22.06.2013 Views

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

MILENARISMO 671 MISTICISMO<br />

possível enten<strong>de</strong>r por M. a obra da natureza<br />

que supera a inteligência dos homens ou que<br />

acredita superar" ( Traclatus theologico-politicm,<br />

cap. 6). Para Spinoza, Deus era mais bem conhecido<br />

graças à or<strong>de</strong>m e à necessida<strong>de</strong> da natureza<br />

do que por pretensos M. Mas Hume, que<br />

parte <strong>de</strong> uma concepção completamente diferente,<br />

também nega a possibilida<strong>de</strong> do M.: "O<br />

M. é uma violação das leis cia natureza, e, como<br />

essas leis foram estabelecidas por uma experiência<br />

fixa e inalterável, a prova contra o M.,<br />

extraída da própria natureza do fato, 6 tão completa<br />

quanto se po<strong>de</strong> imaginar que o seja um<br />

argumento extraído da experiência" (Inq. Cone.<br />

Umlerst., X, 1), Todas as limitações que o conceito<br />

<strong>de</strong> lei natural sofreu a partir <strong>de</strong> Hume não<br />

facilitaram a noção <strong>de</strong> M. do ponto <strong>de</strong> vista da<br />

ciência e da <strong>filosofia</strong>.<br />

Mas talvez se trate <strong>de</strong> uma noção que, do<br />

ponto <strong>de</strong> vista religioso, não oferece menor dificulda<strong>de</strong>.<br />

Kierkegaard diz: No fundo, usar<br />

toda a sagacida<strong>de</strong> (como faz Lessing ao publicar<br />

os Fragmentos <strong>de</strong> Wolfenbütteln) na comprovação<br />

do absurdo e da inivrossimilbcniça<br />

do M. para <strong>de</strong>pois concluir a partir do fato <strong>de</strong><br />

ser inverossímil: ergo, não é M. (mas seria<br />

mesmo M. se fosse verossímil?), é tão insensato<br />

quanto (e é esta a sabedoria da especulação)<br />

estorçar-se por compreen<strong>de</strong>r o M. ou por<br />

torná-lo compreensível, concluindo finalmente:<br />

ergo, é um M. Um M. compreensível não é<br />

mais um M. Não, o M continua sendo o que é:<br />

artigo cie fé" (Diário, X 1 , A, 373). Desse ponto<br />

<strong>de</strong> vista obviamente ruem as objeçòes contra o<br />

M., mas ele <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ser, a qualquer título,<br />

objeto da pesquisa científica e filosófica.<br />

MILENARISMO. V. QflUASMO.<br />

MIMANSA. Um dos gran<strong>de</strong>s sistemas filosóficos<br />

da índia antiga, cuja fundação é atribuída<br />

a Jaimini. É substancialmente uma interpretação<br />

da doutrina dos vüdantas(y.) e preten<strong>de</strong><br />

ser uma técnica <strong>de</strong> libertação. Opõe-se ao conceito<br />

cie Deus criador e admite a realida<strong>de</strong> da<br />

matéria e das almas (cf. G. Ttxxi, Storia <strong>de</strong>lia<br />

<strong>filosofia</strong> indiana, 1957, pp. 127 ss.).<br />

MIMESE. V. METFXIS.<br />

MINIMUM. Assim chamou Lucrécio o átomo<br />

(De rer. nat., I, 620). Nicolau <strong>de</strong> Gusa insistia<br />

sobre a coincidência do máximo e do mínimo<br />

em Deus (Dedocta ignor., I, 4) e Giordano<br />

Bruno usou a palavra no sentido <strong>de</strong> Gusa (De<br />

mínimo triplici et mensura, 1, 7) (v. ÁTOMO).<br />

MISOLOGIA (gr. u.iaoÀoyia; in. Misology,<br />

fr. Misologie. ai. Misologie, it. Misologia). Termo<br />

criado por Platão para indicar o ódio aos raciocínios.<br />

Segundo Platão, "a M. nasce da<br />

mesma forma que a misantropia". Assim como<br />

a misantropia nasce <strong>de</strong> se ter confiado em<br />

alguém sem discernimento, a M. nasce <strong>de</strong> se<br />

ter acreditado, sem possuir a arte do raciocínio,<br />

na verda<strong>de</strong> <strong>de</strong> raciocínios que <strong>de</strong>pois se mostraram<br />

falsos (Fed., 89 d-90 b). Segundo Kant,<br />

a M. nasce quando se confia à razão a tarefa <strong>de</strong><br />

obter "a fruição da vida e a felicida<strong>de</strong>", tarefa<br />

para a qual ela não está apta, uma vez que seu<br />

<strong>de</strong>stino, como faculda<strong>de</strong> prática, é conduzir à<br />

moralida<strong>de</strong> (Grundlegung <strong>de</strong>rMetaphysik <strong>de</strong>r<br />

Silte}/, I). Segundo Hegel, o saber imediato é<br />

uma forma <strong>de</strong> M. (Jinc, § 11).<br />

MISTÉRIO (gr. (ruaxtípiov; lat. Mysterium;<br />

in. Mysteiy; fr. Mystère, ai. Mysterium; it. Mistero).<br />

No sentido em que a palavra começou a<br />

ser usada pelos escritores herméticos da Antigüida<strong>de</strong><br />

(p. ex., Corpus bermeticum, I, 16),<br />

significa uma verda<strong>de</strong> revelada por Deus,<br />

que <strong>de</strong>ve permanecer secreta. No Cristianismo,<br />

essa palavra passou a indicar algo incompreensível<br />

ou cujo .significado é obscuro ou<br />

oculto. Nesse sentido, |acob Bóhme <strong>de</strong>signava<br />

Deus como Mysterium magnum (título <strong>de</strong> uma<br />

<strong>de</strong> suas obras <strong>de</strong> 1623). A palavra é usada pelos<br />

mo<strong>de</strong>rnos:<br />

Y- no sentido <strong>de</strong> verda<strong>de</strong> <strong>de</strong> fé in<strong>de</strong>monstrável,<br />

portanto em certo sentido incompreensível:<br />

p. ex., "os M. da Trinda<strong>de</strong> e da Kncarnaçào";<br />

2" no sentido <strong>de</strong> problema consi<strong>de</strong>rado<br />

insolúvel ou cuja solução se atribui ao domínio<br />

religioso ou místico: p. ex., "o M. do ser"; ainda<br />

hoje não faltam filósofos que, como Spencer<br />

(First Princ, § 14), acham que o M. é o domínio<br />

da religião;<br />

3" no sentido <strong>de</strong> qualquer problema cuja solução<br />

seja difícil ou não imediata; neste sentido,<br />

um problema policial também é um mistério.<br />

MISTICISMO (in. Mysticism; fr. Mysticisme-,<br />

ai. Mysticismus; it. Misticismo). Toda doutrina<br />

que admita a comunicação direta entre o homem<br />

e Deus. A palavra mística começou a ser<br />

usada nesse sentido nas obras <strong>de</strong> Dionísio, o<br />

Aeropagita, pertencentes à segunda meta<strong>de</strong> do<br />

séc. V e inspiradas no neoplatônico Proclo. Em<br />

tais obras é acentuado o caráter místico do<br />

neoplatonismo original, que é a doutrina <strong>de</strong><br />

Plotino. Para isso, insiste-se na impossibilida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> chegar até Deus ou <strong>de</strong> realizar qualquer comunicação<br />

com ele através dos procedimentos<br />

comuns do saber humano, cie cujo ponto cie

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!