</strong>. A importância<br />

<strong>de</strong>ssa tendência consiste no fato <strong>de</strong><br />

que, por meio <strong>de</strong> análises da linguagem comum,<br />

procura esclarecer as situações mais comuns e<br />

recorrentes em que o homem po<strong>de</strong> encontrar-se,<br />

ainda que só consi<strong>de</strong>rado como "ani-<br />

mal falante". Sob esse aspecto, o E. lógico é<br />

autenticamente uma forma <strong>de</strong> E. que i<strong>de</strong>ntifica<br />

o mundo da experiência com o mundo dos<br />

significados próprios da linguagem comum.<br />

Contudo nem sempre e para nem todos os<br />

seus seguidores, essa tendência apresenta esse<br />

caráter: às vezes se per<strong>de</strong> em discussões estéreis<br />

e enfadonhas sobre a interpretação <strong>de</strong> expressões<br />

lingüísticas retiradas do contexto, logo<br />

<strong>de</strong>sprovidas do significado e do alcance que<br />

têm em tal contexto e, por isso, das autênticas<br />

possibilida<strong>de</strong>s interpretativas que só o contexto<br />

fornece. A esse respeito, Bertrand Russell (que<br />

é consi<strong>de</strong>rado um dos fundadores da escola)<br />

con<strong>de</strong>nou claramente essa tendência verbalista,<br />

que torna a pesquisa filosófica inútil e enfadonha,<br />

e ressaltou a exigência <strong>de</strong> que a <strong>filosofia</strong> estu<strong>de</strong><br />

não só a linguagem, mas a realida<strong>de</strong>, e se<br />

fun<strong>de</strong> portanto no saber positivo dado pela ciência<br />

(cf. Hilbert Journal, julho <strong>de</strong> 1956).<br />

EM SI (gr. OCÍITO; lat. In se, in. In itself fr. En<br />

soi; ai. An sich; it. In sê). O que se consi<strong>de</strong>ra<br />

sem referência a outra coisa, ou seja: 1 Q in<strong>de</strong>pentemente<br />

das relações com outros objetos;<br />

2 9 in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente da relação com o<br />

sujeito consi<strong>de</strong>rante.<br />

l s ) Platão e Aristóteles utilizam essa expressão<br />

no primeiro sentido. Platão fala do "belo<br />

mesmo", da "semelhança mesma", etc. (expressões<br />

que, em geral, foram traduzidas nas<br />

línguas mo<strong>de</strong>rnas como "belo em si", "semelhança<br />

em si", etc), para indicar o belo, a semelhança,<br />

etc, sem as relações com as coisas<br />

que <strong>de</strong>les participam (Fed., 65d, 75c; Parm.,<br />

130b, 150e, etc). Aristóteles emprega essa expressão<br />

no mesmo sentido, para indicar uma<br />

qualida<strong>de</strong> ou uma substância, como p, ex. "animal",<br />

que se consi<strong>de</strong>re in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente das<br />

relações com sua espécie (cf., p. ex., Met. VII,<br />

14, 1039 b 9). Esse significado também explica<br />

a acepção dada por Hegel a essa expressão, ao<br />

usá-la para <strong>de</strong>signar o que é abstrato e imediato,<br />

<strong>de</strong>sprovido <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento, reflexão,<br />

relação. "Em si", portanto, é o conceito em<br />

sua imediação, da forma como é consi<strong>de</strong>rado<br />

pela primeira parte da lógica, a Doutrina do Ser<br />

{Ene, § 83), no sentido <strong>de</strong> não ser para si (v.),<br />

<strong>de</strong> não ser resolvido na consciência. Nesse sentido<br />

Hegel diz: "As coisas são chamadas <strong>de</strong> ser<br />

em si quando se abstrai do ser para outro, o<br />

que geralmente significa: quando são pensadas<br />

sem nenhuma <strong>de</strong>terminação, ou como nadas"<br />

(Wissenschaft<strong>de</strong>rLogik, I, I, seç. I, cap. II,<br />

B, a; trad. it., p. 124).

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