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Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

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DEBITO 232 DEDUÇÃO<br />

logo, alguns animais são substância" (PEDRO<br />

HISPANO, Summ. log., 4.14).<br />

DÉBITO (in. Debt- fr. Dette, ai. Schuld; it.<br />

Debito). Segundo Kant, o D. originário é o pecado<br />

original ou mal radical: o homem, por ter<br />

começado com o mal, contraiu um D. que já<br />

não lhe cabe liqüidar e que é intransmissível<br />

por ser a mais pessoal <strong>de</strong> todas as obrigações<br />

(Religion, II, 2 C). Hei<strong>de</strong>gger tirou essa noção<br />

da esfera moral e estudou-a na esfera ontológica.<br />

Consi<strong>de</strong>rou o "estar em D." como uma<br />

das manifestações do "estar em falta" (Schuld<br />

significa tanto culpa quanto D.). Nesse sentido,<br />

estar em D. é uma das formas da coexistência<br />

"no quadro das ocupações, provi<strong>de</strong>nciando,<br />

produzindo, etc. Outros modos <strong>de</strong>ssa ocupação<br />

são subtrair, plagiar, <strong>de</strong>fraudar, tomar, roubar,<br />

isto é, não satisfazer o direito <strong>de</strong> posse <strong>de</strong><br />

alguém". Mas essas são apenas manifestações<br />

<strong>de</strong> uma culpabilida<strong>de</strong> essencial e originária da<br />

existência, que é a <strong>de</strong> não ser seu próprio fundamento,<br />

<strong>de</strong> não ter em si o ser, mas <strong>de</strong> incluir<br />

o nada como sua própria <strong>de</strong>terminação. São<br />

manifestações <strong>de</strong>ssa culpabilida<strong>de</strong> ontológica a<br />

culpa e o D. (Sein und Zeit, § 58).<br />

DECADÊNCIA (ai. das Verfallerí). Estado<br />

<strong>de</strong> queda da existência humana no nível da<br />

banalida<strong>de</strong> cotidiana, segundo Hei<strong>de</strong>gger. Isso,<br />

porém, não supõe um estado original superior<br />

nem é um estado negativo e provisório que<br />

possa ser um dia eliminado. O estado <strong>de</strong> D. é<br />

aquele em que a existência se alheia <strong>de</strong> si,<br />

escon<strong>de</strong> <strong>de</strong> si mesma sua possibilida<strong>de</strong> própria<br />

(que é a da morte) e entrega-se ao modo <strong>de</strong> ser<br />

impessoal que é caracterizado pela tagarelice,<br />

pela curiosida<strong>de</strong> e pelo equívoco (Sein und<br />

Zeit, § 38X<br />

DECISÃO (gr. mpoaípeaiç; in. Decision, fr. Décision,<br />

ai. Entscheidung ou Entschlossenheit; it.<br />

Decisioné). 1. Esse termo correspon<strong>de</strong> ao que<br />

Aristóteles e os escolásticos chamavam <strong>de</strong> escolha,<br />

ou seja, o momento conclusivo da <strong>de</strong>liberação<br />

no qual se a<strong>de</strong>re a uma das alternativas<br />

possíveis. Aristóteles <strong>de</strong>finiu a escolha<br />

como "uma apetição <strong>de</strong>liberada referente a coisas<br />

que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m <strong>de</strong> nós" (Et. nic, III, 5, 1113 a<br />

10); em sentido <strong>de</strong>terminista, Spinoza i<strong>de</strong>ntificou<br />

a D. com o <strong>de</strong>sejo ou "<strong>de</strong>terminação do<br />

corpo", que po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>duzida por meio das<br />

leis do movimento e do repouso {Et., III, 2,<br />

scol.). Mas, livre ou <strong>de</strong>terminada, a <strong>de</strong>cisão<br />

é constantemente entendida pelos filósofos<br />

como o ato <strong>de</strong> discriminação dos possíveis ou<br />

<strong>de</strong> a<strong>de</strong>são a uma das alternativas possíveis. É,<br />

portanto, um ato antecipatório e projetante, no<br />

qual o futuro é <strong>de</strong> certo modo <strong>de</strong>terminado.<br />

Esses caracteres são elucidados por Hei<strong>de</strong>gger,<br />

para quem a D. é "o projeto e a <strong>de</strong>terminação<br />

clara que, cada vez, abrem as possibilida<strong>de</strong>s<br />

efetivas". Mas, para Hei<strong>de</strong>gger, há uma só D.<br />

autêntica: a que orienta, não para as possibilida<strong>de</strong>s<br />

da existência cotidiana (que, em última<br />

análise, são ímpossibilida<strong>de</strong>s), mas para a possibilida<strong>de</strong><br />

própria e certa da existência, isto é,<br />

a possibilida<strong>de</strong> da morte. Essa D. autêntica não<br />

é senão "o tácito e angustiante autoprojetar-se<br />

sobre o mais próprio ser culpado"; ou ainda<br />

"aquilo <strong>de</strong> que o cuidado se acusa e, enquanto<br />

cuidado, a possível autenticida<strong>de</strong> <strong>de</strong> si mesmo"<br />

(Sein und Zeit, § 60). Isso significa que a D.<br />

autêntica coinci<strong>de</strong> com a compreensão da existência<br />

humana como possibilida<strong>de</strong> da morte,<br />

isto é, como impossibilida<strong>de</strong> (v. EXISTENCIALISMO;<br />

POSSIBILIDADE).<br />

2. Na lógica contemporânea, um problema<br />

<strong>de</strong> D. é o problema <strong>de</strong> encontrar um procedimento<br />

efetivo ou algoritmo (isto é, um procedimento<br />

<strong>de</strong> D) graças ao qual se possa <strong>de</strong>terminar,<br />

para uma fórmula qualquer <strong>de</strong><br />

dado sistema, se essa fórmula é um teorema<br />

ou não, ou seja, se po<strong>de</strong> ser provada ou não<br />

(cf. CHURCH, Introduction to Mathematical Logic,<br />

§ 15).<br />

DECLINAÇÃO(gr. KÀíaiç). No latim, clinamen,<br />

<strong>de</strong>svio dos átomos da queda retilínea, admitido<br />

por Epicuro para possibilitar o choque entre os<br />

átomos, a partir do qual os corpos são gerados.<br />

Com efeito, os átomos que, no vácuo, se movem<br />

todos com a mesma velocida<strong>de</strong> nunca se encontrariam<br />

sem o clinamen (EPICURO, Ep. a Herod.,<br />

61; CÍCERO, Defin., 1,6,18; LUCRÉCIO, De rer. nat,<br />

II, 252). Gassendi, que, no séc. XVI, retomou a<br />

física epicurista, negou o <strong>de</strong>svio dos átomos.<br />

DEDUÇÃO (gr.

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